Numa disputa entre 144 empresas de nove estados brasileiros, quatro paranaenses se deram bem na 9ª Grande Prova de Vinhos do Brasil (GPVB), realizada no fim de outubro. Elas tiveram seus produtos premiados em quatro categorias diferentes, evidenciando o bom momento vivido pela vitivinicultura do estado. Num ano em que a pandemia aumentou o consumo de vinho no Brasil, o Paraná deu o pontapé num projeto que pretende movimentar toda a cadeia da uva, da produção à atividade turística.
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O programa Revitis foi lançado em novembro do ano passado pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab) em parceria com outros órgãos estaduais, universidades e iniciativa privada. O programa está apoiado em quatro eixos: incentivo para a produção, reorganização da comercialização, desenvolvimento do turismo e apoio à agroindústria. O objetivo era desenvolver uma série de ações ao longo de 2020, mas a pandemia do coronavírus acabou suspendendo grande parte delas.
O coordenador do Revitis, Ronei Luiz Andreatta, explica que a iniciativa surgiu diante da redução progressiva na produção de uvas no estado, enquanto a demanda pela fruta vem aumentando. “Historicamente, o Paraná tinha uma média de 6 mil hectares de área plantada. De uns dez anos para cá, esse número começou a cair e hoje não chega a 4 mil”, conta. Para efeito de comparação, o maior produtor de uvas do Brasil, o Rio Grande do Sul, tem 46 mil hectares plantados. Com cerca de 500 produtores, o Paraná aparece na quinta colocação entre os estados.
Enquanto a produção de uva diminuiu, a de seus derivados seguiu caminho oposto. Uma projeção feita pelas agroindústrias paranaenses aponta que até 2025 será necessário triplicar a área de plantas industriais para produção de suco de uva e vinho. “Ou seja, elas vão precisar de mais matéria-prima. Hoje, essas empresas estão comprando uva de outros estados e alguns de seus estoques estão zerados”, observa Ronei.
Setor vinícola movimenta mais de R$ 26 bilhões
Levantamento da Embrapa mostra que, no ano passado, o setor vinícola movimentou mais de R$ 26 bilhões no Brasil, entre venda de vinhos e enoturismo. Foram produzidos 200 milhões de litros de vinho, 20 milhões de litros de espumante e 120 milhões de litros de suco de uva. É de olho nesse mercado que o Paraná pretende intensificar a atividade, aproveitando algumas vocações regionais e explorando outras oportunidades.
Ronei explica que em Curitiba e região o clima mais frio e úmido favorece a produção de uvas para espumantes. Já no Sul e Sudoeste, as condições são favoráveis à uva rústica, melhor para produção de sucos e vinho tinto. Algumas cidades já contam com núcleos organizados para produção da bebida, como Bituruna, no Centro-Sul, Palmeira, nos Campos Gerais, e Mariópolis, no Sudoeste.
A viticultura também é vista como uma oportunidade para gerar emprego e renda em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “A parreira é uma cultura que, em pouca área, garante uma renda bastante razoável. É uma excelente opção para pequenas propriedades sem devastar reserva natural ou mata nativa”, destaca o coordenador do Revitis.
40 projetos e 20 circuitos turísticos para impulsionar vinho paranaense
Com a pandemia, as atividades do Revitis acabaram se restringindo a planejamento, reuniões virtuais e capacitação a distância. Para 2021, no entanto, já estão previstas iniciativas de apoio a 40 projetos comunitários no estado. “São grupos de produtores que receberão recursos para estruturar ou ampliar a produção de derivados de uva, juntamente com a capacitação técnica”, explica Ronei.
Na área de turismo, serão formatados 20 circuitos para visitação, nos moldes de iniciativas como o Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais, e o Caminho Trentino, em Piraquara. “Será feito um mapeamento das propriedades e iremos capacitar os produtores para que possam recepcionar os turistas. São várias fontes de renda possíveis na viticultura, desde que a cadeia esteja bem organizada”, conclui.
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