Com a chegada da pandemia de Covid-19 no país em meados de março, todas as instituições públicas de ensino superior suspenderam as aulas presenciais e desde então as salas estão vazias. O foco no primeiro momento foi voltado à pesquisa ligada à doença, produção de insumos e atendimento aos infectados, já que os hospitais universitários de UEL, UEM, UEPG e Unioeste são referências no interior. Assim como o Hospital de Clínicas da UFPR é na capital.
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Com muitas incertezas e ainda sem perspectiva para que as aulas sejam retomadas nos campi, uma vez que os casos de coronavírus seguem em ascensão no Paraná, as universidades foram aos poucos migrando suas atividades para o ambiente digital para manter o vínculo com os estudantes e minimizar os efeitos da pandemia no ensino. Cada uma fez e está fazendo isso à sua maneira, com diferentes conteúdos, prazos e propósitos.
No caso das universidades estaduais, o Conselho Estadual de Educação definiu ainda no fim de março que a decisão de manter a suspensão do calendário escolar ou optar pela continuidade das atividades no formato não presencial caberia às direções das instituições. Veja qual a situação atual de cada uma delas:
UFPR
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade Federal do Paraná aprovou há 10 dias uma resolução criando um "período especial" (com aulas a partir de julho) para regulamentar as atividades de graduação de forma remota e possibilitar o adiantamento do currículo, uma vez que o calendário acadêmico original está suspenso. A oferta de disciplinas nesse período especial é de caráter voluntário para as unidades administrativas e professores, enquanto os estudantes terão a liberdade de realizar ou não as disciplinas – a recusa ou impedimento em efetuar matrícula não vai gerar prejuízos após a retomada do calendário acadêmico.
O período começa nesta segunda-feira (29) e vai até 26 de setembro para os cursos semestrais e até 7 de novembro para o anuais. São três ciclos de oferta de disciplinas – o primeiro começa nesta segunda – com três datas distintas para o início das atividades, sendo a primeira em 13 de julho. A eventual proposição de um novo calendário para o 1° semestre letivo deverá prever um prazo para readequar a oferta de disciplinas regulares e ajustes de matrículas.
UTFPR
Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, as aulas remotas, chamadas de Atividades Didáticas Não Presenciais (ADNPs), foram aprovadas pelo Conselho de Graduação e Educação Profissional (Cogep) e terão início dia 3 de agosto. O regime especial é válido apenas para as disciplinas que puderem ter toda a sua carga horária cumprida no formato remoto, ou seja, exclui disciplinas de laboratório, por exemplo.
Cada curso poderá ter até 50% das suas disciplinas ofertadas, sem contar disciplinas optativas e de caráter eletivo, que podem ser ofertadas livremente. Já o planejamento das atividades é feito com a participação dos professores, estudantes, departamentos, colegiados e coordenações de curso – e apenas as que tiverem 75% de concordância dos alunos matriculados serão aprovadas. Segundo a Pró-Reitoria de Graduação da UTFPR, não haverá qualquer prejuízo aos estudantes e professores que não puderem realizar as atividades de maneira remota, pois serão feitas quando houver o retorno das atividades presenciais.
UEL
Na Universidade Estadual de Londrina, a retomada do calendário acadêmico e o retorno das atividades de graduação por meio de ensino remoto emergencial teve início nesta segunda-feira (29) com prazo flexível para implantação por parte dos colegiados de cursos. A decisão foi tomada na última quarta (24) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UEL, que aprovou a retomada em três fases. Na primeira etapa as atividades serão predominantemente não presenciais para todos os cursos e séries que tiverem condições de iniciarem as atividades. Já a segunda prevê retomada gradual e escalonada com atividades presenciais, associadas às não presenciais, sem data ainda definida para ser iniciada. A terceira e última fase mira o retorno ampliado das atividades presenciais.
Além da retomada, o Cepe aprovou um novo calendário acadêmico da graduação, com ano letivo de 276 dias e não 200, conforme o calendário regular – o prazo ampliado é para a adequação ao trabalho remoto, visando incluir 100% dos estudantes (mais de 13 mil só na graduação). O 1° semestre letivo tem início nesta segunda (29) e termina em 18 de dezembro. O 2° semestre será retomado em 18 de janeiro de 2021 e concluído em 25 de junho de 2021.
UEM
No início de maio (8), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP) da Universidade Estadual de Maringá aprovou a oferta de atividades acadêmicas não obrigatórias de maneira remota e em caráter excepcional para os estudantes de graduação (mais de 13,7 mil). Na prática, cada departamento ganhou liberdade para escolher temas a serem abordados por meio de projetos de cursos de extensão, que poderiam ter correlação temática com programas de disciplinas curriculares. A ideia é o possível aproveitamento desses estudos desde que em um limite de até 20% da carga horária do respectivo curso de graduação. O que não for enquadrado como curricular poderá ter a carga horária validada como atividade acadêmica complementar.
Como tem caráter facultativo (até por questões como recursos tecnológicos para participação), quem não fez terá acesso aos mesmos conteúdos no momento do retorno às aulas presenciais. Por questionário online, 90% disse possuir equipamentos e condições de comunicação para realizar atividades virtuais.
A decisão tomada em maio tem previsão para ser revista no início de julho e considerando o prolongamento da pandemia, a UEM deve propor ações que possibilitem o retorno das atividades letivas curriculares de forma remota (até montou um grupo de trabalho que já concluiu o planejamento). A deliberação precisa ser feita pelo CEP em reunião a ser agendada.
UNIOESTE
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná, com campi em cinco cidades e sede em Cascavel, instituiu há duas semanas uma comissão de caráter consultivo para estudos, avaliação e planejamento para subsidiar a retomada das atividades de ensino. Ao todo são 27 membros, dentre professores, alunos e agentes universitários que começaram a se reunir para discutir a retomada das aulas.
Uma das ações foi o envio de amplo questionário online para ouvir os estudantes na semana passada, que será estendido a professores e funcionários. Alguns cursos estão realizando atividades complementares de forma remota.
UEPG
Na Universidade Estadual de Ponta Grossa está em andamento algo semelhante à UEM, com atividades remotas não obrigatórias e não avaliativas. A aprovação foi feita em 18 de maio pelo Conselho Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (COU-UEPG), que decidiu pela realização das atividades em três etapas.
Chamada de etapa de transição – ainda em andamento –, a primeira etapa tem previsão para durar 60 dias com possibilidade de prorrogação para evitar a evasão. O objetivo é que nesse período sejam colocadas em prática políticas de acesso para que nenhum acadêmico seja excluído do direito à educação bem como dar capacitação a professores sem experiência com o ensino não presencial. Em uma segunda etapa, a de aulas remotas, serão ofertados conteúdos disciplinares obrigatórios de forma gradual. Por fim, a última etapa seria a das aulas presenciais, com a retomada das atividades presenciais em caráter obrigatório, com possibilidade do uso de tecnologias digitais. O calendário letivo de 2020 será definido apenas após o retorno das atividades presenciais.
A UEPG informou que durante essa semana terá uma reunião para avaliar como está o andamento da etapa de transição.
UNICENTRO
Ainda em meados de abril, os membros dos Conselhos de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e de Administração (CAD) da Universidade Estadual do Centro Oeste, com sede em Guarapuava, decidiram pela manutenção em vigência do calendário acadêmico com a adoção de atividades não-presenciais durante o período de excepcionalidade decorrente da pandemia de coronavírus.
Segundo instrução da Pró-Reitoria de Ensino da Unicentro (Proen), as disciplinas não presenciais implantadas ficaram a cargo de cada cursos e a carga horária delas não poderia ultrapassar o limite de 20% da carga horária total do curso. Logo, nem todos os conteúdos teóricos estão sendo ministrados a distância. A instituição ofereceu cursos de ambientação à plataforma virtual que usa para professores e alunos. O calendário do primeiro semestre foi ampliado em 59 dias com contagem a partir da data de retorno das aulas presenciais.
UNESPAR
Na Universidade Estadual do Paraná, que tem campi espalhados por seis cidades do estado, o calendário não foi suspenso oficialmente e o recesso de meio de ano está mantido. O que está em vigor é uma resolução validada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão ainda de março, liberando o trabalho com atividades não presenciais em caráter extraordinário e temporário.
Segundo instrução da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Prograd), não há obrigatoriedade dos colegiados e centros realizarem as atividades e essa decisão parte da realidade de cada curso e turma. Apesar disso, de acordo com a Unespar, há uma grande adesão em todos os colegiados e "a quase totalidade dos cursos está realizando atividades curriculares ou cursos de extensão". A universidade diz tem buscado formas de inclusão digital – um dos grandes problemas hoje – visto que uma parte dos alunos não tem acesso. De qualquer forma, quem optou por não fazer ou não conseguiu, terá reposição no retorno das atividades presenciais.
UENP
Na Universidade Estadual do Norte do Paraná, com sede em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou no fim de maio a implantação de um regime especial, iniciado em 1º de junho. O regime consiste na aplicação de conteúdo teórico da grade curricular a critério e definição de cada colegiado dos cursos de graduação. Ou seja, não são conteúdo extras.
Por lá o calendário acadêmico também não foi suspenso e a universidade diz que a adesão e o resultado do regime são bons nesse primeiro mês: "já se verifica resultado satisfatório e o interesse de ampliação para mais componentes que eventualmente não tenham sido ofertados neste primeiro momento".
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