Começou nesta quarta-feira (8) o julgamento do médico Rapahel Suss Marques, acusado de matar a namorada Renata Muggiati, em 2015, em Curitiba. O réu está sendo julgado pelos crimes de fraude processual, homicídio qualificado e lesão corporal. Segundo a acusação, Marques teria asfixiado e depois jogado o corpo da fisiculturista pela janela do apartamento onde eles moravam juntos, no 31º andar.
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No primeiro dia foram ouvidas testemunhas de acusação e de defesa. A delegada Ana Clara Machado, que investigou o caso, foi dispensada pelo Ministério Público. O primeiro a ser ouvido pelos promotores foi Obadias de Souza Lima Junior. Ele era auxiliar de necropsia e estava no Instituto Médico Legal quando o corpo de Renata Muggiati chegou ao local.
Aos promotores, ele explicou que exames feitos no corpo da fisiculturista mostraram que ela havia sido morta antes de cair da sacada. Mesmo assim, dois laudos foram feitos no sentido de confirmar que a morte de Renata se deu pela queda, e não por asfixia. O laudo, apontou a testemunha, contrariava o que foi identificado na exumação.
Médica responsável por exames no corpo da vítima foi ouvida
Na sequência, a médica legista Mara Rejane Segalla foi ouvida pelos promotores. Atualmente aposentada, foi ela a responsável por exames realizados nos órgãos de Renata. À época, a conclusão da médica foi de que Muggiati morreu asfixiada, pois algumas das fraturas encontradas no corpo da fisiculturista evidenciaram o fato de que ela já estava morta ao cair.
Ela confirmou que as lesões existentes no pescoço da jovem foram causadas enquanto ela ainda estava viva. As hemorragias encontradas no local, reforçou a legista, foram causadas antes da queda. Um inchaço nos pulmões também foi evidenciado pela médica, o que segundo ela não ocorre em casos de morte instantânea como a provocada por uma queda do 31ºandar de um prédio.
Médico legista foi terceira testemunha a ser ouvida
O próximo a falar foi o médico legista Waner Luiz Waterkeper. Ele fez parte de uma junta médica que analisou os dados da exumação do corpo da jovem, e reforçou a tese de que Renata Muggiati foi morta por asfixia causada por uma compressão no pescoço, e não pela queda.
Em seu testemunho, o médico explicou que a quantidade de sangue encontrada ao redor do corpo da fisiculturista após a queda explicaria o fato de ela ter sido morta antes de cair da sacada do apartamento. O legista disse que, de acordo com a literatura médica, os laudos devem apontar sinais encontrados pelos peritos, e não afastar hipóteses, como houve no caso em julgamento, em que os laudos iniciais negavam a existência de indícios de asfixia.
Perito que fez reconstituição foi a última testemunha de acusação
A última testemunha de defesa ouvida no primeiro dia de julgamento foi o perito criminal Jerry Cristian Gandin. Ele esteve no apartamento de Renata Muggiati logo após a morte, fotografou o local e também trabalhou no laudo da reprodução simulada dos fatos, realizada cerca de um mês depois. Ele confirmou que a primeira informação que teve ao chegar ao prédio foi de que a jovem havia se suicidado.
O perito confirmou que Muggiati caiu de uma altura de mais de 100 metros. Durante a simulação, Marques teria dito que conseguiu impedir que a namorada se jogasse da janela. Mas quando os peritos pediram para que ele repetisse a ação com um boneco de mesmo peso e altura da namorada, o médico não conseguiu.
Ainda em seu testemunho, Gandin explicou que o corpo de Renata bateu em uma peça de granito no 23º andar antes de chegar ao chão. A trajetória da queda, explicou o perito, é característica de um corpo que foi atirado pela sacada, o que reforça a tese da acusação de que a fisiculturista já havia morrido antes da queda.
Réu ajudou outros presos durante a pandemia, diz testemunha
O delegado Francisco Caricati, diretor do Departamento Penitenciário do Paraná à época em que o médico Raphael Suss Marques foi preso, foi a primeira testemunha de defesa ouvida no Tribunal do Júri. Aos advogados, Caricati confirmou que o réu ajudou no atendimento de outros presos no pior momento da pandemia de Covid-19.
Aos promotores, Caricati disse que só acompanhou o caso enquanto a principal suspeita era de suicídio. Questionado se lembrava como surgiu a hipótese de suicídio, o delegado disse, sem dar muitos detalhes, que se recordava da existência de um laudo.
Réu será ouvido após as testemunhas
Outras testemunhas de defesa serão ouvidas durante o julgamento. Ao fim desta etapa, será a vez do réu prestar seu depoimento. Na sequência, acusação e defesa terão um período de argumentação, que será seguido por réplicas e tréplicas. Por fim, caberá aos jurados decidirem se Raphael Suss Marques é culpado ou inocente.
Relembre o caso
Renata Muggiati morreu na madrugada do dia 12 de setembro de 2015, quando caiu do 31º andar de um prédio da Rua Visconde do Rio Branco, na esquina com Comendador Araújo, no Centro de Curitiba. Na noite do crime, Raphael Suss Marques teria dito à Polícia Militar (PM) que a mulher se jogou do prédio, porém, o trabalho de investigação da Polícia Civil e exames complementares realizados pela Polícia Científica mudaram o rumo do caso. A polícia encontrou elementos que pudessem acusá-lo de asfixiar e depois jogar o corpo da atleta pela janela, simulando então um suicídio.
Pouco depois da morte, os laudos sobre a morte se contradiziam: enquanto outros exames diziam que ela tinha sido assassinada, pois ela já estaria morta quando foi jogada pela janela do apartamento, o laudo de necropsia, feito por Daniel Colman, dizia que ela morreu quando caiu ao solo, ou seja, que ainda estaria viva quando caiu do prédio.
Na época, Suss negou o homicídio. Ele se defendeu dizendo que Renata sofria de depressão e que já tinha tentado suicídio outras duas vezes. O corpo da atleta foi exumado, a junta médica concluiu o homicídio com um novo exame, e Suss, que foi preso algumas vezes novamente, ficou detido até agosto de 2017, quando conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade.
Nova prisão foi após Raphael Suss frequentar jogos de pôquer
Em 26 de fevereiro de 2019, o médico teve novamente pedida sua prisão pela juíza Taís de Paula Scheer. A magistrada determinou que a frequência de Marques em uma casa de pôquer da capital violava uma das condições para a sua liberdade.
De acordo com o despacho da juíza, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, Marques descumpriu a ordem de recolhimento e não estava em seu domicílio após as 22 horas, o que foi contra as normas impostas pela justiça para a liberdade.
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