O serviço de conservação das estradas do Anel de Integração do Paraná, que está sendo feito em caráter emergencial até a assinatura dos novos contratos do pedágio, pode não ser suficiente para garantir a qualidade adequada. A preocupação é que uma pequena fissura na estrada se transforme num buraco e numa cratera em pouco tempo, levando a danos aos veículos e provocando acidentes.
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“Num trecho com tráfego intenso, se aparece uma trinca e se vem chuva em cima ocorre a infiltração, a trinca começa a abrir, a camada asfáltica vai se soltando e isso evolui muito rápido, em questão de dias”, alerta o engenheiro civil, mestre em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Positivo Hugo Alexandre Martins Pereira. Segundo ele, sem a concessão as intervenções são menores e as rodovias ficam desprotegidas.
“As repostas têm que ser muito rápidas para evitar problema maior”, observa. Além disso, o professor destaca que serviços de reparo devem ser planejados para horários de menor movimento e isso tem que ser devidamente comunicado à população para evitar transtornos.
“Já temos trechos com muitos buracos, além da sinalização deteriorada e atendimento ao usuário com muita dificuldade”, diz Sergio Malucelli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar). Ele aponta como situações mais críticas a rodovia que liga Maringá a Cascavel e a descida da Serra do Mar para o porto de Paranaguá. “O contrato é de emergência para que as vias não fiquem muito deterioradas, mas os serviços prestados atualmente não são iguais a antes e já temos problemas”, diz.
Maior custo de reparos pode impactar em pedágio mais caro
O Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge/PR) faz um outro alerta. “Este será um ano atípico. A falta de um serviço adequado de manutenção vai gerar um ônus para quem assumir”, observa Luiz Calhau, diretor do Senge. Segundo ele, as novas concessionárias devem pegar as estradas em condições ruins e já vão começar a operar tendo que fazer investimentos, o que pode gerar uma tarifa maior de pedágio já que as concessionárias frequentemente repassam os custos para o usuário.
Para o professor de Pavimentação do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná Mario Henrique Furtado, uma das preocupações é que o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER), responsável pelas rodovias estaduais, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelas federais, podem não ter a mesma estrutura e agilidade que as concessionárias têm nos serviços de reparos, o que pode ocasionar um problema maior.
"Se aparece um buraco, tem que ser fechado em 24 horas. Isso acontecia com as concessionárias até porque se não fizessem o reparo rapidamente recebiam multa", diz.
DER e Dnit afirmam que condições de trafegabilidade serão mantidas
Com o fim dos contratos de concessão, em 27 de novembro último, serviços de manutenção foram licitados. As rodovias estaduais estão a cargo do DER e as federais sob a responsabilidade do Dnit. Essa situação deve permanecer até que as novas concessionárias assumam. O leilão para as novas concessões está previsto para o segundo semestre de 2022.
O DER informa que os serviços incluem remendos superficiais e profundos, reperfilagem e microrrevestimento. “O tapa-buracos é um serviço emergencial de segurança para garantir as condições de trafegabilidade enquanto são providenciados os serviços de manutenção necessários”, informa o departamento.
“Os contratos preveem a realização de serviços de modo rotineiro e contínuo, visando garantir a trafegabilidade e segurança dos usuários, bem como prevenindo o surgimento de patologias no pavimento”, esclarece.
Nas rodovias federais, o Dnit informa que a conservação é corretiva e preventiva, com fresagem, recomposição do concreto asfáltico e execução de microrrevestimento. O Dnit monitora e fiscaliza permanentemente as rodovias com o apoio de empresa supervisora, que auxilia na definição de ações voltadas à manutenção preventiva e corretiva. Ainda segundo o órgão, o serviço de tapa-buracos é mais demandado após períodos chuvosos, mas é uma ação rotineira, sendo realizada durante toda a execução do contrato.
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