Alvo da 67ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (23), o grupo multinacional ítalo-argentino Techint, que atua no setor de engenharia e construção, teve uma importante participação na economia do litoral paranaense nos últimos anos. Entre 2014 e 2018, a empresa manteve em Pontal do Paraná, no litoral, a base para a construção da plataforma petrolífera P-76 para a Petrobras. Em seu auge, a obra, orçada em US$ 889 milhões, chegou a empregar 5 mil pessoas na cidade de cerca de 26 mil habitantes.
O grupo multinacional se tornou alvo da Lava Jato por suspeita de participação em cartel e pagamento de propina a funcionários da Petrobras, visando o favorecimento de suas duas subsidiárias brasileiras – a Techint Engenharia e Construção S/A e a Confab Industrial S/A – em contratos para fornecimento de tubos e equipamentos à estatal.
Embora um dos mandados seja cumprido na cidade paranaense de Matinhos, a investigação não atinge o contrato para construção da plataforma executada no litoral do estado, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
O órgão identificou indícios de atuação cartelizada em favor da Techint nos contratos para realização de obras na Refinaria Landulpho Alves, na Bahia; no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro; no Gasduc III, também no Rio Janeiro. Somente esses três contratos totalizariam mais de R$ 3,3 bilhões, de acordo com o MPF.
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Ainda segundo o MPF, a Techint, “com a determinação e consentimento da alta administração do grupo ítalo-argentino”, teria pago, entre 2008 e 2013, US$ 12 milhões em favor do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque como contrapartida à contratação da Confab Industrial para fornecimento de tubos para a Petrobras. Os contratos entre a empresa e a estatal somariam mais de R$ 3 bilhões.
Procurada pela reportagem, a Techint informou, por meio de nota, que a investigação foi iniciada em 2014 e que a empresa forneceu todas as informações solicitadas.
O contrato no Paraná
Por quatro anos, a empresa manteve em Pontal do Paraná a base para a construção da plataforma petrolífera P-76 para a Petrobras. A plataforma, de 332 metros de comprimento e mais de 60 metros de altura, tem capacidade para armazenar 1,4 milhão de barris de petróleo, processar 150 mil barris por dia, além de comprimir 7 milhões de metros cúbicos de gás natural. Concluída, a estrutura deixou o estaleiro de Pontal do Paraná em dezembro de 2018, rumo ao campo de Búzios III para exploração do pré-sal da Bacia de Santos.
Embora ainda mantenha a unidade de Pontal, o encerramento da obra gerou um rombo na arrecadação do município, na geração de renda e no comércio locais.
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