Sem resposta
Saiba quais as perguntas que ainda não foram respondidas sobre o caso:
Qual era a velocidade do veículo na hora da colisão?
O carro do deputado era mesmo blindado?
Não foi feita a coleta de sangue no momento do atendimento médico, que permitisse a realização de exame de teor alcoólico?
Por que a família decidiu transferi-lo para São Paulo, já que Curitiba tem profissionais especializados em reconstrução facial?
Haveria outro carro disputando um possível racha com o deputado Ribas Carli Filho?
Único sobrevivente do acidente que matou dois jovens na madrugada de quinta-feira passada, o deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB) foi multado 30 vezes nos últimos seis anos e acumula 130 pontos na carteira de motorista. Do total, 23 foram por excesso de velocidade seis delas a menos de dois quilômetros do local da batida. Como o parlamentar não recorreu de sete infrações, ele teve a habilitação cassada e não poderia dirigir desde julho do ano passado.
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De acordo com o que determina o Código de Trânsito Brasileiro, três multas foram consideradas gravíssimas, já que o deputado excedeu em mais de 50% a velocidade permitida apenas uma infração desse tipo implica automaticamente a suspensão da carteira de motorista. No dia 28 de setembro do ano passado, Carli Filho foi multado quatro vezes por excesso de velocidade em pouco mais de duas horas. Em agosto de 2007, ele já havia recebido duas multas pelo mesmo motivo em menos de 40 minutos e, em novembro de 2008, também ultrapassou o limite máximo permitido duas vezes no mesmo dia.
Pelo procedimento padrão do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), todo motorista que tem a carteira suspensa recebe uma notificação por correio e deve entregar a habilitação para cumprir a suspensão imposta pela entidade. Como a assessoria do Detran não informou o andamento dos processos envolvendo o deputado, existe a possibilidade de ele ter entregado a carteira e continuado dirigindo sem documento, ou de nem sequer ter cumprido a determinação do órgão. Segundo o Detran, se o motorista não devolver a habilitação, a única chance de a irregularidade ser descoberta é por meio de blitze e fiscalizações.
Recorreu
Carli Filho recorreu de 12 das 30 multas que recebeu desde 2003. O deputado ainda pode recorrer de 11 punições. Como não houve recurso às outras sete multas, o parlamentar teve a carteira suspensa pela primeira vez no dia 18 julho do ano passado. Conforme a legislação de trânsito, condutores multados têm três chances de recorrer da punição, num prazo de 30 dias contados a partir de quando são notificados. O último recurso que pode ser feito no Conselho Estadual de Trânsito só é julgado se a multa for paga antes do julgamento.
Além das infrações por excesso de velocidade, o deputado do PSB foi multado seis vezes por estacionar em locais proibidos e um vez por dirigir falando ao celular.
Por meio da assessoria, o também deputado estadual Plauto Miró (DEM), tio de Carli Filho, declarou que a família não irá se pronunciar sobre o assunto e vai aguardar o andamento do inquérito que investiga o caso, em virtude de supostas distorções que têm sido levantadas em relação ao acidente.
Colisão
O acidente, envolvendo um Volkswagen Passat de cor preta de Carli Filho e um Honda Fit prata, aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no bairro Mossunguê, Curitiba, por volta da 1 hora de quinta-feira passada. O deputado trafegava pela Monsenhor Ivo Zanlorenzi, quando bateu violentamente contra o Honda Fit. Com o impacto da colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via paralela ao local do impacto.
Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida, tiveram morte instantânea. Eles voltavam do ParkShopping Barigui, onde Almeida trabalhava há cinco meses.
Indícios
O empresário Gilmar Yared declarou à Gazeta do Povo na última sexta-feira que a morte do filho foi um crime e não um acidente. "Testemunhas disseram que havia um terceiro carro participando de um racha com o deputado. Meu filho, ao contrário, estava bem devagar", defendeu.
No entanto, a primeira conclusão do delegado responsável pelo caso, Armando Braga de Moraes, é de que não há indícios de racha ou de outro carro envolvido no acidente.
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