Criminosos que agem na região da fronteira com o Paraguai, próximo à ponte da Amizade, já estão na mira de 11 sensores acústicos funcionando 24 horas por dia e que são capazes de identificar diversos tipos de sons como disparos de armas de fogo, vidros quebrados, batidas de carros, dentre outros ruídos que indicam situações de risco, como arrombamentos, inclusive de caixas eletrônicos. A nova tecnologia de inteligência artificial, instalada em julho, integra o projeto Fronteira Tech, uma parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT) e a Receita Federal. A proposta é utilizar equipamentos, softwares e big data para monitorar e identificar irregularidades, reforçando o controle aduaneiro na Ponte, que está temporariamente fechada em razão da pandemia.
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Após a fase de implantação, o Áudio Alerta passará por uma etapa de "calibragem" contra alarmes falsos que possam surgir na região, além de garantir a integração da solução completa ao sistema de gestão de videomonitoramento já existentes no projeto.
Esse novo recurso foi desenvolvido pela empresa Avantia em território nacional e tem a capacidade de monitorar ruídos a uma distância de até 150 metros de onde estão instalados os sensores, “escutando” barulhos que chegam de todas as direções nesse perímetro. “No âmbito de segurança temos uma vasta cobertura de eventos que conseguimos detectar simplesmente com o som”, afirma Ivo Frazão, diretor de produtos da Avantia no projeto Áudio Alerta.
De acordo com o executivo, o sistema já foi implantado em outros locais, como em Pernambuco, que atualmente conta com 10 unidades em operação na região metropolitana do Recife. A empresa trabalha agora para levar o produto para outras partes do Brasil. “Nos locais onde ele foi aplicado, a resposta das autoridades é de que realmente o produto traz uma informação diferenciada. Principalmente quando falamos no disparo de armas de fogo. Quando acaba chegando para a polícia que aconteceu um tiro, não se sabe qual é a força de resposta para se enviar ao local. Conseguimos entregar isso”, diz Frazão.
O “balanceamento” do sistema funciona com algoritmos de inteligência artificial para identificar cada um dos sons, desde armas de baixo calibre até submetralhadoras e fuzis, que foram gravados a partir de situações reais. “Tivemos o apoio da Polícia Civil de Pernambuco nos estandes de tiros. Conseguimos determinar diversos calibres baseados nesse sistema de inteligência artificial que a gente usa”, comenta.
Projeto integrado
Na entrada e saída da aduana e ao longo da Ponte da Amizade, o projeto FronteiraTech implementou ainda 35 luminárias inteligentes, com duas câmeras em cada uma delas, totalizando 70 equipamentos com capacidade de fazer reconhecimento facial e identificar placas de automóveis. Outras quatro câmeras fixas com as mesmas tecnologias estão instaladas em pontos estratégicos. Além disso, são 15 luminárias de LED com telegestão e GPS e agora os 11 sensores de tiro que serão integrados ao sistema.
Tiago Faierstein, líder do projeto de Cidades Inteligentes da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), explica que o órgão tem intermediado ações desse tipo com o objetivo de fortalecer a relação do mercado com o setor público, auxiliando a indústria no oferecimento de soluções que se aplicam à realidade de cada local. A Ponte da Amizade é um ambiente de demonstração de tecnologias para a segurança pública. O investimento total foi de R$ 5 milhões, sendo que a manutenção deve acontecer pelos próximos dois anos, sem custo ao poder público durante esse período.
A fronteira de Foz do Iguaçu com o Paraguai, segundo ele, foi escolhida justamente por ser uma das maiores do país e em razão da grande movimentação regular de pessoas, veículos e mercadorias. Em dias normais, circulam diariamente pela região aproximadamente 100 mil pessoas e 40 mil veículos.
Com a mensuração posterior de resultados, os produtos são oferecidos a gestores públicos de todo o país. “Com isso, aumentamos o poder de replicação e ajudamos a indústria local”, diz. De acordo com Faierstein, qualquer empresa que tenha soluções pode participar do projeto, após passar por um laboratório teste que acontece dentro do Parque Tecnológico de Itaipu, que também é parceiro na iniciativa. “É um ambiente aberto para que outras empresas possam disponibilizar suas tecnologias para teste e demonstração”.
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