Por que voar do interior do PR para São Paulo é mais barato do que para Curitiba?

Os voos que vão ligar dez cidades do interior do Paraná a Curitiba começam a operar em outubro próximo, mas as passagens já estão à venda no site da Gol. Os preços, porém, chamaram a atenção dos leitores da Gazeta do Povo, que consideraram muito altos, passando dos R$ 700 em alguns trechos. No entanto, ao simular a compra de passagens entre cidades do interior e São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre, por exemplo, a tarifa pode sair mais barata do que o trecho direto para a capital.

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Em uma simulação que a reportagem fez, um voo entre Guaíra e Curitiba, em 22 de outubro, sairia por R$ 704,73. Já na passagem para São Paulo (Congonhas), a tarifa caía para R$ 516,73, e isso pegando o mesmo voo para Curitiba antes da conexão para a capital paulista. Veja as outras simulações.

As companhias aéreas não abrem as fórmulas que definem o preço das passagens. Cada uma trabalha com uma estratégia específica e, por isso, segundo o líder de operações do buscador de viagens Kayak do Brasil, Eduardo Fleury, a “composição das tarifas é um enigma”. Mesmo assim, é possível listar alguns fatores que entram na conta. “A tarifa basicamente tem combustível, leasing da aeronave, imposto sobre combustível e serviços, taxa de embarque dos aeroportos e o restante é a margem da companhia, se que vai definir se vai rentabilizar ou não naquele trajeto”, explica.

Essa complexa matemática permite que trechos mais longos e com conexão sejam mais baratos que voos diretos e mais curtos. Fleury aponta uma das possíveis explicações: “A demanda em um trecho mais longo e com escala ou conexão pode ser maior e, assim, a companhia aérea se planeja para oferecer preços mais atraentes para o passageiro.”

Isso não significa, porém, que sempre o voo mais longo vai ser mais barato. Nos próprios trechos da Gol para o interior do Paraná, há os casos em que só a perna até Curitiba fica mais em conta. União da Vitória e Paranaguá, por exemplo. Sem contar que, dependendo da data, os valores podem ser distintos e vantajosos para os voos diretos.

Se o passageiro puder se programar com antecedência, tem mais chances de encontrar passagens mais baratas. “Os viajantes devem se familiarizar com os preços habituais antes de se comprometerem e, quando virem um preço que parece muito mais baixo que o normal, devem estar prontos para comprar o bilhete”, sugere a gerente de marketing e comunicação do Skyscanner, Tahiana Rodrigues.

E se o passageiro descer no aeroporto de conexão?

Pelas simulações realizadas pela Gazeta do Povo, seria mais vantajoso financeiramente comprar uma passagem, por exemplo, entre Paranavaí e São Paulo, mas descer em Curitiba, caso esse fosse o destino desejado. Fazer isso tem um nome: skiplagging. Esta é uma prática muito difundida principalmente nos Estados Unidos e na Europa, mas que as companhias aéreas já estão atentas e buscando maneiras de coibir. A alemã Lufthansa, inclusive, chegou a processar um passageiro que usou esse artifício para pagar menos.

No Brasil não há nenhuma regra específica para coibir essa atividade. “Segundo o direito do consumidor no Brasil, o passageiro que pratica o skiplagging não faz nada ilegal, ele simplesmente decidiu descer antes”, esclarece Eduardo Fleury, do Kayak do Brasil.

Apesar disso, o passageiro que faz uso dessa prática fica sujeito a algumas limitações, como não poder despachar bagagem, já que ela só é retirada no destino final, ou não somar milhas no programa de fidelidade. Além disso, caso tenha comprado passagem de ida e volta, não poderá embarcar no destino intermediário no retorno.

Comparação de preços

Veja a diferença de preço entre os voos diretos para Curitiba e aqueles que passam pela capital paranaense como escala para destinos em outros estados

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