Quase um mês depois de restabelecer seu sistema eletrônico, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR) ainda não sabe explicar o que provocou a invasão. O site ficou fora do ar por 58 dias – de 14 de maio a 28 de julho – e o presidente do órgão, conselheiro Fábio Camargo, foi convidado pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) a prestar esclarecimentos a respeito do caso durante sessão plenária na última segunda-feira (25). As respostas não corresponderam à expectativa da Casa.
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Responsável pelo convite ao representante do Tribunal de Contas, o deputado Homero Marchese (Pros) entendeu que Camargo “falou muito pouco sobre os eventos que, de acordo com material exibido pelo próprio presidente, levaram os sistemas do Tribunal à indisponibilidade plena por quase dois meses”. Perguntas referentes à extensão dos danos ao sistema, prejuízos em processos da Corte e à solicitação de resgate que teria sido feita pelos criminosos teriam ficado sem resposta.
Ainda segundo o deputado, essas informações são indispensáveis porque “o Tribunal tem informações absolutamente sensíveis a respeito de eventuais irregularidades apuradas no Paraná”, então “a perda ou o comprometimento de parte delas pode ter efeito significativo”.
Indagado pela reportagem, o TCE informou que a identificação das atividades suspeitas ocorreu dia 14 de maio, às 3 horas da madrugada, quando um vírus foi localizado e todos os servidores e desktops, desligados. O sistema permaneceu inativo por 58 dias e retornou internamente em 28 de junho, enquanto o portal foi disponibilizado ao público no dia 11 de julho.
Ainda segundo a instituição, os criminosos queriam resgate pelos dados, mas “não houve qualquer tipo de negociação”, pois a situação foi resolvida com apoio das áreas de tecnologia de órgãos como Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Tribunal de Justiça (TJ) e Ministério Público (MPPR). "Foram recuperados os dados que possibilitaram a reconstrução das informações de processos e de todos os demais sistemas", afirmou a Corte, ao informar que 30 servidores foram recriados, 20 desativados e 200, restaurados.
Com isso, o TCE garante que “não há motivo nenhum para preocupação nem por parte da população, nem dos gestores, já que não ocorreram prejuízos” e nenhum dado foi perdido. Além disso, a tramitação interna de processos ou outros documentos não foi afetada e nenhum município teve prejuízo “porque os prazos de validade das certidões liberatórias – que são exigidas das prefeituras para o repasse de recursos – foram ampliados”.
Vale ressaltar, no entanto, que o ataque é considerado criminoso e os responsáveis ainda são procurados pelo Núcleo de Combate aos Crimes Cibernéticos da Polícia Civil. “Foi aberto inquérito que corre em segredo de justiça, e as investigações continuam”, informa o TCE, ao citar que, de novembro de 2020 a abril de 2022, os tribunais brasileiros foram alvos de 13 ataques cibernéticos, incluindo as Cortes superiores. “Média de um ataque a cada 41 dias”.
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