O isolamento social iniciado na última semana de março por conta da epidemia do coronavírus reduziu o consumo de energia no Paraná, o que diminuiu a pressão sobre o sistema hidrelétrico. Março foi o mês mais seco em Curitiba desde 1998 e a estiagem afetou todo o estado, de maneira geral. A situação dos reservatórios hidrelétricos da Bacia do Rio Iguaçu, por exemplo, é a pior dos últimos 90 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS).
Como o restante dos reservatórios hidrelétricos do Sistema Interligado Nacional (SIN) estão em bom nível, a bandeira tarifária da energia elétrica permanece verde, sem custo adicional na tarifa. Entretanto, a situação é crítica em vários empreendimentos paranaenses: a Usina Governador Jayme Canet Jr., em Telêmaco Borba, que faz parte da Bacia do Tibagi, opera com duas turbinas menores, que geram apenas 3% da potência total, e o reservatório está a 13 cm de atingir o volume morto. O volume útil medido em 7 de abril de 2020 é de míseros 1,6%, contra 61,7% na mesma data do ano passado. Outros cinco reservatórios na Bacia do Rio Iguaçu estão em níveis bem abaixo do que em 2019. O alerta para a situação mais crítica em 90 anos consta do relatório da Reunião Semanal de Programação da Operação da ONS de 3 de abril.
A Copel, majoritária no consórcio Cruzeiro do Sul, que controla a usina Jayme Canet Jr., informou, via assessoria de imprensa, que a programação da operação das usinas é decidida pelo ONS e que não dá entrevistas sobre o assunto. A respeito do consumo de energia, a concessionária paranaense informou que houve uma queda de aproximadamente 10% entre os dias 22 de março até dia 4 de abril.
O consumo semanal médio de energia no Paraná entre os dias 1.º e 21 de março foi 633 mil MWh (megawatt-hora); na semana entre 22 e 28 de março, caiu para 567 mil MWh; e entre os dias 29 de março e 4 de abril, ficou em 572 mil MWh. O consumo efetivo de energia engloba todos os clientes da área de concessão da Copel Distribuição, que atende aproximadamente 4,7 milhões de ligações, entre residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e unidades do poder público.
Água
Por conta da estiagem, a Sanepar tem implantado rodízio de abastecimento em várias cidades do Paraná, e ainda não foi possível estimar se o isolamento social e a paralisação de atividades econômicas contribuiu para uma redução no consumo. A dificuldade foi causada justamente pelas precauções em relação à disseminação da Covid-19: nos últimos cinco dias de março, a companhia suspendeu a visita dos leituristas, e o consumo foi definido pela média dos meses anteriores. Após readaptação e treinamento no processo de trabalho, os funcionários da Sanepar voltaram a fazer a leitura nos estabelecimentos comerciais e residenciais.
No acumulado do mês, o consumo de água em março foi até maior do que no mesmo mês de 2019: aumento de 6,25% na produção. No mês passado, o Paraná teve temperaturas acima da média, o que contribuiu para esse desempenho.
Sem previsão de fortes chuvas e o retorno gradual das atividades, a situação de abastecimento de água tende a se agravar. No fechamento de março, o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (Saic), formado por quatro barragens, estava com 62,7% da capacidade, contra 90,8% no fim de março de 2019. Só há mais três barragens de captação no estado: em Campo Largo, da Petrobras; em Ponta Grossa, a dos Alagados, da Copel; e, em Foz do Iguaçu, de Itaipu. Não há dados consolidados desses locais. No restante do Paraná, a Sanepar se utiliza de poços e rios para realizar o abastecimento de água, e por isso a falta de chuvas causa problemas constantemente.
Na quinta-feira (09) a Copel havia informado que a usina Jaime Canet Jr. já tinha parado de gerar energia mas que o reservatório não estava seco por causa do volume morto. Nesta segunda-feira (13), a companhia informou que o empreendimento opera com duas turbinas menores, que representam 3% da potência total; que faltam 13 cm para se chegar ao volume morto e que os trabalhos são feitos de forma a manter esse nível.
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