Roberto Requião, ex-governador e ex-senador pelo Paraná.| Foto: Marcelo Andrade/Especial para a Gazeta do Povo/Arquivo
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Durou pouco mais de dois anos a filiação partidária do ex-senador e ex-governador do Paraná Roberto Requião ao Partido dos Trabalhadores (PT). Na época, a assinatura da ficha junto ao novo partido foi tratada por ele como “uma renovação de votos de fidelidade ao povo brasileiro e ao país”. Agora, como Requião deixou claro em um vídeo postado na rede social X, nesta terça-feira (26), o sentimento junto ao partido de Lula (PT) é de “desesperança” pela falta de conexão entre o que foi prometido em campanha e o que vem sendo feito.

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A desfiliação foi confirmada pelo presidente estadual do PT, deputado estadual Arilson Chiorato, nesta quarta-feira (27). À Gazeta do Povo, ele lamentou a decisão tomada por Requião. “É um grande companheiro, uma pessoa com uma história ímpar e uma biografia política irretocável. Sempre caminhou e caminhará conosco porque ele pensa como a gente, independente de estar no PT ou não”.

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Para Requião, volta de "altas" tarifas do pedágio é exemplo de mudança de postura do PT

Fundador do MDB no estado, Requião trocou pela primeira vez de legenda para as eleições em 2022, quando perdeu a disputa pelo governo do Paraná para o reeleito Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). A mudança de partido se deu, segundo Requião, porque o MDB havia se tornado “um balcão de negócios sem nenhum princípio”.

“Eu entrei no PT por acreditar que o Lula, em seu continuado processo de evolução, iria fazer transformações no Brasil”, disse Requião. Ele teceu duras críticas ao fato de, na visão dele, Lula ter restabelecido o pedágio com altas tarifas no Paraná. Este posicionamento, segundo o ex-governador, é um exemplo da mudança de postura do PT entre o que foi prometido durante a campanha e as ações que vêm sendo tomadas durante o governo Lula.

“Durante a campanha, o Lula veio aqui dizer que jamais admitiria isso. No governo dele o pedágio seria de no máximo R$ 5 por praça. O pedágio está mais caro e acrescentaram mais 15 praças. Disseram que o pedágio no Paraná seria um exemplo para o Brasil. É um exemplo de espoliação do povo para enriquecer acionistas”, comentou.

Junto às avaliações contrárias, Requião enalteceu o que avaliou como pontos positivos do governo do PT, como a política externa – “as declarações dele têm o nosso apoio” – e a elucidação do assassinato de Marielle Franco – “a questão da Marielle só foi revelada porque Lula ganhou a eleição, senão aqueles direitistas estariam acobertando isso até hoje”, completou.

"O PT não representa mais as mudanças necessárias", diz Requião

Requião não atendeu ao pedido de entrevista feito pela Gazeta do Povo. Em uma nota enviada à reportagem, o ex-governador disse não haver mais possibilidade de permanecer no PT, uma vez que o partido estaria “silenciado frente ao pedágio abusivo no Paraná e à venda da Copel, apoiada pelo governo federal”.

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“O partido é um instrumento. Eu entrei porque me parecia que o apoio ao Lula era o mais viável, possível e necessário. E agora eu saio do partido porque o PT não representa mais aquelas mudanças que eu acreditava necessárias para a retomada do desenvolvimento econômico brasileiro com uma visão social. Isso acabou”, afirmou.

Requião Filho só não saiu do PT por estar "preso ao partido"

O deputado estadual Requião Filho (PT) vai seguir o movimento do pai e confirmou à Gazeta do Povo que só não saiu ainda do partido por “estar preso ao PT por conta da fidelidade partidária”. A insatisfação da família Requião vem desde o início do atual governo Lula.

“Posso perder meu mandato se eu me desfiliar agora. Por isso, estou esperando uma decisão do TSE, para que eu possa sair de forma segura”, explicou Requião Filho. O deputado reforçou a insatisfação com a legenda porque, segundo ele, o PT estaria mais preocupado em “formar alianças pragmáticas para eleger deputados federais” e “se manter no poder a qualquer custo” do que apresentar uma proposta de governo.

A movimentação realizada pela executiva nacional do partido junto aos diretórios municipais de algumas capitais, de desconsiderar decisões municipais quanto às candidaturas a prefeito, foi citada por Requião Filho como exemplo desse pragmatismo.

“O PT tem se mostrado como um partido que tem um dono, não há sequer uma democracia interna. A própria militância do partido sente isso na pele aqui em Curitiba com essa imposição de apoio a outros partidos. Não há um planejamento de nação, não há planos para as prefeituras nem para os governadores”, disparou.

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O deputado destacou que a legenda vem “pregando uma coisa e fazendo outra”, e disse que não vê problemas no “PT raiz e na militância”. “O nosso problema é com o tipo de governo que vem sendo feito e com as decisões da cúpula do PT, que estão muito distantes inclusive da carta de intenção partidária”, completou.

Questionado sobre o futuro político após a saída do PT, Requião Filho disse estar em contato com vários partidos, entre eles o PDT e o PV. “Mas o PV está na Federação, então é algo ainda a se avaliar, porque eu seguiria atrelado aos desmandos e devaneios do PT nacional, que são coisas que não me agradam”, concluiu.

Presidente do PT no Paraná rebate acusações

O presidente estadual do PT no Paraná, Arilson Chiorato, rebateu as falas de Requião Filho. Para ele, a definição pelo apoio a outras candidaturas nas eleições de 2024 não é um desmando do PT nacional, e sim uma forma de ter um representante do campo progressista no segundo turno com chances de vencer.

“Não é verdade que não haja um projeto para os municípios. Não são alianças pragmáticas. Para fecharmos um apoio com o Goura (PDT) ou com o [Luciano] Ducci (PSB), vamos exigir que coisas que o PT defende estejam nos projetos de governo deles. As candidaturas tanto do PDT quanto do PSB têm mais viabilidade eleitoral conosco. Então não é um desmando, é um processo nacional. É responsabilidade com o projeto do presidente Lula”, respondeu.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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