Nariz entupido, coceira, crises de espirro. O curitibano que não sofre com esses sintomas, com certeza conhece alguém – ou vários alguéns – que sofre. É a rinite, inflamação da mucosa nasal que pode ser desencadeada por alérgenos como pólen, poeira, pelos de animais e mofo, ou por irritantes não alérgicos, como poluição do ar, odores fortes, infecções virais e mudanças de temperatura.
Não é à toa, então, que Curitiba, conhecida pelo frio mais seco, a chuva que favorece a proliferação de mofo e a variação rápida no tempo, é informalmente conhecida como “capital da rinite”.
De acordo com o médico otorrinolaringologista Matheus Chioro Corrêa, o frio, aliado às oscilações de temperatura ao longo do dia e à menor umidade das estações mais frias, faz com que nosso sistema respiratório, principalmente a mucosa nasal – que está na porta de entrada do ar e tem, entre outras, a função de reter impurezas –, “trabalhe” em condições inadequadas, causando um processo de irritação/inflamação.
Isso tudo favorece não apenas a ocorrência de rinite, mas também de outras condições respiratórias, sejam elas provocadas por alérgenos, bactérias ou vírus. A sinusite, por exemplo, também é comum entre os que vivem na capital paranaense. Inflamação dos seios paranasais, as cavidades cheias de ar ao redor do nariz, ela pode ser desencadeada por infecções virais, bacterianas ou fúngicas, alergias, obstruções nasais, pólipos nasais, entre outros.
Além do frio
Entre os respondentes da terceira edição da pesquisa “Como você enxerga Curitiba?”, enquete informal realizada com os leitores da revista Pinó para o aniversário da cidade, 51,3% afirmaram ter rinite, enquanto 25,6% têm sinusite. Para 66,8% deles, os sintomas das condições pioram “a cada mudança no tempo”.
Isso se dá não apenas pela mudança em si, mas pelas características das diferentes estações. O inverno, como mencionado, é frio e seco. A primavera, por sua vez, apesar de trazer dias mais quentes e embelezar a cidade com suas flores, também pode complicar a situação de quem sofre com condições como rinite e sinusite.
Isso porque ela traz consigo a polinização, o que pode desencadear crises intensas em pacientes com rinite alérgica. “Uma dica que costumo dar aos meus pacientes é que procurem o otorrinolaringologista uns 40 dias antes do início da estação. Pois, ao fazermos o tratamento preventivo, muitas vezes, conseguimos evitar a exacerbação dos sintomas naquela estação crítica para o paciente”, recomenda Corrêa.
Além do tratamento preventivo, o médico explica que a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, alimentação balanceada, diminuição do estresse e um sono de qualidade, contribui para o fortalecimento do sistema imunológico, o que faz com que os episódios agudos de infecções sejam “combatidos” pelo nosso próprio organismo.
Tratamento
Segundo o médico, há inúmeros tratamentos para a rinite, desde os preventivos até os medicamentosos. No primeiro grupo, estão higiene ambiental e lavagem nasal. “No tratamento, utilizamos a lavagem nasal com soro fisiológico 0,9% periodicamente, aliado ao controle com a higiene ambiental, por meio de ambientes arejados para evitar acúmulo de ácaros”, explica.
Faz parte da higiene ambiental o cuidado com roupas e acessórios que ficam guardados por longos períodos. Nesse caso, é fundamental retirá-los do armário e expô-los ao sol antes de usá-los, visando eliminar os ácaros que podem desencadear crises respiratórias.
Além disso, para alguns pacientes com rinite alérgica há também a opção da imunoterapia, conhecida como vacina da rinite, que pode ser feita tanto via subcutânea como via sublingual. No segundo grupo, medicamentos tópicos nasais e aqueles administrados por via oral são usados para reduzir os sintomas.
Já nos quadros de sinusite, que, em sua maioria, são agudos e virais, conforme Corrêa, o uso de medicações para combater os sintomas costuma ser suficiente. “Alguns quadros podem evoluir para uma sinusite bacteriana, onde o uso de antibióticos será necessário. Por isso, é tão importante uma avaliação médica para propor o melhor tratamento”, alerta.
Para os que sofrem com a sinusite crônica, o otorrinolaringologista afirma que o tratamento cirúrgico para realizar a “ limpeza” dos seios da face e restabelecer o fluxo adequado de ar nessas cavidades pode ser uma opção assertiva.
Os sintomas de rinite e sinusite
RINITE
- Congestão nasal
- Coceira no nariz, garganta e olhos
- Coriza
- Espirros
SINUSITE
- Congestão nasal
- Dores na face
- Secreção nasal abundante
- Tosse
- Sensação de secreção escorrendo do nariz para a garganta
Atenção ao uso de spray descongestionante!
Conforme Corrêa, o uso de descongestionante tópico nasal não é benéfico para tratar rinite e sinusite, principalmente se ele for feito sem orientação e acompanhamento médico. Usados a longo prazo, os sprays nasais tendem a piorar os sintomas e desencadear uma rinite medicamentosa que vai exigir doses cada vez maiores de medicamento para ter o efeito de alívio da congestão nasal e que podem resultar em patologias sistêmicas potencialmente graves, como arritmias cardíacas, hipertensão arterial e outras.
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