O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) da Polícia Civil do Paraná tem sido destaque pelos índices próximos a 100% na resolução dos casos, nos últimos cinco anos. O órgão é o primeiro e único no Brasil, com sede em Curitiba (PR), com uma estrutura dedicada exclusivamente para investigar o desaparecimento de crianças e adolescentes.
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O Sicride iniciou os trabalhos em 1995 - ano marcou por diversos casos de crianças desaparecidas - mas, começou a contabilizar os números de desaparecimentos em 1996. Desde lá, sempre manteve um alto índice de resolução dos casos, acima de 98%. Mas nos últimos cinco anos completos, o serviço notificou 971 crianças desaparecidas, 515 meninos e 456 meninas, e afirma ter conseguido solucionar 100% das ocorrências. As equipes do serviço também atuam com desaparecimentos mais antigos, caso haja informações novas.
Subordinado à Delegacia Geral da Polícia Civil, o Sicride atua em ocorrências de crianças de 0 a 12 anos incompletos. O órgão centraliza o registro das ocorrências, apurando os fatos e encontrando conclusões. Dependendo da situação, outras forças de segurança também são acionadas, como o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) da Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
Diferenciais do Sicride
A delegada-chefe do serviço, Patrícia Paz, explica que a atuação exclusiva no atendimento de casos de crianças desaparecidas é o grande diferencial do Sicride. Em outros Estados, essas demandas são distribuídas por várias delegacias. “Aqui há uma equipe que fica exclusivamente voltada para os desaparecidos e fazendo ações preventivas para evitar que esses desaparecimentos ocorram”, acrescenta.
Ela esclarece que há um boato de que é preciso esperar 24 horas para fazer o boletim de ocorrência, mas isso não é verdade. “Não é necessário aguardar 24h para acionar a polícia. O registro pode fazer tão logo perceba o desaparecimento”, explica. Dessa forma, evita-se que o caso demore para ter uma conclusão ou também que resulte em homicídio.
Política Nacional de Combate ao Desaparecimento
Embora o Sicride tenha sede na capital paranaense, a atuação do serviço é em todo o Estado. Atualmente, encontra-se em andamento com o Ministério da Justiça o desenvolvimento de uma Política Nacional de Combate ao Desaparecimento. O objetivo é unificar protocolos.
Também há uma discussão para a criação de um cadastro nacional para pessoas desaparecidas. O Sicride tem representado o Paraná em reuniões técnicas e debates para que a comunicação entre os Estados melhore.
“Então, existe essas tratativas nesse sentido, pois quanto mais possamos unificar protocolos de atendimento é melhor. Uma criança que desaparece no Rio de Janeiro e, em poucas horas, pode ser vista em outro Estado. Por enquanto, os Estados são independentes e quando é necessário há uma conversa e colaboração entre as delegacias”, ressalta Patrícia Paz.
Internet tem contribuído para mais casos de desaparecimento de crianças
A delegada-chefe destaca que no ano passado a equipe do Sicride começou a observar os primeiros casos de desaparecimento de crianças iniciados por conversas na internet. Ela conta que nessas situações foram precisos mais dias de investigação.
“As crianças acabam fugindo e os criminosos criam uma situação de confiança e depois praticam os mais diversos crimes. Aconteceram casos concretos e, por bem, todos foram resolvidos sem maiores repercussões, com as crianças localizadas. Mas é uma atenção redobrada que a Polícia Civil está tendo”, detalha.
Por conta disso, o serviço trabalha com prevenção e informações para que os pais fiquem em alerta. “Crianças menores, os pais devem ter vigilância. Sempre trabalhamos isso na Operação Verão, em praias, e também em eventos, shows. Famílias que moram próximos de rios também precisam de atenção com as crianças”, afirma. “Ter vigilância com as redes sociais dos adolescentes e com quem se relacionam. Os pais precisam ter uma boa relação de confiança”, recomenda a delegada.
Ela orienta aos pais que tão logo reconheçam o desaparecimento da criança ou do adolescente já podem registrar o boletim de ocorrência pelo telefone (41) 3270-3350 ou pela internet.
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