Era para 210 radares flagrarem excessos de velocidade nas rodovias federais não pedagiadas do Paraná, mas apenas 33 estão em funcionamento segundo levantamento publicado há 15 dias pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit). Na semana que vem, quando for dia 17 de maio, o contrato do governo federal com o Consórcio Via Brasil terá completado um ano de vigência e, se o quadro não mudar até lá, apenas 15,7% dos equipamentos estarão instalados.
No Brasil como um todo, a situação é percentualmente um pouco melhor, pois o levantamento do Dnit mostra que dos 1.565 radares previstos, 402 estão operando - 25,6% do total. Mas ainda assim é apenas um quarto do planejado pelo órgão técnico da área. Estariam “em instalação” 1.006 equipamentos e 157, “paralisados”. Todos os contratos são novos, assinados em maio e agosto do ano passado, para os trechos não concedidos à iniciativa privada.
Agora em fevereiro, a Gazeta do Povo noticiou o “apagão” no sistema de radares nas rodovias federais do Paraná. Ao jornal, o Dnit explicou que o contrato anterior havia terminado em janeiro de 2018 e que o Consórcio Via Brasil substituiria os equipamentos antigos, elevando de 80 para 118 os radares federais. Mas esses números não batem com o levantamento oficial agora divulgado pelo mesmo Dnit.
Nele, estão listados 210 equipamentos, distribuídos em 82 pontos diferentes ao longo de 11 BRs que atravessam o Paraná. Isto acontece, por exemplo, em decorrência de haver a previsão de apenas um radar na BR-153, onde a rodovia corta o município de Ventania. Mas num ponto da BR-376, dentro de São José dos Pinhais, a previsão contratual é ter oito equipamentos instalados.
Se em fevereiro eram 8 radares instalados, passados dois meses o número subiu para 33 - mais do que triplicou. Só que para ter os 210 funcionando até o final do ano, o Consórcio Via Brasil precisaria “inaugurar” cinco equipamentos por semana. A dúvida, no entanto, é se a instalação dos radares será afetada pela aparente nova diretriz do governo federal, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro (PSL), disse, em 31 de março, que cancelou a instalação de 8 mil radares e falou na revisão dos contratos vigentes.
No último fim de semana, no Programa do Sílvio Santos, na emissora SBT, Bolsonaro disse que os radares “extrapolam o papel de proteção à vida” e viraram “caça-níquel”. Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo ponderam que o controle do limite da velocidade protege vidas. Em 2018, 490 pessoas morreram e 8.108 se feriram em acidentes nas rodovias federais que cortam o Paraná. Das mortes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 15,5% foram decorrentes de “velocidade incompatível”.
Na situação atual, com apenas 33 radares instalados, apenas a Grande Curitiba fiscaliza o excesso de velocidade dos condutores nas rodovias federais. Segundo o Dnit, estão operando 27 radares em Colombo, 4 em Curitiba e 2 em Bocaiúva do Sul. Era para 35 cidades no Paraná contarem com radares, mas somentes estas três têm equipamentos funcionando. Todos os 16 previstos para São José dos Pinhais constam como “em instalação” na planilha do Dnit. O mesmo para Araucária (16), Foz do Iguaçu (9), Pato Branco (12) e São Mateus do Sul (8), por exemplo.
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