Setor produtivo, entidades de classe e sociedade civil organizada estão se manifestando de forma contrária ao aumento na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), proposto pelo governo Ratinho Junior (PSD). Além da alteração na alíquota modal, de 19% para 19,5%, outros aumentos previstos estão para itens específicos: água mineral, bebida alcoólica, energia elétrica e artefatos de joalheria.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
A proposta protocolada na Assembleia Legislativa do Paraná será discutida na próxima terça-feira (12) na Comissão Constituição e Justiça (CCJ). Até lá, o setor produtivo espera que haja uma sensibilização por parte do governo estadual.
O presidente da Federação da Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), Fernando Moraes, afirmou que o aumento no ICMS do Paraná dificulta a competitividade. “Somos um repassador de impostos e quem vai sofrer será o consumidor paranaense. Como aconteceu no ano passado”.
Moraes ressaltou que estados de Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso não têm previsão de aumento no ICMS. “A grande preocupação do setor produtivo é de ficarmos sem competitividade. Em Santa Catarina, o ICMS é 17% e a arrecadação lá subiu mais que a inflação”.
Para a Faciap, governo do Paraná aumentou a alíquota do ICMS, mas não está crescendo a arrecadação. "Estamos ficando sem competitividade. Essa é a grande preocupação do setor produtivo e estamos tentando passar isso para o governo e para os deputados”, acrescentou o presidente do órgão.
Argumento do governo é "absolutamente impertinente", diz presidente da Fiep
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) também repudiou o projeto de lei proposto pelo governo do Paraná sobre o ICMS, com a avaliação de que o argumento utilizado pelo estado é "absolutamente impertinente".
"O argumento de que a PEC 45/2019 exigiria a movimentação pelos estados é inoportuno e açodado, haja vista que o texto (da reforma da previdência) ainda se encontra em trâmite no Congresso Nacional e com sinalização do próprio relator na Câmara dos Deputados de que a regra de considerar a arrecadação entre 2024 e 2028 será alterada", afirmou, em nota, o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos.
A Fiep também acredita que o aumento do ICMS afetará diretamente a competitividade do estado. "Portanto, a Fiep vem se manifestar de forma contrária ao PL 1023/2023 do Governo do Estado do Paraná, que fará com que o estado permaneça com a maior alíquota entre os estados da região, com a consequente perda de competitividade e irá penalizar todo o setor produtivo paranaense, gerando aumento de custos, diminuição da atividade econômica e inflação no preço dos produtos aos consumidores paranaenses", destacou Vasconcelos, que pede a retirada do projeto que aumenta a alíquota do ICMS no Paraná.
“O governo precisa tomar juízo”, diz presidente do Sistema Faep
O presidente do Sistema Faep/Senar-PR, Ágide Meneguette, é outro representante de setor que reforça o argumento de que o aumento do ICMS no Paraná está acontecendo por uma reforma tributária que ainda não ocorreu. “Tributar nós neste momento? O dinheiro está curto”, protestou.
Ele também questionou os investimentos anunciados pelo governo do Paraná. “Nós do Paraná estamos vendo investimentos sendo anunciados, mas sem ter dinheiro no caixa? O nosso governo precisa tomar juízo e racionalizar seus investimentos”, disparou Meneguette.
Ele também criticou o estado de conservação das estradas, necessárias para escoamento da produção do campo, enquanto os produtos estão encarecendo. “Isso vai ser repassado para a população e é o próprio consumidor quem vai pagar. Não é o momento de se falar em aumento. Acredito que o momento é inoportuno porque tributar os produtos é tributar a fome dos paranaenses”, disse.
Sindicato das Bebidas se manifesta contra o projeto de lei de Ratinho Jr.
O Sindicato das Indústrias de Bebidas do Estado do Paraná foi outro órgão representativo que se manifestou contrário ao projeto de lei que pretende aumentar a alíquota do ICMS no Paraná.
O presidente do sindicato, Anuar Abdul Tarabai, evidenciou que o Paraná tem a maior alíquota modal de ICMS entre todos os estados das regiões Sul e Sudeste e reiterou a comparação com Santa Catarina. “O aumento da alíquota do ICMS não implica, em termos práticos, no aumento da arrecadação. Por exemplo, o estado de Santa Catarina que não aumentou a alíquota modal de ICMS ao final de 2022 obteve aumento de arrecadação em 2023 superior ao estado do Paraná, resultado da fuga de investimentos e perda de competitividade do setor industrial paranaense frente às indústrias dos estados vizinhos”.
O presidente do Programa Oeste Desenvolvimento (POD), Rainer Zielasko, também demostrou preocupação com a proposta do governador Ratinho Junior. “Estamos passando por um período difícil na economia. Por que não se pode pensar no setor público como se pensa na iniciativa privada? Cortando despensas e custos. Buscamos fazer mais com menos. Começar a pensar a diminuir a carga tributária para as pessoas poderem se desenvolver”, defendeu.
Zielasko ressaltou que é necessário economia do próprio governo. “É preciso calma para que a economia se recupere. O empresariado não está conseguindo lidar”.
Embora o setor de transportes não foi afetado diretamente, Sergio Malucelli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), ressaltou que o órgão é contra o aumento no ICMS. “Somos contra qualquer tipo de aumento de tributo, neste momento. Não é possível mais um aumento de carga tributária”.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR) não quis se manifestar sobre o assunto.
Centrão defende negociação para tentar conter excessos do STF em 2025
“Corte maldoso”, diz Instituto Fome Zero sobre confissão de Graziano
Ranking mostra Milei como presidente mais bem avaliado da América do Sul; Lula aparece em 5º
Juízes e desembargadores que jantaram com Luciano Hang são alvo de investigação do CNJ
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná