O plasma é a parte líquida do sangue que guarda os anticorpos que protegem o organismo| Foto: Divulgação / SESA
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Uma pesquisa feita com pacientes de Covid-19 que receberam plasma de ex-infectados pelo novo coronavírus mostram que, se aplicada no tempo correto, essa forma de tratamento complementar pode diminuir o tempo de internação. Segundo dados do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), quem recebeu o plasma em até 5 dias do aparecimento dos sintomas ficou internado por um tempo 30% menor do que os que não receberam esses anticorpos.

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Esses são resultados preliminares de um estudo que envolve o Hemepar e hospitais do Paraná. Desde julho do ano passado, o centro tem feito a coleta do sangue de pessoas recuperadas da Covid-19 e repassado o plasma para hospitais de Curitiba, Umuarama, Foz do Iguaçu e União da Vitória, que testam a terapia em pacientes voluntários.

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O chamado plasma hiperimune é obtido a partir de uma espécie de filtragem do sangue dos ex-infectados. É nesta parte líquida do sangue que ficam os anticorpos, que ajudam o sistema imunológico do receptor a combater a infeção pelo novo coronavírus.

De acordo com Cláudia Lorenzato, hematologista do Hemepar, o uso do plasma no tratamento contra a Covid é sugerido para os casos em que há sintomas da doença. A pesquisa sugere que a aplicação, feita de forma similar à uma transfusão de sangue, traz mais resultados em pacientes com casos menos graves.

“A ideia do plasma hiperimune é com ele diminuir a replicação viral. Quando o paciente recebe esse anticorpo já pronto, criado pelo sistema imunológico de outro paciente, o receptor consegue diminuir essa replicação viral e com isso consegue diminuir a parte inflamatória e todas as complicações. Depois que o paciente está na UTI, intubado, em ventilação mecânica, o tratamento com esse plasma não faz tanto efeito. Isso porque o processo inflamatório já é muito avançado, muito grande”, explicou a especialista.

A pesquisa compilou dados de pacientes que receberam o plasma até fevereiro de 2021. Dos 500 pacientes estudados, 315 levaram pouco mais de uma semana para receberem alta hospitalar. “Nossos dados mostram que 63% dos pacientes que receberam esses anticorpos ficaram internados por até 10 dias depois do diagnóstico. Os pacientes estavam ficando de 2 a 3 semanas internados, então é uma queda considerável, é um bom resultado”, comemorou Lorenzato.

Agora, ela explicou, já são mais de 1,2 mil pacientes estudados. Os dados, porém, precisarão ser revisados porque a partir de março passou a prevalecer no Paraná a variante P.1, mais agressiva. “Além de atacar pessoas mais jovens sem tantas comorbidades, [a nova variante do coronavírus] está sendo muito mais agressiva e deixando as pessoas muito mais tempo internadas. A Covid mudou, estamos falando de pessoas que estão ficando internadas por 2 meses, é muito diferente”, ponderou.

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Tratamento não é novidade

A utilização de anticorpos produzidos por ex-infectados não é uma novidade na Medicina, como explicou a coordenadora de Educação Permanente em Saúde do Hospital do Rocio de Campo Largo, Tânia Portella Costa. “Essa forma de utilização do plasma existe há muito tempo já. Na época da gripe H1N1 já foi utilizado esse tipo de tratamento. Agora com a Covid-19 a Anvisa já fez essa autorização a partir de março de 2020, que já haveria possibilidade de usar o plasma para tratamento”, apontou.

O hospital onde ela participa da pesquisa sobre o uso de plasma hiperimune é um dos maiores do Paraná onde esta técnica vem sendo aplicada. Por lá o mês de janeiro também foi um divisor de águas no trabalho de pesquisa, dividido entre antes e depois da maior incidência das novas variantes, mais agressivas, do coronavírus.

“Hoje focamos muito nesse tipo de avaliação, em que momento é mais eficaz. Isso é importante em qualquer tratamento, saber qual o momento mais efetivo para inserí-lo. Nosso objetivo é poder auxiliar no protocolo da Covid. Com os nossos resultados, o que queremos mostrar é quando teremos uma eficácia melhor dentro desse tipo de tratamento com o plasma. E o que conseguimos observar até agora é que a utilização do plasma pode ter uma eficácia melhor em pacientes classificados como leves e moderados”, indicou.

Quem pode doar?

A doação de plasma hiperimune segue regras parecidas com as da doação de sangue convencional. Algumas regras mudam, como alerta a hematologista do Hemepar. Uma delas é que as mulheres que já tiveram uma gestação, até mesmo as que sofreram aborto, não podem fazer a doação do plasma. “Existe uma proteína que fica no plasma após a gravidez e que pode gerar uma reação transfusional em quem for receber a aplicação”, explicou Cláudia Lorenzato. Pacientes que ficaram intubados também não podem ser doadores.

Além desses critérios é preciso que os doadores tenham entre 18 e 59 anos e tenham tido Covid-19 diagnosticada entre 30 e 45 dias antes da doação e comprovada por meio de resultado impresso. “Esse é o período ideal, quando a contagem de anticorpos está bem alta no organismo. Mesmo assim, a doação pode ser feita em até 180 dias do diagnóstico”, comentou Lorenzato. O cadastro para doação pode ser feito pela internet ou pelo telefone (41) 3281-4074.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]