Defesa Civil monitora afundamento em Maceió| Foto: Gésio Passos/Agência Brasil.
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A área afetada pelo afundamento no solo no bairro do Mutange, em Maceió, já chega a 1,69 m desde o início do monitoramento feito a partir do último dia 28 de novembro. Segundo a Defesa Civil, a região onde fica localizada uma mina da Braskem, e que tinha sofrido abalos sísmicos, está estável desde a manhã de hoje. O deslocamento de terra foi de 10,8 cm as últimas 24 horas.

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Mesmo assim, a Defesa Civil do município mantém a orientação para que os moradores evitem transitar pela área, e permanece em alerta máximo. Dados da mineradora, que monitoram o local, revelam que a acomodação do solo está concentrada na área da mina e pode sofrer uma acomodação gradual ou até mesmo abrupta do solo.

Segundo a empresa, a área de resguardo no bairro do Mutange está desocupada desde abril de 2020. Neste sábado (2), a Braskem afirmou que os moradores de 23 imóveis que permaneciam na área de risco foram realocados pela Defesa Civil por determinação judicial.

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As imagens também mostram que a área seca está sendo ocupada pela água da lagoa Mundaú. A área é monitorada por equipamentos da Defesa Civil que registraram um novo tremor de terra de magnitude 0,89 no sábado.

O sinal de alerta foi aceso na última quarta-feira (29), quando Defesa Civil de Maceió alertou que uma mina da Braskem estava em risco iminente de colapso.

A população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.

Primeiros alertas foram dados em 2018

Os primeiros alertas sobre os danos no solo na região da mina da Braskem aconteceram em meio de tremores de terra no dia 3 de março de 2018. Na ocasião, o tremor fez ceder trechos de asfalto e causou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo cerca de 14,5 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.

O governo de Alagoas autorizou a extração de sal-gema, matéria-prima usada para produção de PVC e outros produtos, como cloro, soda cáustica e bicarbonato de sódio em Maceió, inicialmente pela Salgema Indústria, que depois passou a ser chamada de Braskem, mesmo sem o órgão ambiental não recomendar as extrações.

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A empresa que deu início à atividade foi a Salgema Indústria Química de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Apesar de o órgão ambiental da época não recomendar as extrações, a atividade na região aconteceu a partir de 1975.

No início, as reclamações foram feitas por moradores do bairro do Pinheiro, mas no mesmo ano foram registradas também no Mutange e Bebedouro. No ano seguinte, moradores do Bom Parto também reportaram danos em suas residências.

No ano seguinte, o Serviço Geológico do Brasil (antigo CPRM) concluiu que as atividades de mineração da empresa Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema. No laudo, cientistas afirmam que o tremor de terra de 2018 aconteceu em razão do desmoronamento de uma dessas minas.

Segundo o estudo, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas. Desde então, o MPF em Alagoas acompanha o caso. Em meados de 2019, ocorreram as primeiras evacuações do local.

Até então, havia 35 poços de extração em área urbana. Os poços estava pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.

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Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade. Após o laudo que apontou a exploração como responsável pela instabilidade da região, foram fechadas 35 minas da região de Mutange e Bebedouro.