O retorno às aulas presenciais no Paraná para mais de um milhão de alunos da rede pública estadual será gradativo e começa na semana que vem, a partir de segunda-feira, dia 10, de forma simultânea ao esforço de vacinar os profissionais de educação do estado. A medida foi anunciada pelo governador Ratinho Jr. em entrevista coletiva no Palácio Iguaçu na manhã desta terça-feira (4).
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O esquema de retorno será híbrido, com revezamento de parte dos alunos no ensino remoto, com aulas ao vivo, em casa, e parte dos estudantes se deslocando para os colégios. "Metade dos alunos vão numa semana, e a outra metade na outra semana", disse o secretário Renato Feder. Inicialmente, segundo ele, 10% da rede, ou cerca de 200 colégios, retornam já na segunda-feira (10). Os alunos que não têm acesso à tecnologia para fazer o ensino on-line terão prioridade para ficar o dia todo na escola.
"A gente priorizou as escolas mais vulneráveis, em que uma parte dos alunos não tem acesso à tecnologia ou não pode pegar o celular do pai e da mãe emprestado. E também as escolas que têm profissionais fora do grupo de risco ou que entendem que a situação de seu município está adequada ao retorno. À medida em que for dando certo este retorno, a gente vai aumentar a quantidade de escolas, ainda em maio e junho, gradualmente, até chegar em todas as escolas", afirmou Feder.
Ao justificar o retorno, o governador Ratinho Jr. citou estudo realizado em 21 países que aponta que "a escola não é o grande problema da transmissão do vírus". E também deu razões socioeducativas. "A necessidade de voltar as aulas é um desejo do Estado, da Secretaria da Educação, de muitos diretores e professores, e de boa parte dos pais. Estamos vendo uma pressão psicológica na cabeça dessas crianças e jovens por estarem distante das escolas há um ano e meio praticamente. E estamos vendo um aumento da agressão das crianças dentro de casa. Muitas vezes agressão física, agressão psicológica. E com a escola retornando, isso ajuda a ter um maior monitoramento, através dos Cras, através dos conselhos tutelares. Então a questão social é muito importante, assim como a questão do aprendizado", destacou.
Para retorno do aluno às aulas, será preciso autorização dos pais
Para o retorno presencial, as escolas vão pedir autorização expressa dos pais ou responsáveis legais. Todas as escolas terão de cumprir os protocolos de segurança já amplamente divulgados, como o distanciamento de 1,5 metro entre os alunos, disponibilização de álcool em gel, uso obrigatório de máscara em todas as dependências dos colégios e aferição de temperatura nos pontos de acesso.
Ratinho Jr. informou que 32 mil profissionais de educação serão vacinados com o lote de imunizantes que chegou ao estado na última segunda-feira. A faixa etária escolhida é daqueles que têm entre 55 a 59 anos. Nos lotes seguintes, serão incluídos também os trabalhadores que estiverem atuando presencialmente. Somados aos 8 mil já vacinados por terem mais de 60 anos, serão 40 mil profissionais imunizados. "É um volume grande, nesta arrancada para tentativa de busca de normalidade para volta às aulas", disse.
A intenção era já ter retornado gradualmente as aulas, mas Ratinho lembrou que "houve um tsunami naqueles sessenta dias entre fevereiro e março", com recrudescimento dos números da Covid no estado, que impediu o calendário planejado. O secretário Beto Preto destacou também que a segunda onda da pandemia surpreendeu a todos, mas, agora, haveria indicativos positivos para o retorno de forma controlada. "A chegada da cepa amazônica acabou interferindo frontalmente com a estratégia montada pelo secretário Feder naquele momento. Ainda hoje temos ocupação de leitos em alta, mas já temos viés de baixa, tanto no número de casos como óbitos"", apontou.
Nas novas cargas de vacina destinadas ao Paraná, um percentual passará a ser separado para vacinação específica dos profissionais de educação. Nesta semana, à exceção de Curitiba, que recebeu também doses da vacina do laboratório Pfizer, todos os municípios receberão o imunizante da AstraZeneca, numa distribuição equitativa e proporcional.
Segundo dados do Ministério da Saúde, haveria 169 mil trabalhadores na educação no Paraná, do ensino fundamental ao médio, nas redes pública e privada. O número é contestado pelo governo paranaense, que calcula que apenas o pessoal das redes públicas municipais e estadual já superaria esse montante. "Fatalmente teremos um quantitativo de escolas privadas que também vai se anexar. É outra discussão que vamos seguir com o Ministério da Saúde", disse Beto Preto. O governo estadual, destacou, já enviou nesta semana um diretor da Secretaria da Saúde para Brasília que tenta demonstrar um déficit de 78 mil trabalhadores de saúde no Paraná não vacinados, "e que merecem ser vacinados, de acordo com o próprio plano nacional".
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