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São Jose dos Pinhais, 11 de Setembro de 2019. Escola Segura. Foto: entrevista Secretario De Educação do Estado do Parana Renato Feder.
O secretário da Educação do Paraná Renato Feder diz que não havia outra opção a não ser o EAD no estado.| Foto: Soldado Fernando Chauchuti/PMPR

O secretário estadual de Educação, Renato Feder confirmou a implementação do ensino à distância, pela televisão, internet e celular, para tentar evitar que o calendário escolar da rede de ensino estadual seja comprometido pelas medidas de prevenção ao coronavírus. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, em coletiva de imprensa. Assim, a tecnologia é a saída para manter o ensino de mais de um milhão de alunos. “A alternativa a isso seria ficar de braços cruzados. E, depois, repor aulas no sábado, domingo, entrar em dezembro, invadir 2021. Estamos fazendo alguma coisa, Foi feito muito rápido, deu muito trabalho, e está em fase de implementação, claro que teremos alguns problemas”, admitiu, citando que a decisão foi tomada pela secretaria e aprovada pelo Conselho Estadual de Educação devido à incerteza de quando seria possível reabrir as instituições de ensino.

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O diretor-geral da secretaria, Gláucio Dias, registrou que, no primeiro dia do funcionamento do EAD na rede pública estadual, um milhão de pessoas viram as videoaulas pelo Youtube, e 200 mil baixaram, em seus celulares, o aplicativo Aula Paraná. “No aplicativo, estamos recriando o ambiente de sala de aula, em que as mesmas turmas serão formadas, com alunos e professores. Assim, além de assistirem às aulas, os alunos terão acesso a atividades complementares, troca de informações com os professores, exercícios e, até provas, de acordo com o planejamento de cada professor, que seguirá tendo autonomia sobre suas turmas”, disse. Além da internet e do celular, as aulas também estão sendo transmitidas pela TV aberta, através dos sinais de multicanal da RICTV.

Pela deliberação do Conselho Estadual de Educação, as aulas virtuais só poderão substituir dias letivos se respeitadas as grades horárias, o padrão de qualidade e, principalmente, forem acessível a todos os alunos. Renato Feder reconheceu que não há como garantir o acesso ao ensino à distância a todos e disse que a secretaria planejará a reposição de aulas aos que não conseguirem acompanhar à distância. “A aferição da presença e a avalição serão feitas pelas atividades que eles desempenharem no aplicativo ou na internet. Quem não tiver acesso a celular ou internet, poderá assistir as aulas na TV e buscar as atividades quinzenalmente nas escolas. Se também não tiver acesso à TV, o que é muito difícil, mas pode acontecer, esse aluno terá direito à reposição das aulas”, afirmou.

Dias admitiu que, antes mesmo de as aulas serem disponibilizadas no novo aplicativo, pessoas já estavam postando conteúdos impróprios e, até, ofensivos na plataforma. “As primeiras salas que foram abertas tiveram maldades bem grandes, mas isso já foi corrigido, atualizado e não é mais permitido”, garantiu.

Feder afirmou que as primeiras aulas foram gravadas por professores da região de Curitiba, mas que a plataforma EAD está aberta a todos os professores da rede interessados, que serão avaliados e capacitados para ministrarem as aulas virtuais.

Com a criação de salas de aulas virtuais para o esclarecimento de dúvidas e a realização de exercícios e avaliações, o secretário disse acreditar que a maioria dos professores da rede seguirá trabalhando. Mas admitiu que a secretaria pretende colocar em licença compulsória parte de seus quadros, como criticou a APP Sindicato. “Não temos um número, estamos estudando, juntamente com a PGE [Procuradoria Geral do Estado] e a Secretaria de Planejamento. Mas devemos dar licença para os diretores, auxiliares e os professores PSS”, disse.

APP critica e vai ao Ministério Público

Único voto contrário ao EAD no Conselho de Educação, a APP Sindicato, que representa os professores do estado, criticou a medida, “tomada às pressas e sem debate com professores e com a comunidade de pais e estudantes”, segundo seu presidente, Hermes Leão. A entidade acionou o Ministério Público do Trabalho, para interceder pela situação trabalhista dos profissionais e o Ministério Público do Estado, pelo risco de quebra do princípio de universalização da educação.

“As diferenças vão ser potencializadas, com alguns alunos tendo acesso a todos os recursos e outros a quase nenhum. O princípio de educação universal foi jogado por água abaixo com essa decisão, que fere, também, o princípio da autonomia das escolas, ao massificar o conteúdo, sem respeitar a particularidade de cada escola, de cada turma, que dá conta dos conteúdos do ano letivo com ritmos e formas diferentes”, diz Leão. “Quando você propõe uma coisa tão aligeirada, com ausência total de planejamento, não tem como dar certo. Não vai garantir o mínimo de qualidade para todos”, acrescenta, alertando, ainda, para o risco de exposição dos alunos que tiverem que ir à escola buscar as atividades impressas.

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