O Paraná apresentou em março, abril e maio deste ano os piores saldos entre nascimentos e óbitos informados no Registro Civil Nacional desde o início da pandemia de Covid-19, declarada em março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados da ferramenta, em cada um destes três meses, a diferença ficou abaixo de 2 mil registros – para efeito de comparação, em abril do ano passado, primeiro mês após o início da pandemia, o saldo entre nascimentos e mortes no estado foi quase cinco vezes maior do que o registrado no mês passado (veja os dados no final do texto).
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Raquel Guimarães, professora do Departamento de Economia, do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e do Núcleo de Estudos em Economia Social e Demografia Econômica (Nesde) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destaca que a explicação óbvia para a redução do saldo no Registro Civil é a mortalidade pela Covid-19, mas um aspecto no Paraná chama a atenção: a natalidade se manteve estável, oscilando nas faixas de 11 mil a 13 mil registros por mês, semelhantes às do período pré-pandemia.
“A literatura científica no mundo mostra que, em momentos de incerteza como este, os casais ficam mais receosos de ter filhos, pela economia, pelo desemprego, pela própria questão da pandemia. No Paraná, isso não aconteceu”, explica.
Por essa razão, o estado não apresentou saldos entre nascimentos e óbitos ainda piores. O Rio Grande do Sul, com tamanho de população e situação socioeconômica parecidos com os do Paraná, teve desde abril de 2020 oito meses com menos de 11 mil registros de nascimentos, enquanto o pior patamar nos nascimentos paranaenses foi de 11.241 registros, em outubro. Nas estatísticas gaúchas, houve dois meses (março e abril deste ano) em que houve mais óbitos do que nascimentos, o que não ocorreu no Paraná em nenhum mês.
“A explicação (para os nascimentos terem permanecido estáveis no Paraná) pode ser que a pandemia aproximou mais os casais, com o home office, as pessoas ficando mais em casa. Esse é o lado positivo; o lado negativo é que, com os maridos desempregados, ficando em casa, muitas mulheres podem estar perdendo direitos reprodutivos e acabam engravidando, principalmente se estão em relacionamentos abusivos. Elas não têm mais o poder de barganha sobre sua sexualidade”, pondera Guimarães.
A professora da UFPR destaca que a demografia de uma região é influenciada pelas variáveis da migração e da diferença entre nascimentos e óbitos, e que a alta mortalidade pela Covid-19 desde o ano passado pode impactar no crescimento demográfico de longo prazo. A vacinação já tem interferido nos números: idosos e pessoas com comorbidades, grupos prioritários na imunização, estão perdendo espaço nos registros de internações e mortes para a população entre 40 e 50 anos de idade. “Tudo vai depender de como a pandemia e a vacinação vão evoluir nos próximos meses”, afirma Guimarães.
Confira os dados do Paraná, mês a mês, segundo o Registro Civil:
- Abril/2020 - Nascimentos: 13.549; óbitos: 5.992; diferença: 7.557
- Maio/2020 - Nascimentos: 13.153; óbitos: 5.804; diferença: 7.349
- Junho/2020 - Nascimentos: 12.730; óbitos: 6.718; diferença: 6.012
- Julho/2020 - Nascimentos: 12.511; óbitos: 7.453; diferença: 5.058
- Agosto/2020 - Nascimentos: 11.598; óbitos: 7.553; diferença: 4.045
- Setembro/2020 - Nascimentos: 12.288; óbitos: 7.222; diferença: 5.066
- Outubro/2020 - Nascimentos: 11.241; óbitos: 6.842; diferença: 4.399
- Novembro/2020 - Nascimentos: 11.272; óbitos: 6.730; diferença: 4.542
- Dezembro/2020 - Nascimentos: 11.634; óbitos: 7.844; diferença: 3.790
- Janeiro/2021 - Nascimentos: 12.758; óbitos: 7.697; diferença: 5.061
- Fevereiro/2021 - Nascimentos: 11.706; óbitos: 7.248; diferença: 4.458
- Março/2021 - Nascimentos: 13.646; óbitos: 12.418; diferença: 1.228
- Abril/2021 - Nascimentos: 12.382; óbitos: 10.533; diferença: 1.849
- Maio/2021 - Nascimentos: 12.133; óbitos: 10.589; diferença: 1.544
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