O desabastecimento de medicamentos e insumos para tratamento da Covid-19 é a nova ameaça no colapso dos hospitais do Paraná. Drogas usadas para anestesiar pacientes intubados na UTI devem acabar ainda nesta semana se não forem repostas.
No começo da tarde desta quarta-feira (17), o quadro era muito preocupante no almoxarifado do Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) em Curitiba. A situação mais crítica é do bloqueador neuromuscular, anestésico usado para manter pacientes na ventilação mecânica, cujo estoque no começo da tarde desta quarta-feira (17) se restringia a apenas duas caixas de 12 doses para todo o estado. Já o estoque de sedativos e analgésicos dura, no máximo, até terça-feira (23).
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“Estamos indo atrás dos nossos fornecedores, mas muitas negociações estão resultado em ‘deserto’ e com valor muito mais alto do que a média que operávamos antes. A indústria passa por desabastecimento porque o mundo inteiro está comprando esses remédios”, reforçou o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, em entrevista nesta quarta-feira (17) ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC.
Como comparativo, a secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, informou em entrevista à Gazeta do Povo nesta semana que a demanda por bloqueadores neuromusculaores é tamanha que só a Santa Casa de Misericórdia está usando no prazo de apenas dois a três dias o estoque inteiro que seria consumido normalmente em um mês.
Para tentar aliviar o quadro, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) pressiona o Ministério da Saúde agora não só por mais vacinas da Covid-19, mas também para que faça compras emergenciais de insumos com a dispensa de licitação. Além disso, o governador Carlos Ratinho Massa Jr (PSD) foi a Florianópolis nesta quarta-feira (17) para debater com os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), a criação de um consórcio da Região Sul para compra não só de vacina, mas também de insumos para o tratamento de pacientes com coronavírus.
“A situação é muito crítica. Estamos monitorando desde o início da pandemia a utilização de 25 medicamentos. Mas chegamos num ponto em que as dificuldades são até de medicamentos para intubação. Os leitos estão cheios, estamos fazendo um grande esforço para ampliar um pouco mais os leitos de UTI”, disse Beto Preto à Agência Estadual de Notícias.
Explosão nos custos
A secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, lembra que a alta demanda na indústria farmacêutica com o avanço acelerado da pandemia não gera apenas o desabastecimento, mas também a explosão nos preços dos medicamentos e insumos. Ela cita o caso de máscaras cirúrgicas, que custavam R$ 0,05 a unidade no começo da pandemia e hoje chegam por R$ 2 a unidade.
“Tudo subiu, os custos hospitalares e das drogas. Então, todos nossos contratos tiveram que ser aditivados, tivemos que fazer novas compras de medicação, tudo que você imaginar. É mais gente trabalhando, mais insumos de proteção individual, eu preciso proteger a nossa equipe com mais máscaras. O custo é crescente”, reforça a secretária municipal.
Ela cita o caso das bombas de infusão – equipamento que leva o medicamento do soro ao braço do paciente – que hoje é o mais difícil de ser encontrado no mercado. “Para se ter ideia, agora só se encontra bomba de infusão por R$ 10 mil e para entregar só daqui 15 a 30 dias”, ilustra.
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