O número de paranaenses que desaprova a gestão do presidente Michel Temer (PMDB) chegou a 81,3%. Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Para o diretor o instituto, Murilo Hidalgo, “é o caos jamais visto”.
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O índice de insatisfeitos cresceu em relação a março deste ano, quando a reprovação à gestão federal chegou a 70,9%. A mesma pesquisa realizada em agosto do ano passado, quando se inicia a série histórica, registrou um empate técnico entre os que aprovavam (46,4%) e os que reprovavam o peemedebista (45,6%).
A pesquisa, que ouviu 2.516 habitantes maiores de 16 anos em 91 municípios do estado, foi realizada entre 7 e 11 de setembro, período em que a Procuradoria-Geral da República já se movimentava para a apresentação da segunda denúncia contra o presidente. A denúncia foi apresentada efetivamente no último dia 14. A margem estimada de erro para o estudo é de 2 pontos porcentuais.
Dos paranaenses ouvidos, apenas 15,4% afirmam aprovar a gestão do presidente, enquanto 3,2% disseram não saber avaliar ou não opinaram. Na avaliação anterior, em março, 24,5% dos entrevistados aprovavam o peemedebista à frente do Executivo.
Para Hidalgo, Temer chegou “ao fundo do poço”. O que, ironicamente, pode não ser tão ruim para a sequência de sua gestão. “É o caos jamais visto. Ele chegou ao fundo do poço. O que pode ser bom [para ele], porque hoje ele tem condições de fazer as reformas que propôs já que não tem mais o que perder”, analisa. “Se, por exemplo, ele tomar uma atitude como prometer emenda, oferecer cargo a deputado, não tem mais o que perder em nível de opinião pública.”
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Público feminino
O número de descontentes com o atual presidente é maior entre as mulheres: 83,3% do público feminino desaprova a atual gestão do chefe do Executivo do país. Entre os homens, o índice de reprovação é de 79,1%.
Na estratificação por faixa etária, o total de incomodados com o presidente é maior entre a população de 25 a 34 anos: 84,7% discordam da gestão atual. A pesquisa identificou também que a reprovação ao presidente chega a 77,5% da população das classes A e B, e a 85,5% entre os ouvidos na classe C. Nos extratos mais carentes da população, classes D e E, a reprovação é de 76,4%. “A avaliação dele é ruim entre ricos e pobres, jovens, idosos. Em todo o estrato é ruim”, afirma Hidalgo.
A pesquisa detectou também a percepção da população do estado quanto à deterioração da condição financeira desde que o presidente Temer chegou ao cargo mais alto da República. Para 53,9% dos entrevistados, as finanças pessoais permaneceram do mesmo modo. Em agosto do ano passado, esse índice era de 70,8%. Já para 39,2%, a situação financeira piorou.
Expectativa x realidade
Ao responder à pergunta se a administração do presidente Michel Temer é melhor, igual ou pior do que o esperado, 60% dos entrevistados definiram como abaixo das expectativas. Já para 29,6%, a gestão está dentro do esperado. Apenas 8,1% afirmaram que o trabalho do presidente é melhor do que se imaginava.
Em agosto do ano passado, quando a série histórica teve início, 52,6% avaliavam a gestão de Temer como dentro do esperado, já 20% entendiam como abaixo da expectativa e 23,6% demonstravam otimismo. Em março deste ano, no entanto, 45,6% dos entrevistados avaliaram a atuação do presidente como aquém do esperado; para 35,3%, o trabalho atendia o que aguardavam e 15,7% defendiam as ações do chefe do Executivo como melhor que as expectativas.
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