Um em cada três caminhões pesados vendidos no Brasil em 2022 foram produzidos pela Volvo, em sua unidade industrial instalada na capital paranaense. O número, que consolidou a marca como a líder do mercado de caminhões em todos os segmentos em que atua, foi divulgado em uma coletiva de imprensa realizada em São Paulo nesta quinta-feira (16).
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Para o diretor executivo de Caminhões da Volvo do Brasil, Alcides Cavalcanti, a marca é considerada histórica. Ao todo, no ano passado foram mais de 24 mil caminhões entregues pela montadora, 10% a mais do que em 2021. Deste total, 18.747 são veículos da classe de pesados, categoria em que o Volvo FH é líder há cinco anos consecutivos.
“Este é sem dúvidas um caminhão consagrado no mercado brasileiro. A linha FH tem um ótimo retorno ao transportador. E nós estamos falando de robustez, eficiência de operação, economia de combustível e sem dúvida a segurança. Esses são diferenciais que ficam ainda mais evidentes com a nova série Euro 6, que começou a ser fabricada em Curitiba agora no início do ano”, reforçou Cavalcanti à Gazeta do Povo.
Linha de semipesados da Volvo liderou mercado em 2022
Além da liderança consolidada do FH na linha de pesados, a Volvo também quebrou recordes na venda de caminhões da linha VM, de semipesados. Pela primeira vez o modelo VM 270 foi o líder de vendas no Brasil, com 4.732 emplacamentos feitos no Brasil em todo o ano de 2022, o que representou um crescimento de 38% em comercializações no setor.
“Esta foi a primeira vez que um dos nossos modelos VM, o 270, liderou o mercado. Tivemos em 2022 o maior volume de vendas em toda a história da linha VM. Para nós, é um sinal claro de que este veículo está com uma boa aceitação no mercado. Mais do que isso, estamos nos posicionando de forma significativa em um segmento que tem como característica uma grande competitividade entre as marcas”, ponderou o diretor executivo de caminhões da Volvo.
Venda de ônibus da Volvo foi destaque em 2022
A linha de ônibus, cujos chassis também são fabricados na unidade industrial da Volvo em Curitiba, teve um crescimento expressivo não só no Brasil, mas também em toda a América Latina. Nas contas da montadora, em 2022 foram 95% de crescimento em volume de negócios com quase 2 mil unidades comercializadas em toda a região – a América Latina foi o destino de um a cada três ônibus produzidos pela Volvo mundialmente em 2022.
Dois dos destaques elencados no evento foram as entregas de 99 ônibus para o sistema Tu Bus, que será integrado ao Transmetro da Cidade da Guatemala, e de 566 veículos para o sistema BRT de Santiago. Na capital chilena foram entregues 474 ônibus convencionais e 92 articlados.
No mercado doméstico, em 2022 foram emplacados 658 chassis Volvo, o que representa um crescimento de 79% em volume de vendas. Muitos desses veículos foram entregues para as prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro, que estão passando por uma renovação da frota do transporte coletivo urbano – a capital paulista adquiriu 240 veículos, enquanto outros 100 chassis articulados foram entregues na capital fluminense.
Para André Marques, presidente da Volvo Buses Latin America, uma das explicações para o aumento nas vendas não só dos veículos de transporte urbanos, mas principalmente dos ônibus rodoviários, é o fim das medidas de distanciamento. Com o retorno gradativo à normalidade e a pandemia seguindo em ritmo de forte desaceleração, muitas pessoas voltaram a viajar. Foram 391 chassis rodoviários Volvo entregues no Brasil no ano passado, um crescimento de 220% sobre o ano anterior.
“A América Latina tem uma forte representatividade nos negócios da Volvo Buses global. Os países da nossa região são estratégicos para nosso negócio. São vendas que demonstram a confiança do mercado em nossa oferta de veículos e serviços para sistemas de grande capacidade, com ônibus de alta robustez e desempenho, com baixo consumo de combustível”, avaliou Marques, para a Gazeta do Povo.
Curitiba receberá testes de ônibus 100% elétricos da Volvo
Um dos destaques anunciados pelo presidente da Volvo Buses Latin America na coletiva de imprensa foi a realização de testes com o novo chassis urbano BZL, que é 100% elétrico. O modelo vem sendo utilizado há vários anos na Europa, e conta com configurações de 3 a 5 baterias, que dão uma autonomia de 300 quilômetros a cada carga cheia. Além de poderem ser carregados na garagem, durante a noite, os veículos também podem receber cargas rápidas de seis minutos nos pontos finais das linhas, e assim manter o veículo em operação de forma ágil.
Marques explicou à Gazeta do Povo que Curitiba foi uma das cidades escolhidas para a realização dos testes do BZL, junto a São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil; Santiago, no Chile, e Bogotá, na Colômbia. “Os chassis são importados da Suécia, e irão participar de um chamamento público aberto pela URBS, que coordena o transporte coletivo em Curitiba. Será um processo de testes, em que vamos literalmente colocar à prova os benefícios que o nosso produto oferece. Nós temos muita confiança nesse chassis, que alia confiabilidade e rendimento energético”, afirmou o presidente da Volvo Buses Latin America, confirmando que os testes estão marcados para o segundo semestre.
Previsão para 2023 é de cautela, com queda estimada em 23% no mercado de caminhões
Para 2023, porém, o cenário previsto pela Volvo para o mercado brasileiro é de cautela. Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina, estimou que no Brasil, o mercado de caminhões acima de 16 toneladas deve contar com cerca de 75 mil novas unidades comercializadas. A queda, se confirmada, será de cerca de 23% em relação às vendas totais do segmento em 2022.
Lirmann elencou uma série de pontos de atenção, que explicariam a queda expressiva na comercialização de caminhões pesados no Brasil. Além de fatores externos que influenciam diretamente na cadeia de suprimentos, como a persistência da guerra na Ucrânia, fatores internos, como a inflação e os juros altos, também devem pesar na decisão de compra dos transportadores.
Euro 6 é destaque da marca, mas pode impactar nas vendas
Um dos grandes destaques da marca é a nova linha de motores Euro 6, que começou a ser fabricada em Curitiba no início de fevereiro. Os caminhões equipados com essa motorização têm uma economia significativa no consumo de combustível, que reflete em uma menor emissão de poluentes. Além dessa característica, os motoristas ganham em dirigibilidade e conforto nos veículos Euro 6.
Porém, este também pode ser um dos responsáveis pela queda nas vendas da marca neste ano. Lirmann explicou que para atingir esses patamares de economia foram necessários investimentos em componentes eletrônicos e tecnologias no controle de emissão de poluentes que aumentaram o valor dos caminhões entre 20 e 25%.
“Parte desse índice será absorvido, mas o restante será repassado ao consumidor final. O Euro 6 agrega diversas tecnologias aos caminhões. E com isso veio o aumento de custos. Além disso, entram na conta também a inflação dos materiais utilizados na produção, e é inflação fora do Brasil. No nosso cenário econômico interno, estamos com uma taxa de juros que se não impede, freia qualquer tipo de investimento. Ainda há a cadeia global de suprimentos, que continua sendo um desafio para os fabricante. Porém, há que se considerar que esse cenário é dinâmico, e essa previsão pode mudar no decorrer do ano”, considerou Lirmann.
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