O advogado Cláudio Tesseroli foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF), na quarta-feira (18), acusado de envolvimento em um esquema de corrupção que desviou verbas para socorro e desastre, que haviam sido liberadas para o município de Tomazina, no Norte Pioneiro. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Tesseroli era assessor jurídico da cidade e avalizou, a partir de pareceres falsos, a contratação de empresas para realizar obras emergenciais. Para isso, o advogado teria recebido pelo menos R$ 227,7 mil em propina.
A prisão foi determinada pelo juiz Rogério Cangussu Dantas Cachichi, da 1ª Vara Federal de Jacarezinho. Na decisão, o magistrado considerou que há evidências de que o acusado tenha contribuído para fraudar as licitações. Além disso, o juiz destacou que Tesseroli responde a outros sete processos investigativos no Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Em 2010, após Tomazina ter decretado estado de calamidade em razão de enchentes severas que destruíram a cidade, a Secretaria Nacional da Defesa Civil liberou R$ 3,7 milhões à cidade. O dinheiro seria investido na reconstrução de estradas, pontes, casas e prédios públicos.
Segundo a investigação, Tesseroli “utilizou da alegação de calamidade pública para dispensar indevidamente a licitação, a fim de atender os seus interesses pessoais de recebimento de propina”. Para isso, o advogado direcionou o contrato a empresas, que vieram a ser contratadas na modalidade dispensa de licitação. Todas as empresas se localizavam na Região Metropolitana de Curitiba – localizada a 340 quilômetros de Tomazina –, em cidades em que Tesseroli já atuava.
Assinados por Tesseroli, os pareceres jurídicos que embasavam a necessidade de urgência e, por conseguinte, a dispensa de licitação, só foram anexados quatro meses depois do desastre. A ação movida pelo MPF mostra repasses feitos ao advogado por três empresas. “O relatório mostra que Cláudio Tavares Tesseroli utilizou-se da conta pessoal da sobrinha e da empresa da esposa para recebimentos da propina de forma dissimulada, o que demonstra o alto grau de profissionalismo do denunciado”, destaca o MPF.
Os empresários responsáveis pelas três empresas já haviam sido denunciados pelo MPF pelos crimes de corrupção ativa, passiva e fraude à licitação. Em 2016, o MPF já havia pedido a prisão preventiva de Tesseroli, mas, na ocasião, a Justiça Federal negou a solicitação.
Outro lado
A reportagem tentou contato com o advogado que representa Tesseroli, mas ele não estava no escritório, nem retornou aos recados deixados.
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