Soeur Cristina: buscou inovação na educação e deixou legado para gerações de curitibanos| Foto: Arquivo da família
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Irmã Maria Cristina, a Soeur Cristina, nasceu Martha Marques no interior das Minas Gerais, em 1931. Caçula de três irmãos, perdeu a mãe, Ambrosina Resende Marques, quando tinha apenas um ano e foi criada pela mãe de seu pai, Domingos Marques, e por duas tias. Desde pequena, a fé tinha um papel importante em sua vida, participando de vários atos religiosos. Irmã Maria Cristina morreu no dia 14 de junho de causas naturais.

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Aos 11 anos, tornou-se interna no Colégio Notre Dame de Sion, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ao concluir o ensino clássico, começou uma formação em História da Arte, mas antes de terminar ingressou no Noviciado da Congregação de Sion em Granbourg, França. Lá teve a oportunidade de estudar com Lubienska de Lenval, discípula direta de Maria Montessori, do método inovador. Também cursou Artes no Museu do Louvre em Paris.

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Após terminar o Noviciado na França, fez os primeiros votos e recebeu obediência para o Colégio Sion de Curitiba, onde chegou em 1956 e não saiu mais.

Nessa época, o colégio passou por uma reformulação e a direção foi assumida pela Irmã Maria Cristina, que tinha o objetivo de oferecer educação cristã de qualidade ao maior número de crianças. Já começou inovando: de instituição exclusivamente para meninas, o Sion passou a aceitar o ingresso de alunos de ambos os gêneros.

Estimulada pela renovação da Igreja promovida pelo Papa João XXIII, com o Segundo Concílio do Vaticano, Soeur Cristina também voltou o olhar para a educação cristã de um número maior de pessoas pertencentes a faixas sociais diversas. Passou a oferecer bolsas de estudos a alunos de menor poder aquisitivo e surgiu a Escola Comunitária Professor Joaquim Franco, que atendia crianças até o 5º ano. Posteriormente, criou a Casa da Paz e assumiu a manutenção do CEI Irmã Isabel.

Irmã Maria Cristina quebrou muitos paradigmas. Se hoje o Método Montessori é reconhecido mundialmente como metodologia que forma o ser humano integralmente, na década de 1960 conceitos como lanchar no chão, ausência de carteiras convencionais e avaliação do aluno diferenciada chocaram os pais curitibanos.

Na década de 70, Irmã Maria Cristina trouxe outra inovação: adotar uma proposta complementar na educação de seus alunos, o Ramain – um conjunto de exercícios auxilia os alunos, professores e funcionários a buscar o autoconhecimento, limites e espaços da pessoa, da intelectualidade e também do próprio corpo.

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Cursou faculdade de Geografia e História, na então Universidade Católica, e pós-graduação em Orientação Educacional, na Universidade Federal do Paraná. Sempre se preocupou com a formação espiritual, humana e intelectual fazendo e promovendo cursos neste sentido para todos os professores e amigos do colégio.

Mesmo religiosa, nunca se afastou da família. Ajudou na formação de sobrinhos e realizava inesquecíveis encontros de família, reunindo os irmãos e primos.

Dormia pouco à noite, momento em que afloravam as novas ideias. Assim nasceu a Capela do Colégio Sion Solitude, por exemplo. Não deixava passar celebrações culturais, religiosas, sem agitar toda a comunidade sionense, sempre com festas memoráveis.

“Uma das pessoas mais importantes da minha vida, me ensinava todos os dias sobre o belo, a compaixão, ousadia, acolhimento e humanidade. Sempre teve um olhar especial para cada um”, relata Juliana Pedroso, diretora do Sion.

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Soeur Cristina percebia as dificuldades daqueles ao seu redor e ajudava sem se impor, ficava do lado do sofredor sem melindrar, impulsionava e se empolgava com o progresso dos seus alunos, com as histórias de cada um. Conhecia a todos pelo nome.