A ditadura militar está de volta...em forma de debate

• 0

A incitação à volta da ditadura militar – diante da descrença na classe política – tem ganhado espaço nas ruas e nas redes sociais, com força, há dois anos. Mesmo com as várias negativas do Exército, o assunto volta e meia vem à tona, gerando todo o tipo de reação. Na intenção de refrescar a memória sobre as consequências de um período ditatorial, uma iniciativa político-artística vai percorrer onze cidades do Paraná.

O texto clássico do dramaturgo Augusto Boal, Murro em Ponta de Faca , será encenado pela companhia Espaço Cênico, acompanhado, na sequência, de um debate com a plateia. Em cada cidade, pessoas que vivenciaram a ditadura irão contar o que enfrentaram. A série de apresentações começa em Piraquara, às 19h30 desta sexta-feira (18), no Theatro Municipal Heloína Ribeiro de Souza, com entrada franca. Depois da peça, entra em cena a socióloga Sonia Lafoz, que lutou contra a ditadura e ficou exilada por oito anos.

Sonia promete contar, entre outras passagens, as circunstâncias em que tomou três tiros. “Quero que as pessoas façam perguntas”, comenta. Para a socióloga, é importante analisar o que aconteceu no passado e entender que os fatos repercutem ainda hoje. “A história se repete. Precisamos tentar evitar novos períodos de sombras”, afirma. Ela pretende reforçar, entretanto, que comparações entre o momento atual e as décadas de 1960 e 1970 precisam ser analisadas pela ótica das diferenças bruscas entre as situações.

A série de apresentações se estende por agosto e setembro, passando também por Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, Umuarama, Arapongas, Maringá, Pinhais, Araucária, Campo Largo e Paranaguá. O espetáculo tem a direção de Paulo José e conta com seis atores no elenco. A montagem do texto de 1974 estreou em Curitiba, em 31 de março de 2011, durante do Festival de Teatro, e depois seguiu para temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nena Inoue, do Espaço Cênico, conta que decidiu realizar a peça depois que notou que jovens na plateia, durante uma leitura do texto, desconheciam a ditadura no Brasil.