
Cruzeiro do Oeste quer se tornar a cidade dos dinossauros e atrair turistas de todo o Brasil e de fora do país. Localizada na região noroeste do Paraná, tem alguns argumentos para sustentar essa pretensão: em seu solo foram encontrados, até agora, fósseis de duas espécies de dinossauros, tem um sítio paleontológico com muito ainda a ser explorado e organizou um museu com todos os achados da região, incluindo répteis alados, como os pterossauros.
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O que faltava para viabilizar projetos e chegar a essa condição era o título de Vale Nacional dos Dinossauros. Não falta mais. Em setembro do ano passado, a lei nº 14.985/2024, que passou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, foi sancionada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e oficializou o reconhecimento para a cidade paranaense.
O título por si só é uma mera formalidade. As possibilidades que vêm a partir dele, no entanto, é que são promissoras, principalmente em termos financeiros. Projetos não faltam para fomentar o turismo e tornar Cruzeiro do Oeste um destino indispensável para quem gosta de história natural ou para crianças que se impressionam com os dinossauros.
Todos os recursos para o tema dos dinossauros saem dos cofres da prefeitura da cidade, seja para a manutenção do Museu de Paleontologia e do sítio, ou para a organização de exposições temporárias de réplicas de dinossauros. “O título nos traz a possibilidade de investimento do governo federal. Hoje não temos investimentos além dos que são feitos pela prefeitura, e o título abre portas para angariar recursos para melhoria do museu e do sítio paleontológico”, destaca a secretária de Desenvolvimento, Turismo, Ciências e Tecnologia de Cruzeiro do Oeste, Elisiane Salzer.
Um vale dos dinossauros, com história
Os projetos que estão sendo desenvolvidos pela prefeitura de Cruzeiro do Oeste incluem melhorias no museu, incluindo a criação de uma ala destinada ao público infantil, a compra de réplicas de dinossauros e até mesmo a construção de um portal na entrada da cidade com a temática. A possibilidade de viabilizar visitas ao sítio paleontológico também está na pauta.
Nos últimos anos, a cidade vem organizando exposições temporárias com réplicas dos dinossauros. No ano passado, durante duas semanas de agosto e setembro, a exposição com 11 réplicas móveis atraiu 150 mil pessoas. Foram investidos R$ 300 mil nessa ação. O que a prefeitura pretende fazer é buscar recursos para comprar réplicas e tornar a exposição permanente, como um parque.
Isso ocorre, por exemplo, em cidades com grande movimentação turística, como Foz do Iguaçu (PR) e Gramado (RS). Ambas contam com parques temáticos de dinossauros entre as principais atrações para crianças. “Essas cidades têm vales dos dinossauros, mas não a história que temos. Se conseguíssemos trazer um parque, e com tudo o que nós já temos, engrandeceria o turismo aqui”, complementa Elisiane.
Com um parque permanente, a prefeitura acredita que seria mais fácil atrair empresários para investir no turismo da cidade, com hotéis, restaurantes e loja. E mesmo produtos específicos para turistas, como pastéis de dinossauros e lembranças para presente. “O que queremos com esse título é esse maior investimento na linha turística para atender à demanda que já está acontecendo”, acrescenta a secretária municipal.

Sítio paleontológico também pode virar destino turístico
Os primeiros fósseis de pterossauros foram encontrados em Cruzeiro do Oeste em 1971, mas ficaram guardados por décadas, até que em 2011 foram colocados à prova em um trabalho de pesquisa. Três anos mais tarde, o pterossauro foi devidamente identificado e batizado de Caiuajara dobruskii, nome dado em homenagem a Alexandre Dobruski e o filho João Gustavo Dobruski, que encontraram os fósseis há mais de 50 anos. Esse réptil voador viveu durante o período Crutáceo, entre 90 milhões e 70 milhões anos atrás, e foi o pontapé inicial para outras descobertas que se seguiram em Cruzeiro do Oeste.
Desde então foram identificadas outras duas espécies de pterossauros (Keresdrakon vilsoni e Torukjara bandeirae), um lagarto (Gueragama sulamericana) e dois dinossauros (Vespersaurus paranaensis, o primeiro do Paraná; e Berthasaura leopoldinae). E isso tudo em uma área de estudos de aproximadamente 400 metros quadrados, sendo que a área total tem 4 mil metros quadrados.
Pesquisadora afirma que sítio em Cruzeiro do Oeste tem a maior concentração de pterossauros por metro quadrado no mundo.
“Temos uma quantidade bem grande de fósseis e nunca se sabe o que podemos encontrar”, diz a historiadora e coordenadora científica do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste, Neurides Martins. E ela garante: “Temos trabalho para muito tempo.”

Segundo a pesquisadora, o sítio tem a maior concentração de pterossauros por metro quadrado no mundo. Antes das descobertas, pesquisadores tinham de ir para a Região Nordeste do Brasil ou outros países para ver in loco fósseis de répteis alados. Em Cruzeiro do Oeste, as visitas educativas e científicas se tornaram muito mais comuns, especialmente depois da inauguração do Museu de Paleontologia da cidade, em 2019. É no museu que está boa parte dos achados do "vale dos dinossauros".
Equipes do museu estão trabalhando no local em conjunto com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade estadual Paulista (Unesp) de Bauru. Para melhorar a estrutura, a USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) viabilizaram a cobertura do local — a prefeitura de Cruzeiro do Oeste vai fechar as laterais em breve.
A ideia é que esse espaço de estudos também seja incluído no roteiro turístico da cidade, com visitas controladas. “Temos um projeto para colocar passarela para as pessoas terem a noção de como é o trabalho dos pesquisadores em campo”, antecipa Neurides.
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