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UFPR busca voluntários para estudo da transmissão do coronavírus em pets
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Pesquisadores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) buscam cães e gatos cujos donos tenham contraído Covid-19 para uma pesquisa multicêntrica que avaliará o risco de transmissão do novo coronavírus (Sars-CoV-2) entre humanos e animais de estimação. O estudo, pioneiro em países tropicais, envolverá cerca de mil coletas em Curitiba e em outras quatro capitais: Belo Horizonte, Campo Grande, Recife e São Paulo. Veja abaixo mais informações sobre como participar.

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O médico veterinário Alexander Biondo, especialista em doenças interespécies e líder dos trabalhos, explica que a pesquisa parte da hipótese de que o índice de transmissão seja baixo, como já aponta a literatura internacional. O mais importante, segundo ele, é fazer o monitoramento, entendendo que o vírus pode sofrer mutações e levando em consideração as diferentes características de cada região do Brasil. “Não acreditamos que vá estimular o abandono de animais; pelo contrário, as evidências devem indicar que não há motivos para preocupação.”

Estudos já demonstraram que a possibilidade de se contrair o vírus está relacionada à presença de um tipo específico de receptor de membrana, estrutura ausente, por exemplo, em aves e suínos. Entre outros mamíferos, a suscetibilidade varia – cavalos são mais resistentes, e gatos são mais vulneráveis do que cães, por exemplo, segundo Biondo.

Na Itália, único país a realizar um estudo similar ao conduzido pela UFPR, em um grupo de 817 animais domésticos, 3,4% dos cães e 3,9% dos gatos avaliados apresentaram anticorpos contra o Sars-CoV-2, o que indica que foram contaminados.

Desde o início da pandemia, há registros de gatos, tigres e leões que, contaminados com o vírus, desenvolveram sintomas respiratórios. Em condições experimentais, felinos domésticos foram capazes de transmitir o vírus para outros animais da mesma espécie. No Zoológico do Bronx, nos Estados Unidos, a análise do genoma do coronavírus que contaminou um tigre mostrou que a sequência viral é compatível com o que circula em pessoas.

O grupo da UFPR liderado por Biondo chegou a avaliar os animais do Zoológico Municipal de Curitiba para monitorar a possibilidade de infecção, mas todos testaram negativo para o Sars-Cov-2.

Outras espécies de mamíferos já se mostraram ainda mais vulneráveis. Na Holanda, quase 600 mil visons foram abatidos somente no mês de junho depois de serem constatadas taxas crescentes de infecção por Sars-CoV-2 entre os animais e de se descobrir dois possíveis casos de transmissão dos mamíferos para humanos. “Hamsters também são extremamente sensíveis. Tanto que foi a espécie escolhida para estudos com o vírus, incluindo o desenvolvimento de vacinas”, diz o pesquisador da UFPR.

A pandemia, aliás, começou a partir da transmissão do Sars-Cov-2 entre diferentes espécies, em um fenômeno chamado de spillover. O vírus se hospedava apenas em morcegos, mas acredita-se que teria contaminado um pangolim e sofrido mutações a partir das quais foi capaz de infectar humanos.

O aumento do contato entre diferentes espécies, que em seus habitat naturais sequer se encontrariam, e até mesmo entre diferentes grupos de seres humanos com diferentes características genéticas eleva a possibilidade de mutações dos agentes patogênicos, ressalta Biondo.

Pesquisadores recrutam animais cujos donos testaram positivo para Covid-19

Para o estudo, o grupo da UFPR procura animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico laboratorial confirmado por teste do tipo RT-qPCR ou resposta imunológica por IgM. De acordo com Alexander Biondo, a coleta das amostras nos animais será feita, em princípio, por meio de swab (tipo de cotonete) por via nasal ou oral, em domicílio. Caso necessário, o trabalho também poderá ser feito no Hospital Veterinário. “Se possível, também coletaremos sangue para realizar a sorologia.”

Informações e contato podem ser feitos pelo e-mail covid19@ufpr.br.

Serão feitas duas coletas, com intervalo médio de sete dias. Os resultados serão informados o mais brevemente possível aos donos dos animais por meio de contato telefônico e com a emissão de um laudo eletrônico que será enviado por e-mail ou aplicativo de mensagens. Em caso positivo, os demais animais da residência também serão testados em pool por espécie. Além disso, os familiares serão orientados a estabelecer o acompanhamento veterinário por 14 dias, intensificando medidas de higiene e proteção individual e coletiva.

Para participar da pesquisa, os tutores ou familiares voluntários receberão um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e um questionário de tele-vigilância. O objetivo é determinar as características ambientais e outros fatores associados à infecção nos animais.

Além da UFPR, participam do estudo o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fiocruz, do Recife, a Universidade de São Paulo, a Universidade Santo Amaro e o setor de diagnóstico molecular do Laboratório Tecsa/MG, com estrutura certificada necessária para o diagnóstico RT-qPCR.

No âmbito internacional, o projeto envolve colaboração da University of Washington, da London School of Hygiene and Tropical Medicine-LSHTM, da University of London e da Purdue University, USA. Além disso, há o compromisso de parceria com secretarias municipais de saúde.

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