O encerramento da produção da Ford no Brasil tem preocupado as concessionárias da marca que atuam no Paraná. Por aqui, são cerca de 40 lojas das 285 existentes no Brasil. Para elas, além do medo de não ter compradores no novo modelo de negócios que a montadora propõe, existe o transtorno com o cancelamento de contratos de compra que já estavam praticamente fechados.
Vice-presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores Ford (Abradif), que representa as concessionárias, Sergio José Zardo diz que os revendedores estão em um “momento de apreensão”. Ele, que também é diretor de uma das redes de concessionárias mais importantes no Paraná, a Ford Center, diz que seus associados têm reclamado da desistência de clientes diante da notícia. “Existe muita preocupação dos compradores [com o encerramento da produção em solo nacional]”, diz.
Mais grave, no entanto, é a previsão de futuro de muitas dessas concessionárias. É que a saída da Ford do Brasil tem como um dos motivos uma reestruturação de seus negócios. A montadora deixará de produzir veículos de entrada ou nas faixas de menor de preço – como o Ka e o Ecosport, que eram fabricados na Bahia – para apostar em modelos premium – como a pickup Ranger.
Essa mudança, na visão de Zardo, deve impactar concessionárias menores e localizadas em cidades pequenas. As vendas dos modelos Ka e Ecosport correspondiam a mais da metade das unidades comercializadas de veículos Ford no país (cerca de 55%). Sem esses modelos, a marca passa a ter um mercado mais restrito. “É uma mudança muito grande na forma de atuação da rede. Muitos mercados onde existem concessionárias não terão clientes para esses outros veículos, com preço mais elevado”, diz o executivo.
O vice-presidente da Abradif prevê que muitos dos empresários do segmento vão encerrar suas representações da Ford. “De 30 a 35% do total de distribuidores vão permanecer”, indica. Para ele, sobreviverão concessionárias que atuam em cidades maiores e com mais poder de compra. No Paraná, devem ser menos afetadas lojas em cidades como Curitiba, Londrina , Maringá, Ponta Grossa e Cascavel, ele prevê. Hoje, existem lojas em cidades como Apucarana, Rolândia, Umuarama, Guarapuava e Mal. Cândido Rondon [a reportagem entrou em contato com algumas delas, mas ainda não teve retorno] .
Para mitigar as perdas, a Abradif tem negociado com a montadora uma indenização às concessionárias. Duas propostas são estudadas: um pagamento com base nas vendas dos últimos 48 meses e um pagamento que leva em conta também o tempo de atuação da concessionária com a marca. Estima-se que a montadora pode gastar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões com despesas não recorrentes como esta.
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