Foi encerrado na última segunda-feira (30) o leilão de bens de Alberto Youssef, doleiro condenado e delator da Operação Lava Jato. Os 73 imóveis ofertados no certame foram vendidos e o valor arrecadado ficou em torno de R$ 9 milhões e o dinheiro será revertido aos cofres públicos para compensar pelos crimes cometidos pelo ex-dono.
A venda dos bens, apreendidos pela operação, foi autorizada em setembro pelo juiz Sergio Moro, que comanda a Lava Jato em primeira instância em Curitiba. Eles estavam divididos em dois empreendimentos: um hotel em Aparecida (SP) e um centro comercial em Salvador (BA). Após uma primeira tentativa, na qual apenas um apartamento foi arrematado, os imóveis voltaram à venda com descontos de até 50%
As unidades do Hotel San Diego de Aparecida (SP) renderam cerca de R$ 8,4 milhões. Já o Connect Smart Hotel, na Bahia, arrecadou aproximadamente R$ 450 mil. O leilão foi realizado pela Marangoni Leilões gestora que faz parte do Canal Judicial.
O papel do doleiro na Lava Jato
Alberto Youssef deixou a cela de 12 metros quadrados, em que passou 2 anos e 8 meses de sua vida, em 17 de novembro de 2016. Dono da mais complexa e sofisticada lavanderia de dinheiro, a serviço de empreiteiras, partidos, agentes públicos e políticos envolvidos no esquema Petrobras, Youssef cumpriu mais 4 meses de prisão domiciliar e agora usa tornozeleira eletrônica.
O direito à liberdade foi o prêmio obtido pelo doleiro, em troca da confissão de culpa nos crimes contra a Petrobras e da entrega de provas de novos delitos, ainda desconhecidos da força-tarefa da Lava Jato. Pelo acordo, fechado em setembro de 2014, sua pena máxima de prisão ficou limitada a 3 anos.
Junto com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, Youssef foi o primeiro delator da Lava Jato. Os dois confessaram à Justiça serem braços do PP no esquema de arrecadação de propinas na Petrobras.
A partir das confissões de Youssef e Paulo Roberto Costa - que também deixou a cadeia, no último mês -, a Lava Jato tomou nova proporção, se tornando a maior operação anticorrupção da história do Brasil.
Braço direito do deputado federal José Janene (morto em 2010) - o ex-líder do PP que deu origem à Lava Jato -, Youssef foi alvo principal da primeira fase das investigações, deflagrada em 17 de março de 2014, e preso na data.