A única forma de conter a disparada no aumento do preço da farinha de trigo e, consequentemente, do pão, é o aumento da produção nacional de trigo. A matéria-prima subiu 125% nos últimos dois anos, segundo os donos de moinhos. Foram cerca de 90% de aumento por conta da pandemia e mais 35% devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, países que somam 30% da produção mundial do grão.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
O tema foi o ponto central das discussões do workshop Moatrigo, realizado nesta terça-feira (5), pelo Sindicato da Indústria do Trigo do Paraná (Sinditrigo), em Curitiba, reunindo 250 participantes, entre donos de moinhos e profissionais que atuam no setor.
“O Brasil produz apenas 50% do trigo que consome, o restante vem de outros países e isso nos torna muito vulneráveis já que se trata de um item de segurança alimentar”, diz Paloma Venturelli, vice-presidente do Sinditrigo, deixando evidente que a solução para evitar o sobrepreço é justamente ampliar a oferta do produto bruto em território nacional.
O presidente do Sindicato, Daniel Kümmel, explica que o Brasil recorre especialmente à Argentina para suprir sua necessidade de trigo. “O problema é que agora, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, outros mercados devem procurar pelo trigo argentino, dificultando o abastecimento”. Kümmel não acredita que faltará produto, mas ele teme que possa haver uma nova pressão no preço.
Aumento de custo tem que ser repassado ao consumidor, diz indústria
“Esse aumento de custo precisa ser repassado ao consumidor. O problema é que a população já está no limite de sua capacidade de compra”, observa Paloma Venturelli. Segundo ela, o que tem acontecido é que o consumidor tem migrado para marcas mais baratas e de qualidade inferior.
A vice-presidente do Sinditrigo defende uma política nacional que garanta o preço ao produtor para que ele se sinta estimulado a plantar trigo. “É dado muito mais importância à soja e ao milho do que ao trigo, que é um item essencial e de segurança alimentar”, pontua.
Para a representante do setor, além de um preço adequado ao produtor, precisaria haver financiamento de estocagem para os moinhos. “Hoje as indústrias não têm nenhum tipo de apoio”, reclama.
O Paraná produz quase 50% do trigo brasileiro e concentra o maior parque moageiro do país, respondendo por 30% na produção nacional de farinha, com mais de 60 moinhos de trigo instalados. A produção foi de 3,6 milhões de toneladas em 2021.
Com o tema “Do Trigo ao Tech”, o workshop abordou, além das questões de mercado, investimento em novas tecnologias e inovações especialmente voltadas ao conceito de ‘clean label’ (rótulo limpo), que se refere à produção de alimentos mais puros, sem conservantes químicos e outros aditivos. “A farinha já é um produto puro, mas podemos trabalhar mais isso nos derivados, estimulando, por exemplo, a fermentação natural”, diz Paloma Venturelli. Segundo ela, a pandemia reforçou a preocupação do consumidor com a busca por uma alimentação mais saudável e o setor deve estar atento a essa questão.
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná