O ramal ferroviário que liga Londrina a Ourinhos, no interior de São Paulo, foi desativado nesta terça-feira (16). O trecho era operado pela Rumo Malha Sul dentro do programa de concessões de ferrovias do Governo Federal. Com a desativação, o ramal que viabilizou a colonização do Norte do Paraná ficará ocioso por tempo indeterminado.
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O trecho era uma importante via de transporte de combustíveis, grãos e fertilizantes. Dados da Rumo mostram que em 2023 foram movimentadas mais de 100 mil toneladas de cargas pelos trilhos. A última operação comercial realizada no ramal foi em dezembro do ano passado, mês em que se encerraram os compromissos já demandados com a concessionária do trecho.
Empresa justifica fim das operações pela falta de procura pelos trens; sindicato contesta
Em nota enviada à Gazeta do Povo, a Rumo explica que decidiu pela desativação do ramal por falta de demanda de serviços de transporte no modal ferroviário. A reabertura do trecho não foi descartada pela empresa, mas depende de “discussões da renovação da Malha Sul, que foi qualificada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal”.
O entendimento do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana, entidade que representa os trabalhadores no ramal desativado, é outro. Para o presidente da entidade, José Claudinei Messias, a empresa estaria atuando de forma deliberada para inviabilizar o transporte ferroviário no trecho ao aumentar de forma abusiva os custos do frete ferroviário.
“No último ano, ela [a empresa Rumo Malha Sul] começou a praticar tarifas abusivas com os clientes, principalmente as companhias de petróleo, as fábricas de adubo e os transportes de grãos”, alegou Messias, em entrevista à RPC. “Você aumenta demais o custo, aumenta esse frete de uma forma absurda e faz com que se torne inviável para o cliente”, completou.
De acordo com o sindicato, o último reajuste aplicado no frete para o ramal Araucária-Ourinhos, cujo trecho final foi desativado pela Rumo, teria sido de 64,92%. Além disso, a entidade sindical também alega que a concessionária estaria abandonando e sucateando trechos considerados produtivos de forma proposital.
Procurada pela Gazeta do Povo, a Rumo Malha Sul confirmou que a empresa continuará com 33 trabalhadores na região. Estes colaboradores, divididos entre Jataizinho, Cornélio e Cambará, no Norte Pioneiro do Paraná, “continuarão desempenhando suas atividades para garantir a manutenção da via”, garante a Rumo.
Trabalhadores tiveram que escolher entre transferência para nova base ou demissão
No processo de desativação, alguns dos funcionários que trabalhavam no ramal receberam um aditivo ao contrato de trabalho no qual teriam que optar ou pela demissão ou pela transferência para outra unidade da Rumo, em Ponta Grossa, a mais de 300 quilômetros de distância. De acordo com a empresa, 27 trabalhadores receberam a “oferta de novos trabalhos na companhia em outras localidades” – a Rumo não confirmou à reportagem quantos optaram pela mudança e quantos escolheram a demissão.
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