A privatização da Refinaria Getúlio Vargas (Repar) está perto de sua conclusão e mais de 25 empresas já se demonstraram interessadas em sua aquisição desde o início do processo. Com cronograma de venda estimado até o final do primeiro trimestre de 2020, e assinatura do contrato no mesmo período de 2021, a unidade de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, vai mudar de mãos em breve.
O processo de venda foi assunto de encontro entre a diretoria da Petrobras e o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), nesta terça-feira (17), em Curitiba.
À reportagem, a diretora de Refino e Gás da Petrobras, Anelise Lara, não quis divulgar detalhes sobre as concorrentes, mas revelou que a Repar está sendo muito cobiçada no mercado. “É muito bem posicionada, tem recebido muita atenção dos potenciais compradores. O que a gente pode divulgar é que no início do processo se cadastraram entre 25 e 30 empresas, e essas empresa continaum ou não no processo dependendo do interesse. Algumas se candidataram para comprar mais de uma, então poderão acabar fora da compra de outras”, afirmou. A diretora não revela quantas ainda estão disputando a refinaria neste estágio do processo.
Segundo as regras estabelecidas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para as privatizações, uma mesma empresa não pode adquirir a Repar e a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que fica em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS). As duas atuam na região Sul do Brasil e uma possível aquisição conjunta formaria um monopólio na área.
Apesar de não detalhar o conjunto de interessados, informações do jornal O Estado de S. Paulo e da agência de notícias Reuters dão conta de que companhias como a Ultra (dos postos Ipiranga), Raízen (controladora da Shell), PetroChina e Sinopec (ambos chineses), Valero e CVR Energy (norte-americanos), Mubadala (Abu Dhabi) e Trafigura (Holanda) têm interesse na refinaria.
Repar é privatização de peso no governo Bolsonaro
Buscando reduzir sua dominância sobre o refino no país, do qual detém atualmente 98% do mercado, a venda da refinaria é considerada estratégica para a Petrobras. Porém, o desinvestimento deve ser significativo também na captação de recursos, já que deve gerar valores significativos à estatal. “É muito relevante. O potencial, somando o parque inteiro, é de um valor certamente entre as maiores privatizações da historia da Petrobras”, sentenciou Anelise.
A maior venda de estatal do governo Bolsonaro, até então, é da Transportadora Associada de Gás (TAG), adquirida por um consórcio que tem o grupo francês Engie e o fundo canadense CDPQ, no início de abril de 2019. A compra foi concluída em junho de 2019 e rendeu US$ 8,5 bilhões, ou R$ 33,5 bilhões.
A estimativa do governo é que a venda da Repar e de outras sete unidades colocadas à venda rendam cerca de US$ 20 bilhões de dólares à estatal. Os outros ativos são a Refap, a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, a Unidade de Industrialização de Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, no Paraná, a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, e a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará.
Preocupações com os municípios afetados
As duas principais preocupações em relação à venda da Repar são a queda de arrecadação do município de Araucária, já que os impostos pagos pela cadeia produtiva da empresa representam mais de 80% da arrecadação da cidade, e os cerca de 700 empregos gerados pela refinaria.
Segundo Anelise, a arrecadação municipal não deve sofrer com a venda, já que o processo deve ampliar as ofertas de investimento e ampliar as oportunidades de negócios, com potenciais novos produtos gerados pela refinaria. “Do ponto de vista da arrecadação [municipal e estadual], não vejo nenhum prejuízo. Pelo contrario, um novo dono pode crescer a produção, atrair novos investimentos, ampliar o leque de produtos, o que pode representar uma melhoria de condições”.
Quanto aos possíveis fechamentos de postos de trabalho, a diretora contou que soluções estão sendo costuradas para não deixar trabalhadores desamparados. Ela, no entanto, se mostrou otimista quanto à procura pelos atuais funcionários da Repar. “Quem conhece de refino no Brasil são os empregados da Petrobras. A gente pretende oferecer um cardápio de opções, mas os compradores têm sinalizado que gostariam de ficar com os profissionais que já atuam nas refinarias”.
As opções, de acordo com Anelise, são o programa de demissões voluntárias, que envolvem benefícios financeiros para quem quiser se desligar da estatal, a realocação, para os que tiverem interesse e disponibilidade de trocarem de local para trabalhar em outras unidades da empresa, a ‘migração’ para a empresa compradora, ou acordos individuais, para os que não tiverem interesse em nenhuma outra opção.
A primeira versão deste texto não deixava claro que empresas que demonstraram interesse no início do processo podem ou não ainda estar na corrida pela compra. A reportagem foi ajustada,
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