Uma pesquisa recente da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apontou que as pessoas forçadas a trabalhar de casa por causa da pandemia têm se queixado em razão da sobrecarga de trabalho. Por outro lado, a maior flexibilidade de horários e a economia de tempo com menos deslocamentos foram apontadas como favoráveis. Realizada pelo Grupo Estudo Trabalho e Sociedade (GETS) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Rede de Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (Remir), o levantamento teve o objetivo de entender a adaptação dos trabalhadores que migraram da forma presencial para a remota, impactados pela pandemia. Cerca de mil profissionais dos mais diversos segmentos e categorias responderam ao questionário.
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Dentre os principais pontos negativos apontados pelos participantes estão o aumento considerável de horas e dias trabalhados. 34% deles afirmaram que estão exercendo suas atividades além das 8 horas diárias e 18% estão trabalhando nos sete dias da semana. Quase metade (49%) afirma que o ritmo de trabalho ficou mais acelerado no home office (veja imagem).
Dentre as dificuldades apontadas nesse modelo de trabalho, 61% responderam que sentem a falta do contato com colegas de trabalho. Para 55% as interrupções do dia a dia em casa são o maior problema e outros 53% apontam a conciliação da vida profissional e familiar como a principal dificuldade enfrentada.
Mas há pontos positivos também
A flexibilidade de horários (69%), não precisar enfrentar o deslocamento até o trabalho (66%) e a falta de preocupação com a aparência (59%) foram avaliadas como as maiores vantagens do trabalho remoto. No total, 48% dos voluntários que responderam a pesquisa não gostariam de continuar no sistema home office e 40% permaneceriam neste modelo de trabalho.
A coordenadora da pesquisa e professora de Sociologia, Maria Aparecida da Cruz Bridia, avalia que essa mudança brusca, feita de forma não planejada em muitos locais possa ter contribuído para essa sensação de esgotamento relatada por alguns trabalhadores. “O trabalhador precisa aprender um novo modelo ao mesmo tempo em que está fazendo suas tarefas usuais. Precisa mostrar resultado. A percepção é de uma intensificação do trabalho porque você está fazendo as duas coisas”, diz.
Invasão do ambiente familiar
Outro prejuízo apontado pelos trabalhadores na pesquisa é essa invasão do ambiente corporativo que passa a ocupar o lar. O local onde você deveria, justamente, estar afastado desse ambiente profissional se tornou o seu novo posto de trabalho. “Acho que esse é um dos fatores importantes que mostram essa dificuldade de separar a vida profissional do trabalho. Você coloca a empresa dentro da sua casa de forma definitiva. Esse passa a ser o seu local de trabalho e antes não era”, avalia.
Nesse resultado de cerca forma paradoxal, que aponta prós e contras do trabalho remoto, o modelo híbrido parece oferecer o melhor dos dois modelos. “O sistema híbrido aparenta ser mais interessante, porque te permite trabalhar uma parte em casa e ao mesmo tempo você não perde o contato com os colegas”, conclui.
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