Apesar do decreto do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que autoriza o retorno das atividades presenciais nas escolas e universidades públicas do estado ainda não há consenso sobre quando os universitários voltarão às salas de aula. E um dos principais entraves para essa volta às aulas presenciais nas instituições estaduais de ensino superior é a falta de estrutura para garantir a segurança de alunos, funcionários e professores.
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De acordo com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), órgão do governo do estado que coordena o trabalho das universidades estaduais do Paraná, dois fatores devem ser levados em conta na decisão de volta às aulas presenciais. De um lado estão as orientações de uma comissão de especialistas formada dentro da própria Seti, que faz recomendações sobre como as instituições podem se adequar para receber alunos, professores e funcionários com segurança. De outro está a capacidade das universidades em cumprir com as normas sanitárias preconizadas pela Secretaria Estadual de Saúde para minimizar a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus.
Segundo o titular da Seti, professor Aldo Bona, ainda não há uma estimativa de quanto dinheiro será necessário para que as universidades façam as adequações necessárias para uma volta segura às atividades presenciais. “Cada instituição está finalizando este apontamento das demandas. Temos uma reunião marcada com os reitores em que nós vamos refinar melhor os entendimentos a respeito deste tema, e a partir dessa reunião cada universidade vai apresentar o conjunto das demandas, o que eles conseguem resolver por conta própria e o que nós vamos ter que encontrar uma forma de apoiar na resolução dos problemas”, explicou o superintendente.
A pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Marlete dos Anjos Schaffrath, ainda não fechou essa conta, mas estima que serão necessários alguns milhões de reais para deixar os sete campi aptos a receber o público universitário com segurança. “Não temos estrutura para viabilizar o ensino presencial nesses tempos de pandemia. Nossas salas não são arejadas o suficiente na maioria dos nossos prédios. Não recebemos investimento do Enem. Para aceitar uma volta presencial ou no modelo híbrido nós precisaremos de aporte financeiro para compra de EPIs. Por conta disso, não teríamos condições de oferecer todas as soluções sanitárias para receber os alunos agora. Vai precisar de bastante investimento, na casa dos milhões, para montar esta estrutura que nós não temos”, detalhou.
Essa falta de estrutura já está causando prejuízos na formação dos universitários. No campus da Unespar em Paranavaí, estudantes do curso de Enfermagem foram autorizados pelo Ministério da Educação a participarem de programas de estágio nos hospitais. Só que falta a esses mesmos estudantes uma formação prática, necessária, e que não vem sendo ofertada pela universidade porque, segundo a pró-reitora, não há condição de garantir a segurança dos alunos e professores nas aulas de laboratório.
“Vamos ter que nos articular para pedir dinheiro para a Seti pelo menos para esse curso, porque é da área da Saúde, é prioridade por causa da Covid. Ainda estamos sem ter essa garantia de proteção sanitária. E se o governo do Estado direcionar recursos para uma única disciplina de um único curso de um único campus de uma única universidade, todas as outras também vão querer recursos para suas próprias adequações. Nós temos essa consciência de que é uma situação bastante delicada para os gestores”, comentou Marlete.
Impactos distintos
Apesar de usar a volta às aulas presenciais dos alunos das escolas estaduais como parâmetro para as universidades, Bona reconhece que os dois cenários são diferentes entre si. Caso seja necessário restringir novamente o acesso dos estudantes às salas de aula após esse retorno, o impacto dessa medida na vida das crianças e adolescentes, na avaliação do superintendente, não é a mesma dos universitários.
“Na educação básica, quando se retorna às aulas presenciais e é preciso fazer uma nova interrupção, isso não causa grandes transtornos porque os estudantes moram no entorno das escolas. No caso da educação superior é uma realidade diferente. Os estudantes são de diferentes cidades do estado e até mesmo de outros estados do Brasil. A retomada das aulas presenciais implica em o estudante retornar à cidade onde estuda, retomar contratos de aluguel, entre outras coisas. É muito mais complexo e muito mais difícil para os estudantes ter que lidar com as consequências de um retorno seguido de uma nova paralisação das atividades presenciais,” avaliou o titular da Seti.
2020 só vai acabar em 2021
Acabar o ano letivo depois de dezembro não é exatamente uma novidade nas universidades estaduais do Paraná. Um histórico de greves mostra que as instituições de ensino superior já tiveram que lidar com essa situação outras vezes no passado. Agora, diferentemente de outros anos, não são as divergências entre sindicatos e governo os motivos para o atraso na conclusão das atividades acadêmicas. Para Aldo Bona, não é possível estimar o tempo necessário para que as universidades se recuperem do impacto causado pela pandemia de Covid-19.
A mesma opinião é compartilhada pela pró-reitora de Graduação da Unespar. “Todos perdemos, de alguma forma. São estudantes que não vão conseguir cumprir o prazo para formatura. São pessoas que precisam do diploma para o emprego. Temos calendários diferentes em cada um dos campus. Precisamos respeitar essas diferenças porque cada campus tem suas particularidades. Paranaguá é diferente de Paranavaí, que por sua vez é diferente de Campo Mourão. Então tem gente que vai acabar o ano letivo de 2020 agora em fevereiro. Tem campus que vai acabar em março, outros em abril ou junho. É difícil prever quando vai voltar à normalidade, mas antes de 2023 a gente não vai conseguir sincronizar os calendários”, avaliou Marlete.
Como estão as universidades?
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Na UEL, as aulas dos cursos de graduação e pós-graduação estão sendo realizadas de forma remota. Os conselhos e órgãos da universidade avaliam, periodicamente, as condições para a retomada das atividades presenciais, com base nos dados epidemiológicos da cidade de Londrina e do Paraná.
O calendário acadêmico para os cursos de graduação prevê o encerramento do ano letivo de 2020 até 25 de junho de 2021. Os colegiados dos cursos de graduação podem avaliar e antecipar o encerramento do ano letivo, especialmente para as turmas dos últimos anos dos cursos, considerando o cumprimento das cargas horárias das disciplinas. Ainda não há definição sobre o calendário para o ano letivo de 2021.
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
O retorno das aulas presenciais na UENP será condicionado à autorização das esferas competentes, considerando a situação da pandemia da Covid-19 no Brasil. As atividades acadêmicas presenciais, de acordo com a Resolução 005/2020 – CEPE/UENP estão previstas para retornar neste primeiro semestre de 2021, mas a data ainda será avaliada pelo Comitê de Elaboração de Plano de Contingência da Covid-19 na universidade, para posterior aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UENP.
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEM manteve a modalidade de ensino remoto até 29 de maio, quando se encerra o ano letivo de 2020. A autorização do retorno às aulas presenciais dependerá de parecer do Grupo de Trabalho Técnico que trata dos assuntos da Covid-19 na UEM, de modo a garantir as condições de segurança preconizadas na Resolução nº 632/2020 Sesa ou a que venha substituí-la. Os colegiados dos cursos de graduação da área da saúde poderão autorizar o retorno das atividades presenciais para as turmas dos últimos anos, desde que sejam cumpridas todas as medidas previstas nos protocolos de segurança.
Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
As aulas na Unicentro retornaram de forma remota no dia 3 de fevereiro, e seguirão no formato já praticado no ano passado. Qualquer alteração no formato, para a volta das aulas presenciais, será definida pelos Conselhos Superiores da universidade. O encerramento do calendário letivo de 2020 está previsto para o mês de maio. O calendário universitário para 2021 ainda não foi deliberado pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe) da Unicentro.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
A Unioeste segue com as aulas presenciais suspensas, com 100% de atividades on-line. A universidade esclarece que a retomada das atividades presenciais só ocorrerá após discussão com a Seti, Sesa e comunidade interna e após serem garantidas as condições de segurança sanitária. O primeiro período letivo especial e emergencial inicia em 18 de janeiro de 2021 e termina em 15 de maio de 2021. Já o segundo período letivo especial e emergencial inicia em 24 de maio de 2021 e termina em 30 de setembro de 2021.
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
A UEPG é a única das universidades públicas estaduais que já prevê uma data para a volta das aulas presenciais: 30 de abril. A decisão, porém, será revista e pode mudar por ordem dos conselhos superiores da universidade. Os dias de aulas remotas serão contabilizados como dias letivos e tiveram início a partir de 20 de julho de 2020, com sua oferta assegurada até o mês de abril de 2021.
Universidade Estadual do Paraná (Unespar)
O retorno das aulas presenciais na Unespar será discutido e decidido pelos conselhos superiores da universidade. O encerramento do ano letivo 2020 acontecerá em datas diferentes para os cursos e campi. O início do calendário acadêmico referente a 2021 acontecerá também em datas diferentes, entre 1º. de março e 26 de abril.
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