Pais de crianças em idade escolar ficaram diante de um dilema nas últimas semanas: mandar ou não os filhos pra escola? Para tentar esclarecer alguns pontos sobre o assunto, a Gazeta do Povo conversou com o médico pediatra Francisco Klas, responsável pelo departamento científico de Saúde Escolar, da Sociedade Paranaense de Pediatria. A ideia é elucidar algumas dúvidas sobre o retorno às aulas nos sistemas público e particular de ensino. Não só os pais, mas também profissionais de educação ainda têm receio sobre como o retorno às aulas pode ser seguro durante a pandemia.
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A Sociedade Paranaense de Pediatria promove uma live a partir das 19h30 desta quarta-feira, com o objetivo de orientar pais, médicos e profissionais da educação a respeito do tema. Confira a entrevista:
O senhor considera seguro o retorno às aulas nesta fase da pandemia?
Nós não podemos mais arcar com os danos pedagógicos, emocionais, físicos (obesidade, sobrepeso) e sociais causados pelo afastamento das crianças das salas de aula. É claro que existe o risco de contaminação nesse retorno. Mas precisamos entender que a vida precisa ser retomada e o momento de retornar as aulas é agora, quando estamos no início do ano letivo.
E qual deve ser o protocolo a ser seguido pelos pais para que esse retorno seja o mais seguro possível?
O cumprimento do protocolo de segurança é responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo: pais, educadores e profissionais da educação e também dos médicos. Precisamos pautar o retorno às salas de aula em três pilares fundamentais para garantir a máxima segurança dos alunos, dos profissionais da educação e das famílias que convivem com essas crianças:
- Uso de máscara: a máscara é imprescindível nesse momento, uma vez que o vírus é transmitido por vias respiratórias;
- Distanciamento social: não pode abraçar, beijar e a distância de 1,5 metro deve ser respeitada pelas crianças e pelos adultos;
- Álcool em gel: lavar as mãos com frequência e utilizar álcool em gel durante todo o período de aulas é fundamental para a segurança de todos.
E se aparecerem casos de coronavírus dentro das escolas, qual deve ser o procedimento dos pais e diretores?
O primeiro passo para evitar que isso aconteça é garantir que os três pilares de segurança da resposta anterior sejam cumpridos rigorosamente por pais e profissionais da educação. Algumas orientações importantes: se a criança apresentar qualquer sintoma como febre, nariz escorrendo, dor de garganta, vômito ou diarreia... Não mande a criança para escola. Se alguém da família, principalmente as pessoas que moram com a criança, apresentar qualquer sintoma, a criança também não deve ir para a escola. As escolas devem orientar as famílias a respeito disso. A criança só deve ir para a aula se estiver saudável, com a certeza de que não está infectada pelo vírus. A orientação vale também para os pediatras, que devem estar atentos aos diagnósticos e, sob qualquer suspeita de infecção, orientar os pais a não mandarem seus filhos para a escola.
Mas e, se mesmo com todos os cuidados, existir notificação de casos nas escolas, como deve ser o procedimento?
Só quem tem o poder de deliberar sobre o fechamento e abertura das escolas são as autoridades de saúde municipais e estaduais. Os comitês de saúde são qualificados para avaliar a gravidade dos casos de surtos e cruzarem essas informações com a disponibilidade de leitos para internamento de pacientes infectados.
Com o início da vacinação, não existe um risco da população “relaxar” nos cuidados e a ocupação de leitos voltar a crescer e inviabilizar o retorno às aulas?
Com a vacinação o cenário da pandemia passa a ser muito mais dinâmico. Conforme o número de vacinados vai aumentando, a tendência do impacto da doença no sistema de saúde é diminuir. Mas isso ainda vai levar uns meses. Eu repito: com respeito aos protocolos de segurança e atenção total aos três pilares que estamos falando aqui, vamos ter um retorno às aulas tranquilo e saudável para as crianças que já estão há tanto tempo fora da escola. Criança fora da escola impacta na situação social das cidades. É claro que cada família vai decidir o que considera mais seguro para seu filho, mas o prejuízo de afastar as nossas crianças das salas de aula é muito grande.
As orientações para as famílias que vivem com idosos e têm crianças em idade escolar são as mesmas?
Sim, as orientações gerais são as mesmas. Mas as famílias devem pesar os riscos. Famílias com idosos, pessoas com comorbidades ou que estejam em grupos de risco devem ser mais cautelosas. Aguardar que a vovó ou o vovô sejam vacinados é uma forma de prevenção. A vacinação vai acontecer e devemos ter uma taxa de risco cada vez mais baixa. Mas os cuidados devem ser observados por todos.
A volta às aulas não se resume exclusivamente à abertura das escolas, mas também envolve o transporte público e escolar e outros fatores como a alimentação dentro das escolas. O que o senhor tem a dizer a respeito disso?
Todos os cuidados precisam ser seguidos com rigor para diminuir os riscos. A regra é a mesma sempre: uso de máscaras 100% do tempo, distanciamento entre as pessoas e uso de álcool em gel. Isso vai diminuir a taxa de contaminação até que a situação seja normalizada ou que toda a população esteja vacinada. Sobre a alimentação nas escolas, cada família tem uma realidade diferente. Levar o lanche de casa é sempre mais seguro, porque os pais sabem como aquele alimento foi manipulado. Mas a realidade da escola pública não é essa. O importante é que todos os cuidados sejam observados para que não haja risco para os alunos.
Que cuidados adicionais que as escolas podem adotar para melhorar a segurança do ambiente?
Eu observei durante a pandemia que muitas pessoas estão se preocupando com coisas que são irrelevantes. Precisamos ter claro que o vírus é um vírus de transmissão respiratória, portanto, cabines de sanitização, tapetes de desinfecção, ultravioleta para matar vírus e bactérias das roupas... Isso é irrelevante. O importante são os três pilares: uso de máscara, distanciamento e álcool gel.
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