A safra de verão 2021/2022 do Paraná já tem uma quebra, em média, de 40% em função da estiagem. As lavouras mais afetadas são a soja e o milho, as principais do estado, e o prejuízo estimado é de R$ 22,5 bilhões. As informações são do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura.
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O agravamento do quadro de estiagem levou o Deral a fazer, excepcionalmente, um levantamento prévio nos primeiros dias de 2022. O departamento sempre divulga o relatório oficial no fim de cada mês. “O último relatório oficial, divulgado em 23 de dezembro, indicava quebra de 12% na safra de soja. No atual, que não é oficial, esse percentual já subiu para 37,8%. No milho, em dezembro, a perda era de 13% e agora já chegou a 42%”, informa o chefe do Deral, Salatiel Turra.
“No próximo relatório oficial, que divulgaremos final de janeiro, as perdas poderão ser ainda maiores”, acredita. A safra paranaense de soja era estimada inicialmente em 21 milhões de toneladas. No relatório de dezembro havia caído para 18,4 milhões e no levantamento desta semana a produção prevista é de apenas 13 milhões. São 8 milhões de toneladas a menos que serão colhidas, o que resulta num prejuízo financeiro de cerca de R$ 20 bilhões.
No milho, o prejuízo calculado é de R$ 2,5 bilhões e há comprometimento também das lavouras de feijão, batata, leite, fumo e na produção de silagem para alimentação animal.
“A consequência disso será o aumento do custo dos alimentos, especialmente das carnes e leite porque soja e milho são os principais componentes da ração animal”, observa Turra. Segundo ele, é uma das piores secas dos últimos anos no Paraná.
O chefe do Deral altera que as quebras registradas até aqui são irreversíveis e só tendem a aumentar. A situação levou o governador Carlos Massa Ratinho Júnior a editar o decreto 10002, no dia 30 de dezembro. O decreto declara situação de emergência hídrica em todo o Paraná.
“O decreto atesta a gravidade da situação e pode servir de instrumento para os agricultores negociarem dívidas junto a bancos, bem como contratos futuros de entrega da produção que dificilmente poderão ser cumpridos”, explica Turra.
Preço dispara, mas não compensa perdas
A confirmação de uma quebra significativa na safra paranaense já impactou o mercado. O preço dos grãos, que vinham valorizados, subiram ainda mais nesses primeiros dias do ano. A saca de 60 quilos de soja passou de R$ 155 na última semana de dezembro para R$ 175 nesta semana. O milho subiu de R$ 90 para R$ 95 a saca de 60 quilos.
“A valorização não compensa a perda e não vai evitar o prejuízo do produtor”, observa Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, “o preço teria que subir muito, cerca de 50%, para compensar e isso não vai acontecer”, acredita. Molinari observa que no Oeste do Paraná, região mais afetada pela estiagem, os sojicultores acostumados a colher 70 sacas por hectare estão colhendo entre 10 e 15 sacas.
O analista lembra ainda que os custos de produção subiram muito. “Todos os insumos subiram. Então, o preço está melhor, mas o agricultor gastou muito mais para produzir”, pontua.
Oeste é região mais afetada
O Oeste do Paraná é a região mais afetada pela seca. Na região, as perdas, em média, chegam a 65% na soja e 54% no milho. Uma das principais cooperativas da região, a Coopavel estima o prejuízo em R$ 2,6 bilhões, resultado da quebra da safra em 55% nos 23 municípios da área de abrangência da cooperativa. “São bilhões de reais que deixarão de circular e de irrigar a nossa economia”, diz o presidente da cooperativa Dilvo Grolli.
Os índices de chuva abaixo da média histórica nos meses de novembro e dezembro foram os principais responsáveis pelos registros de perdas que já se confirmam. A expectativa era colher em média 65 sacas por hectare de soja e 180 sacas por hectare de milho. No entanto, as primeiras lavouras colhidas estão rendendo apenas de 20 a 30 sacas por hectare de soja e 85 sacas por hectare de milho.
Norte também tem quebra expressiva
No Norte do Paraná, a estiagem também castiga as lavouras. Na área de abrangência da Cooperativa Cocamar, de Maringá, as lavouras ficaram 45 dias sem chuva. As primeiras lavouras colhidas registram produtividade de 20 sacas por hectare, três vezes menor que o potencial para condições climáticas favoráveis, segundo o gerente executivo Renato Watanabe.
O cooperado da Cocamar, Luiz Alberto Palaro, do município de Floresta, está começando a colher as primeiras áreas e o rendimento é de 14,5 sacas por hectare. “Normalmente colhemos aqui 65 sacas por hectare”, diz.
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