Dentre 12 instituições de pesquisa médica do país, o Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, é a que tem o maior número de voluntários da área de saúde submetidos à vacina chinesa Coronavac. A pedido do Instituto Butantã, que lidera os testes do imunizante no Brasil, o HC saiu de uma meta inicial de 852 voluntários para um total de 1406, alcançados no último dia 30. A fase três e última dos testes é conduzida de forma independente pelas autoridades de saúde brasileiras, sem qualquer intervenção do laboratório chinês Sinovac, produtor da vacina.
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Segundo a chefe do serviço de Infectologia do HC e coordenadora do estudo no hospital, Sonia Raboni, a expectativa é de que até o final de outubro ou início de novembro já seja possível avaliar a eficácia da vacina chinesa contra o coronavírus. O diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, tem afirmado que espera ter milhões de doses da vacina prontas e disponíveis para aplicação ainda em dezembro deste ano.
Nesta fase três de testes, cada voluntário é submetido a duas doses da vacina, com intervalo de duas a quatro semanas. Depois, haverá oito acompanhamentos presenciais ao longo de um ano, para verificar quanto tempo os anticorpos permanecem no organismo. Uma vez comprovada a eficácia e a ausência de efeitos colaterais graves, no entanto, já poderá ser dada a largada para produção em massa a imunização da população.
No Paraná, entre o grupo de 1406 voluntários, de cinco a seis têm apresentado sintomas respiratórios por dia, e, semanalmente, dois a três casos são confirmados como Covid-19. Mas não é possível saber, ainda, se os infectados estão no grupo que tomou placebo (substância inócua) ou no que recebeu a vacina. Esses dados serão analisados pelo Instituto Butantã quando estiverem vacinados pelo menos 50% dos 13 mil voluntários no país e quando houver uma incidência mínima de casos de Covid, que permita constatar a eventual eficácia da vacina.
Durante a fase 2 da pesquisa, que foi na China, buscou-se chegar à dose ideal a ser aplicada com segurança para os pacientes. Na fase 3, todo o foco está na eficácia do imunizante. Até o momento, as reações adversas à vacina, segundo Sonia Raboni, “foram dor no local da aplicação, cefaleia e mialgia, que não são considerados eventos graves”. “Aqueles que tem sintomas respiratórios, a gente chama para coleta de material, para determinar quem fez e quem não fez doença”, relata.
Os 1406 profissionais de saúde voluntários recrutados pelo HC representam praticamente o dobro dos alistados em cada um dos outros centros do país envolvidos na pesquisa. Por que a resposta foi tão positiva no Paraná? “Acho que o nome da UFPR também acaba sendo um fator de confiabilidade da população. Tanto a UFPR como o Butantã, que tem tradição na produção de vacinas”, diz Raboni. Outro fator a ser considerado, acrescenta, é o tipo de vacina, que é de vírus inativado. “Temos experiência com outros vírus, como influenza, nessa plataforma, então as pessoas acabam se sentindo mais confiantes. E a gente não tem contato, em nenhum momento com o produtor da vacina, a análise é do Butantã”, conclui.
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