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Parte dos fuzis apreendidos pela PM na ação contra asssaltantes que queriam levar dinheiro de empresa de transporte de valores de Guarapuava.
Parte dos fuzis apreendidos pela PM na ação contra asssaltantes que queriam levar dinheiro de empresa de transporte de valores de Guarapuava.| Foto: Polícia Militar do Paraná

O comando da Polícia Militar (PM) do Paraná afirma que estava à espera do ataque que ocorreu a uma empresa de transporte de valores na madrugada de domingo (17) para segunda-feira (18) em Guarapuava, no Centro-Sul do estado. O grupo estaria sendo monitorado, inclusive com informações repassadas pelas polícias de São Paulo e Santa Catarina. O que, segundo a corporação, impediu que os criminosos levassem dinheiro da empresa a partir do plano de contingência executado pelo 16º Batalhão (16° BPM) na cidade.

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"Desde Criciúma e Araçatuba nossa Inteligência tem conversado com as polícias de São Paulo e Santa Catarina. E com a sinergia da Polícia Militar com a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal havia indicativo de que nosso estado poderia ser alvo desse tipo de crime. Tanto que dentro do nosso plano de contingência tínhamos tropas preparadas que chegaram rapidamente, fizeram o cerco à empresa com os criminosos não conseguindo acessar o cofre", explica o comandante da PM, coronel Hudson Leoncio Teixeira.

O oficial se refere a dois dos maiores assaltos a bancos do país. Em 2020, foram levados R$ 125 milhões de uma agência bancária em Criciúma (SC). Em Araçatuba (SP), três bancos foram atacados em 2021 com alto poder bélico, causando a morte de três moradores e dois bandidos. A partir dessas duas ações, as polícias de todo o país reforçaram trocas de informações sobre o novo cangaço. Essa ação criminal se caracteriza por ataques às forças de segurança, incêndio de veículos, bloqueio de acessos e uso de moradores como reféns principalmente em pequenas cidades, onde o efetivo policial é menor.

Em Guarapuava, cerca de 30 criminosos tentaram levar dinheiro da empresa de transportes de valores. Houve forte tiroteio, incêndio de veículos na cidade e na zona rural e reféns. O quartel da Polícia Militar (PM) foi atacado e houve fechamento dos acessos a Guarapuava.

Dois policiais e um morador ficaram feridos. Um PM levou um tiro na cabeça e está na UTI. Outro policial teve fratura exposta na perna ao ser alvejado. Já o morador levou um tiro no braço sem maiores consequências.

Plano de contingência

De acordo com o coronel Hudson, a PM estava de prontidão para um novo ataque do novo cangaço no estado a qualquer momento. Assim como em novembro do ano passado, quando o Comando de Operações Especiais (COE) barrou a tentativa de assalto a dois bancos em Três Barras do Paraná, no Sudoeste. Porém a estratégia dessa vez foi diferente.

Em Três Barras do Paraná, a ação da PM foi imediata, com a equipe do COE abordando os criminosos no momento do assalto, inclusive com uso de snipers - atiradores de elite posicionados no topo de imóveis vizinhos. Já em Guarapuava a estratégia foi cercar a empresa atacada pelo grupo e empurrar os criminosos para a área rural e de mata do município.

O plano de contingência previa impedir que os ladrões tivessem acesso ao cofre da transportadora, além de conduzir o grupo para uma área distante da cidade, onde a população não ficasse exposta a troca de tiros do grupo com a PM. Para isso, equipes da PM foram posicionadas para sufocar a ação dos criminosos e também para fechar as saídas da cidade.

"Nossa maior preocupação foi com a população, já que a sede da empresa atacada é uma área residencial muito densa. Não poderíamos ter troca de tiros de grosso calibre no meio da cidade. Por isso conduzimos o grupo ao segundo perímetro, na área rural", explica o tenente-coronel Joas Lins, comandante do 16º BPM.

Para o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Rômulo Marinho Soares, apesar do ataque ao quartel do 16º BPM que deixou dois policiais feridos, a operação teve êxito por pegar os assaltantes de surpresa. "Eles não contavam que o policiamento estava fora do batalhão, com nossas equipes cercando a empresa no momento do ataque. Como eles tinham um tempo planejado para fazer a ação, acabaram desistindo e fugindo para a área rural, onde a vantagem passou a ser nossa, já que nossas equipes conhecem muito bem a região", afirma o secretário.

Buscas

As buscas pelos criminosos seguem em Guarapuava e região. A PM enviou de Curitiba já na manhã desta segunda equipes e mais efetivo do interior estão sendo enviados.

Estão em Guarapuava equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque, das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) e do Setor de Inteligência (P2). Entre as equipes do Bope estão o Comando de Operações Especiais (COE), grupo de elite da Polícia Militar, e o Esquadrão Antibombas. Três helicópteros da PM também participam das buscas.

Equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), unidade da Polícia Civil especializada em investigação deste tipo de crime, também estão em Guarapuava. O governo federal também enviou reforços das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF) para ajudar nas buscas e na investigação.

A PM encontrou oito veículos abandonados pelos criminosos, sendo cinco blindados. Também foram recolhidas nove armas, sendo duas metralhadoras .50, calibre capaz de derrubar aeronaves e perfurar blindagens. Um dos fuzis foi abandonado nos galhos de uma árvores próximo da empresa de transporte de valores.

Também foram apreendidos explosivos, quatro capacetes balísticos e coletes à prova de balas. "Apreendemos, inclusive, mochilas com medicamentos e mantimentos para serem usados caso os criminosos fossem interceptados", informa o coronel Hudson.

A previsão do comando da PM é de que as equipes de reforço fiquem ao menos quatro dias na região. Alguns dos criminosos foram feridos nos tiroteios. A polícia encontrou manchas de sangue nos veículos e nas ruas de Guarapuava. Essas amostras de sangue serão usadas por cães farejadores na busca dos assaltantes e as de DNA serão integradas ao banco genético nacional do Ministério da Justiça para poderem ser usadas também em outras investigações de assaltos a bancos e empresas de valores.

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