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Moro disse que se sente “profundamente ofendido” pela inclusão dos gastos com a segurança pessoal na ação| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) prestou depoimento ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (7), e rebateu as acusações de abuso de poder econômico na eleição ao Senado em 2022, em ação unificada de autoria do PL e da Federação formada por PT, PV e PCdoB.

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A presença do senador no depoimento como investigado era facultativa. Os suplentes, que também são alvos da ação que pode cassar o mandato de Moro, não compareceram ao TRE-PR. Na saída do depoimento, o senador disse que optou por prestar os esclarecimentos e tirar as dúvidas do desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, relator do caso, e do Ministério Público e classificou a denúncia como uma “castelo de cartas” com citações “levianas” como caixa dois e outras ilicitudes. 

“Um grande castelo de cartas que começamos a desmontar hoje. Acreditamos e confiamos na Justiça e que a verdade dos fatos está do nosso lado. Os votos de 1,9 milhão de paranaenses não foram em vão. Vou continuar meu trabalho no Senado sem qualquer receio de fazer a coisa certa, apesar de ameaças de ações frívolas do PT, que tem uma animosidade comigo, e do outro lado, de um candidato que perdeu as eleições e quer ganhar no tapetão o mandato de senador”, declarou.

No depoimento, Moro relatou que após a pré-candidatura presidencial pelo Podemos, o próprio partido teria definido que o nome do ex-juiz da Lava Jato não era mais viável com o cenário de polarização e a legenda não teria apresentado outra opção de candidatura, o que teria motivado a troca de partido.

“Foi uma decisão muito difícil, pois sabia que ia ser acusado pelo Podemos de ter violado o acordado mas quem retirou a possibilidade da candidatura presidencial foram eles e para mim, isso foi muito pesado. Muita gente que me apoiava, começou a criticar”, respondeu ao ser questionado pelo desembargador sobre a saída do Podemos.

Ele rebateu a acusação de que a pré-candidatura presidencial teria dado alguma vantagem competitiva para a candidatura posterior ao Senado no Paraná. “Ao contrário, foi um peso enorme nas costas e fui severamente atacado por semanas. Isso seguiu e só trouxe um grande desgaste político”, completou.

Depois disso, Moro ainda tentou a transferência do domicílio eleitoral para São Paulo para disputar as eleições do ano passado pelo União Brasil como candidato a deputado-federal ou ao Senado pelo estado paulista. “Eu só vim assumir uma posição de candidato ao Senado no Paraná em 7 de junho de 2022, quando o TRE-SP indeferiu a transferência do meu domicílio eleitoral. Até então, todos os gastos não possuem nenhuma relação com o que aconteceu no Paraná”, argumentou durante a entrevista coletiva.

Ao desembargador responsável pela relatoria do processo, Moro ainda rebateu a tese de utilização da pré-candidatura presidencial para alavancar seu nome na disputa de outro cargo. “Em nenhum momento, a pré-candidatura presidencial foi usada como uma espécie de catapulta. Eu não tinha necessidade disso, pois quando se faz isso é para alguém se tornar conhecido. Eu já era sobejamente conhecido no Paraná e no país inteiro sem pré-candidatura”, respondeu ao lembrar da atuação na operação Lava Jato.

Questionado sobre a contratação do suplente Luis Felipe Cunha, contratado para prestar serviços jurídicos ao Podemos e depois ao União Brasil, Moro respondeu que os serviços foram prestados para diferentes candidatos. Ele ainda justificou que fez a indicação de uma “pessoa de confiança” para serviços “muito utilizados” em ações eleitorais, pagos pelos partidos em benefício de vários candidatos, entre eles, o próprio Moro. “O serviço jurídico, contratado antes da vinda para o Paraná, também não se traduz em votos”, acrescentou.

No final do depoimento, Moro preferiu não responder os questionamentos dos advogados representantes do PL e da Federação encabeçada pelo PT. O relator abriu prazo de dois para manifestações finais e deve agendar a data do julgamento para ação de Moro no pleno do TRE-PR em janeiro, após o recesso do judiciário.

“Infelizmente, o senador teve medo de responder as nossas perguntas, desqualificando provas que o próprio TRE mandou produzir porque sabe que as acusações têm fundamento. E mesmo no pouco que falou, acabou confessando um fato grave, de que o contrato de R$1 milhão pago a seu suplente servia como contrato guarda-chuva para pagar outras despesas de pré-campanha. Com isso, ele não somente será cassado, mas deverá ser investigado criminalmente sobre a destinação desse dinheiro", argumenta o advogado Luiz Eduardo Peccinin, que representa a Federação Brasil Esperança, encabeçada pelo PT.

“Me sinto violado”, declara Moro sobre gastos com segurança citado em ação no TRE-PR

O senador Sergio Moro disse que se sente “profundamente ofendido” com o uso de contratos e gastos com a segurança pessoal na ação que pede a cassação do mandato por abuso de poder econômico durante a campanha ao Senado. Ele afirma que essa era uma condição dele aos partidos por conta da atuação como ex-juiz da Lava Jato e ministro da Justiça durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Me sinto violado neste aspecto, quando as partes alegam que gastos com segurança deveriam ser considerados para cassação do meu mandato. Como vocês sabem, eu fui juiz da Lava Jato. Eu voltei ao Brasil para uma eleição altamente polarizada, a qual um dos candidatos chegou até a ser esfaqueado no passado, e coloquei como condição que houvesse segurança, esse cuidado. Além disso, meu trabalho como ministro da Justiça, quando fomos para cima do crime organizado, exigia isso, pois sabíamos que existia um risco de sofrermos atentados, como se confirmou no plano do PCC para me sequestrar e também minha família”, declarou na saída do TRE-PR.

Entre os gastos citados, está a compra de um carro blindado pelo União Brasil. “Isso é um absurdo. É temerário. Primeiro, que não foi para mim. O carro blindado entrou no acervo do partido, não ficou comigo, inclusive foi utilizado por outros dirigentes partidários. Além disso, andar em carro blindado e com segurança não traz nenhuma vantagem competitiva em eleições, pelo contrário, é até antipático para o eleitor”, rebateu.

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