O lucro da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) aumentou 62,4% no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020. No acumulado de julho, agosto e setembro, a empresa registrou lucro líquido de R$ 267,3 milhões contra R$ 164,6 milhões dos mesmos meses do ano passado. Na prática, é como se a empresa registrasse lucro diário de R$ 3 milhões. Em contrapartida, a companhia informou que os investimentos também aumentaram significativamente no período, chegando a R$ 366 milhões, ou R$ 4 milhões por dia.
Receba as principais notícias do Paraná pelo celular
A recuperação no último trimestre é a segunda melhor da Sanepar desde o início da crise hídrica causada pela estiagem há dois anos. Só perde para o terceiro trimestre de 2019, quando o lucro aumentou 84,5%, chegando a R$ 243,6 milhões contra os R$ 132 milhões no mesmo período de 2018.
O bom resultado no terceiro semestre de 2021 vem após crescimento de 16,7% no segundo trimestre de 2021 e três trimestres seguidos de queda em comparação aos mesmos períodos do ano anterior.
No terceiro trimestre de 2020 a Sanepar registrou queda no lucro de 32,4%, totalizando R$ 164,6 milhões. No quarto trimestre de 2020 a redução foi de 24,6%, fechando o caixa em R$ 291,3 milhões. A última queda, de 3,7%, foi no primeiro trimestre de 2021, quando o lucro foi de R$ 246,5 milhões.
A Sanepar afirma que os investimentos também aumentaram no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, com elevação de 41,4%, de R$258,8 milhões para R$366 milhões. "Os investimentos foram em obras de ampliação e melhoria dos sistemas de abastecimento de água e esgoto. Somente em abastecimento, os investimentos foram 36,2% maiores na comparação desses períodos", explica a Sanepar em nota encaminhada à Gazeta.
O que pesou no bom resultado?
Entre os fatores que impactaram no bom resultado financeiro nos dois últimos trimestres a Sanepar aponta o reajuste tarifário em fevereiro e a revisão tarifária periódica em maio. "Esses dois fatores também geraram impacto positivo nas receitas, ressaltando que no ano de 2020 não houve aplicação de qualquer reajuste tarifário", disse a companhia.
A Sanepar chegou a anunciar reajuste de quase 10% na tarifa em agosto de 2020. Porém, o anúncio foi justamente durante a aceleração da pandemia de Covid-19 e da estiagem o que fez com que no mês seguinte a Agência Reguladora do Paraná (Agepar) voltasse atrás e suspendesse o aumento. Em 2021, a tarifa teve dois reajustes: de 5,11% em fevereiro e de 5,77% em maio.
Um último fator para o crescimento de 62,4% dos lucros da Sanepar no último trimestre foi que, em 2021, a Sanepar não teve impacto do Programa de Aposentadoria Incentivada. O programa foi executado justamente no terceiro trimestre de 2020, quando a companhia apresentou queda de 32,4% no lucro em relação ao mesmo período de 2019.
"Foram contabilizados custos de indenizações do Programa de Aposentadoria Incentivada com impacto significativo no lucro do terceiro trimestre e do ano de 2020. O resultado até setembro de 2021 não registra essa despesa. Portanto, o lucro de 62,4% tem como referência comparativa um resultado menor, o que afeta a comparabilidade da conta de pessoal entre o terceiro trimestre de 2020 e o de 2021", enfatiza a Sanepar.
O que dizem os especialistas sobre o resultado da Sanepar?
Analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman vê com bons olhos a lucratividade da companhia e não condena a alta nos ganhos mesmo em período de restrições. “O modelo de negócios dela mostrou resiliência mesmo em momentos onde os volumes, de fato, foram extremamente comprometidos por conta da questão hídrica que o país passa e pelo qual o estado do Paraná passa há mais tempo, de uma forma mais dilatada (...). A manutenção da saúde financeira da empresa mesmo em um momento difícil tem seus predicados. O serviço continuou sendo prestado, mesmo com todas as questões [contrárias]”, avalia.
Arbetman admite que a potencialidade de investimentos está subaproveitada na companhia, mas entende que a dificuldade tem raízes na situação regulatória. "Tivemos a revisão tarifária de 2017 fracionada, tivemos questões no reajuste anual de 2020, tivemos a revisão de 2021 fatiada em duas partes. O ponto é: até que a companhia tenha um ambiente regulatório mais conciso, em que tenha certeza de que todos os investimentos feitos no último ciclo tarifário vão ser recompostos na tarifa, vai ser difícil ela botar todo o potencial que tem em investimentos", pondera.
Para Heloise Sanchez, da equipe de Análise da Terra Investimentos, "o cenário para a empresa [seguir crescendo] ainda é desafiador devido à escassez de chuvas e baixo volume de reservas, embora o risco político atual seja menor, dado que a empresa realizou algumas mudanças em seu estatuto para melhorar a governança corporativa e proteger os aumentos tarifários autorizados".
"Seus processos fornecem mais transparência aos aumentos tarifários ainda pendentes da Sanepar, reduzindo o risco de interferência na empresa. A aprovação do novo marco legal do setor de saneamento básico também é positiva para a companhia, apesar de não avaliarmos possibilidade de privatização da companhia no momento”, define.
Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para consumar golpe de Estado, diz PF
PF acusa Braga Netto de pressionar comandantes sobre suposta tentativa de golpe
Governadores do Sul e Sudeste apostam contra PEC de Lula para segurança ao formalizar Cosud
Congresso segue com o poder nas emendas parlamentares; ouça o podcast
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná