Primo do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun não está entre os 33 denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), na segunda-feira (28), no âmbito da Operação Integração. O fato chama a atenção porque Abi é citado pelos próprios procuradores da República como uma espécie de “banco de propina” do tucano. Caberia a Abi, segundo os investigadores, reunir o dinheiro ilícito que chegava de “várias fontes”, incluindo os valores vindos do “esquema do pedágio”, apontado pela Operação Integração.
Na segunda-feira (28), questionado pela imprensa sobre a ausência de Abi na lista de acusados, o procurador da República Diogo Castor de Mattos sugeriu que ele “ainda” será denunciado. “Neste momento, foram denunciados os núcleos político e empresarial [do esquema do pedágio]. Ainda falta o núcleo financeiro, que seriam os operadores. Eles ainda não foram denunciados”, explicou Castor de Mattos. Na denúncia, o MPF aponta crimes como corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
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Questionado, também, sobre o motivo de não oferecer a denúncia do “núcleo financeiro” agora, em função da importância que se deu ao suposto papel de Abi no esquema do pedágio, o investigador respondeu que se trata de uma questão de “organização e estratégia” do MPF. “São dezenas de pessoas envolvidas. Geralmente você não oferece denúncia de uma vez só contra todas as pessoas. Você fatia em núcleos, para você conseguir ter uma fluidez na instrução e uma organização melhor”, resumiu Castor de Mattos.
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Na narrativa do MPF, Abi seria a pessoa responsável por receber a propina destinada a Beto Richa. No esquema do pedágio apontado pelos investigadores, o ex-governador do Paraná teria recebido ao menos R$ 2,7 milhões. O tucano, que está preso desde sexta-feira (25), nega ter recebido propina.
“A investigação conclui que o dinheiro das concessões de rodovias era entregue a Abi, que passava para Dirceu, que lavava dinheiro através da empresa Ocaporã”, disse o procurador da República. Ele se refere ao contador Dirceu Pupo Ferreira, que administra empresas da família Richa, incluindo a Ocaporã Administradora de Bens.
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Pupo também não está entre os denunciados. Assim como Abi, o contador deve figurar entre os acusados de uma nova peça, que ainda não foi oferecida pelo MPF à Justiça Federal. A defesa de Pupo, que também está preso desde sexta-feira (25), nega que ele tenha cometido crimes.
Fora do país
Abi, que já é réu em outros escândalos de corrupção da gestão Beto Richa, ainda está no Líbano. Ele viajou em setembro para lá e, por isso, não foi encontrado pela Operação Rádio Patrulha, deflagrada naquele mês pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado do Paraná.
Para a Gazeta do Povo, o advogado de Abi, Anderson Felipe Mariano, disse nesta terça-feira (29) que não fala com seu cliente há quase um mês, e que ainda não sabe em qual data ele voltará ao Brasil. “Ele optou por fazer o tratamento de saúde lá. Não está sumido”, respondeu o advogado. Segundo ele, Abi tem enfisema pulmonar.
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Questionado sobre a participação de Abi no esquema do pedágio, Mariano respondeu que Abi tem aparecido na boca de investigados interessados em firmar acordo de colaboração premiada, mas que “ninguém apresenta provas” contra seu cliente.
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