| Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
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O secretário de Estado de Segurança Pública, Cel. Hudson Teixeira, determinou que o resultado da sindicância que apura um suposto caso de concessão de privilégios no sistema penal do Paraná seja encaminhado à direção geral da Polícia Civil. O relatório, de acordo com o secretário, também deve ser remetido à direção geral do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) e ao Ministério Público do Paraná (MPPR) “para apreciação e providências”.

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A sindicância apurou denúncias presentes em dois relatórios internos do Deppen. Os documentos, produzidos entre abril e maio de 2022 sob a chancela da Agência de Inteligência da instituição, sugerem que o ex-diretor do Deppen Francisco Caricati teria recebido propina para supostamente beneficiar um traficante de drogas preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

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Apesar de determinar o encaminhamento do resultado da sindicância, em publicação feita no Diário Oficial do Estado do Paraná de 7 de junho, o comando da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não divulgou quais foram as conclusões das investigações.

Além dos relatórios de informante, sindicância ouviu outras 10 pessoas

De acordo com a RPC TV, que teve acesso a depoimentos e documentos da investigação, um informante teria dito que Caricati recebeu um milhão de reais para manter um preso em um bloco da unidade penal onde haveria a facilitação de atos de contravenção. O informante teria afirmado que o traficante responsável pelos pagamentos se sentiu traído, porque mesmo depois da suposta corrupção ele foi transferido da unidade para um presídio federal.

Além dos relatórios produzidos com base no depoimento desse informante, a sindicância ouviu outras 10 pessoas, entre servidores, policiais penais e funcionários terceirizados. Integrantes da atual direção do Deppen também prestaram depoimento, além do próprio Caricati.

Segundo os documentos obtidos pela RPC, o atual diretor-geral do Deppen, Reginaldo Peixoto, disse à sindicância que desconhecia o teor dos relatórios. Ele afirmou também que levantamentos preliminares deram conta de que os documentos foram produzidos por servidores terceirizados da Casa de Custódia de São José dos Pinhais.

Defesa de Caricati contesta falta de investigação sobre denúncias

Peixoto completou, dizendo que em consulta à Corregedoria do Deppen, foi informado de que não houve nenhuma apuração conduzida sobre as denúncias à época dos fatos, entre abril e maio de 2022. Esta versão é contestada pela defesa de Caricati, que em entrevista coletiva apontaram que o ex-diretor do Deppen e hoje diretor de Justiça na Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado do Paraná não teve nenhuma ligação com o caso.

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“Ele nunca teve envolvimento com qualquer situação ilícita. Mas veja, o nome dele pode ter sido usado”, afirmou Nilson Ribeiro, advogado de Caricati.

O funcionário terceirizado responsável pelo relatório, considerado apócrifo pela defesa do ex-diretor do Deppen, disse à sindicância, segundo a RPC, que elaborou o documento porque este seria um procedimento padrão na unidade. Qualquer informação que pudesse envolver o cometimento de crimes ou de corrupção gerava um relatório de inteligência.

Ainda de acordo com este depoimento, o traficante que supostamente fez o pagamento de propina ao ex-diretor teria “comprado a cadeia” com pagamentos a advogados e a compra de “sacolas” – alimentos e produtos de higiene e limpeza que chegam aos presos, na gíria dos presídios.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]