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Terapia ECMO faz com que o sangue seja oxigenado fora do corpo do paciente.
Terapia ECMO faz com que o sangue seja oxigenado fora do corpo do paciente.| Foto: Bigstock

A utilização da terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês), também chamada de "pulmão artificial" e que ganhou repercussão por estar sendo utilizada no ator e humorista Paulo Gustavo no tratamento da Covid-19, ainda é pouco difundida no Paraná. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com regionais da Saúde do estado, e encontrou o tratamento em quatro hospitais paranaenses, dois em Curitiba, um em Maringá e outro em Cascavel.

No Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), desde que o equipamento foi instalado em julho de 2020, dois pacientes de Covid-19 fizeram o tratamento. Segundo a assessoria de imprensa do HUOP, o quadro de ambos era considerado muito grave, e eles não resistiram. Em Maringá, um jovem de 19 anos passou pelo tratamento no Hospital Bom Samaritano no começo de março deste ano. Procurado pela reportagem, o hospital não passou mais detalhes sobre o estado de saúde do paciente.

Em Curitiba o tratamento de Covid-19 com ECMO é oferecido no Hospital Marcelino Champagnat. Por lá, de acordo com a assessoria de imprensa, o normal era realizar até dois procedimentos do tipo por ano. Entre março e dezembro de 2020 foram sete utilizações da ECMO, e outras quatro entre janeiro e abril deste ano.

Tratamento não é indicado para qualquer caso de Covid-19

Um dos pacientes que passou por esse tratamento foi o professor de química Robert Gessner Júnior. Ele passou 36 dias no hospital, e mesmo depois de recuperar 100% das funções pulmonares ainda precisou passar por sessões de fisioterapia. “Depois de ser intubado, eu não lembro de nada, só do susto de acordar e perceber que já tinha passado Natal, ano novo. Tive que pedir para alguém me contar o que havia acontecido, e descobri que fui pra ECMO. Não tinha uma garantia de tudo que daria certo. Ainda bem que deu”, comemorou.

Kaique Barbanti foi outro paciente que passou pela ECMO. O fisiculturista de 28 anos de idade ficou mais de dois meses internado, e sua recuperação foi lenta e gradual. “Eu estava inconsciente, mas para minha família foi desesperador. Os médicos mesmo não entendiam como alguém tão saudável podia estar naquele estado. Lembro da minha médica olhar para mim, depois que saí do coma, e dizer que, como cientista, não sabia explicar como é que eu ainda estava lá”, lembrou.

O médico Fernando Kubrusly é responsável pelos atendimentos de ECMO feitos na Rede Vita de hospitais em Curitiba. Segundo ele, o uso do procedimento, antes restrito a casos graves de doenças cardíacas, disparou durante a pandemia de Covid-19. Apesar de bons resultados em alguns casos, o uso da ECMO não é indicada para todos os casos de infecção pelo coronavírus.

“Na nossa experiência tem multiplicado por 10, 15 vezes a utilização de ECMO durante a pandemia. Mas o quadro primário do paciente precisa ser reversível. Tem uma janela de utilização, e não se pode recomendar esse procedimento para um pulmão que se sabe que não vai voltar ao normal. Isso seria uma futilidade, e atinge uma questão delicada na ética médica. Tem que ser em quadros que se perceba que a inflamação no pulmão provocada pela Covid possa ser revertida”, explicou, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

Como funciona o tratamento com pulmão artificial?

O funcionamento do "pulmão artificial" é similar à hemodiálise, que faz de modo externo o trabalho dos rins e é conhecida por muitas pessoas. No caso da ECMO, cânulas desviam o fluxo sanguíneo do paciente para a máquina, que faz o trabalho dos pulmões e coração, oxigenando todo o sangue através de uma membrana artificial e devolvendo o sangue saudável ao corpo. É uma forma de dar um descanso aos pulmões, agredidos tanto pela inflamação provocada pela Covid-19 quanto pela chamada ventilação mecânica, quando o paciente está respirando com a ajuda de aparelhos.

Dados do Ministério da Saúde mostram que existem 106 equipamentos de circulação extracorpórea instalados em hospitais do Paraná – destes, 104 estão em uso. Apenas 78 estão disponíveis em unidades de atendimento pelo SUS, de acordo com os dados mais recentes do Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde. O ministério, porém, não traz mais detalhes sobre quantas destas máquinas são para a realização da ECMO no estado.

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