Uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta quarta-feira (14) cumpre quatro mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre suposto esquema de fraude eleitoral, por meio do qual ao menos 75 títulos de eleitores teriam sido transferidos para Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, com o uso de comprovantes de endereço falsificados.
As principais notícias do Paraná no seu WhatsApp
Entre os alvos da operação, batizada de Fake Address, está o gabinete da vereadora Maria Janeide de Souza Piacentini, conhecida como Jane Carteira (Pros). Segundo a PF, assessores da parlamentar, que é candidata à reeleição, estariam envolvidos com os pedidos de transferência de domicílio irregulares e há indícios de que multas de eleitores com situação irregular foram pagas pelos investigados.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, as solicitações de transferência de domicílio eleitoral foram recebidas pela Justiça Eleitoral exclusivamente por meio de sistema eletrônico, o Título Net. O juízo da 188ª Zona Eleitoral de Pinhais detectou que ao menos 75 dos pedidos foram feitos utilizando documentação falsa. De acordo com a PF, há evidências de que a estrutura da Câmara Municipal de Pinhais foi utilizada para cometimento do crime.
A Gazeta do Povo tentou contato com o gabinete da vereadora alvo da investigação na manhã desta quarta-feira (14), mas as chamadas não foram atendidas. Em uma rede social, ela publicou uma nota em que afirma confiar na Justiça e ter certeza “de que tudo será esclarecido no seu devido tempo”. Confira a publicação na íntegra:
Bom dia munícipes, estou aqui para prestar algumas declarações sobre o que estamos passando.
Tenho prestado mandato há 8 anos em Pinhais. Desde a minha primeira campanha sofremos perseguições, assédios em meio as redes sociais, cartas anônimas, entre outras.
Agora mais ainda por conta de ser mulher neste cargo que venho desenvolvendo expressivamente um bom trabalho, sendo na última eleição a mulher mais votada da cidade.
Há os que me conhecem e sabem do meu trabalho, há outros que só escutaram falar, e há muitos a me criticar, mas isso é infelizmente uma das faces negativas da política. Estamos aqui para apoiar, ajudar e prestar assistência ao nosso município.
Embora seja delicada esta situação, não podemos parar.
Tenho vindo fazendo uma campanha limpa, simples, porque amo o que faço.
Em relação aos boatos, isso já é clichê de vida, todos temos aqueles que não querem nosso bem, mas me apego à minha família, amigos e acima de tudo em Deus. Nada e ninguém é acima dele.
Tenho certeza que tudo será esclarecido no seu devido tempo. Confio na justiça
Fico a disposição.
Deus os abençoe.
Em nota, a Câmara Municipal de Pinhais afirma que “desconhece o uso de sua estrutura para o cometimento de qualquer tipo de fraude eleitoral” e que irá apurar “possíveis irregularidades e responsabilidades”. Confira o texto na íntegra:
A Câmara Municipal de Pinhais vem a público informar, em resposta a matéria veiculada em 14 de outubro de 2020, que o mandado de busca e apreensão cumprido no gabinete de uma vereadora é um caso isolado e que desconhece o uso de sua estrutura para o cometimento de qualquer tipo de fraude eleitoral. A Câmara informa ainda que os equipamentos utilizados nos gabinetes são de responsabilidade dos vereadores. Diante dos fatos divulgados irá apurar possíveis irregularidades e responsabilidades.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião