Em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) no âmbito da Operação Quadro Negro, o deputado estadual Plauto Miró (DEM) negou que tenha participado ou se beneficiado do esquema de corrupção que desviou recursos de obras de escolas. Plauto admite conhecer Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora, mas diz que nunca pediu propina a ele, e nada foi oferecido pelo empresário. “Nunca dei abertura para isso”, disse Plauto aos investigadores.
O depoimento foi prestado em maio deste ano, mas veio à tona apenas no início deste mês, a partir de uma ação civil pública por improbidade administrativa protocolada pelo MP contra Plauto e outras 12 pessoas.
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No depoimento, o parlamentar, contudo, não soube informar quem o apresentou a Eduardo Lopes de Souza: “Eu o conheci nos corredores da Assembleia Legislativa. Ele sempre estava ali, orbitando em torno da presidência da Casa, perambulando por lá”. Na sequência, quando questionado pelos investigadores o motivo que levava o empresário a frequentar o local, Plauto não soube explicar: “Não sei exatamente o que ele estava fazendo ali”.
Principal delator da Operação Quadro Negro, Eduardo Lopes de Souza disse às autoridades que Plauto estava entre os políticos que receberam dinheiro desviado dos contratos firmados entre o poder público e a sua empresa, a Valor Construtora, para reformas ou construções de escolas no Paraná. Duas escolas de Ponta Grossa, base eleitoral de Plauto, aparecem na investigação, mas o parlamentar sustenta que a atuação dele se resumiu a uma articulação política junto à Secretaria da Educação para que as obras “se tornassem realidade”.
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Na delação de Eduardo Lopes de Souza, consta que Plauto teria pedido ao empresário para antecipar uma medição da obra, atestando uma progressão fictícia, com o propósito de gerar uma fatura no valor de R$ 1 milhão – parte do dinheiro seria destinada ao próprio parlamentar. “Não. Nunca recebi nada. Fizemos apenas um trabalho político junto ao secretário estadual de Educação para que a obra se tornasse realidade. Só articulação política”, disse o Plauto.
Em outra parte do depoimento, Plauto admite um único encontro com o empresário no próprio gabinete. “Ele foi lá para dizer que tinha informação de que uma obra seria licitada pela prefeitura de Ponta Grossa e que ele iria participar da licitação. Ele sabia que tínhamos atuado [politicamente] para liberar recursos”, resumiu o parlamentar.
Mas Plauto nega que tenha se encontrado com o empresário em uma panificadora do Batel, para receber propina, como alega o delator. “Minha mãe, tem 90 anos, reside perto. E eu frequento... às vezes para comprar pão. Encontro bastante gente, muita gente conhecida lá. Mas o Eduardo não”, afirmou ele.
Cheque
Plauto também negou que, no final de 2014, tenha articulado para assegurar que o dinheiro da “sobra orçamentária” da Assembleia Legislativa devolvido aos cofres do governo do Paraná – propagandeado em solenidade, com “cheque gigante” - fosse destinado a obras da Valor Construtora, viabilizando o desvio do dinheiro.
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“Não temos autonomia para definir o destino da sobra orçamentária. É uma prerrogativa do Executivo decidir onde o dinheiro será aplicado. Não interferi em nada”, afirmou ele aos investigadores. Plauto ocupa a cadeira de primeiro-secretário da Assembleia Legislativa.
No âmbito da Operação Quadro Negro, Plauto e outras 12 pessoas se tornaram alvos no último dia 1º de uma ação civil pública por improbidade administrativa. Procurado nesta quinta-feira (4) pela Gazeta do Povo, Plauto emitiu uma nota: “Não foi intimado oficialmente sobre qualquer espécie de ação, e lamenta publicização pelo Ministério Público, justamente na semana em que se encerra o período eleitoral. Portanto, não se manifestará sobre a questão”.
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