O Instituto Médico-Legal (IML) voltou a enfrentar um problema que tem sido recorrente ao longo dos últimos anos: o acúmulo de cadáveres nas gavetas e câmaras frias da unidade. Enquanto isso, as obras da nova sede da Polícia Científica – a quem o IML está vinculado – estão atrasadas em três anos , mas agora entraram em fase final. A expectativa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) é de que o prédio seja inaugurado ainda em 2017.
Atualmente, 109 corpos são mantidos no IML de Curitiba. Destes, 69 estão em gavetas individuais. O restante foi empilhado em uma câmara fria. A maioria – cerca de 80 – diz respeito a cadáveres que não foram identificados ou reclamados por familiares. Por isso, a Justiça precisa autorizar as inumações – o sepultamento como indigentes.
O problema veio à tona na última semana, depois que o deputado estadual Rubens Recalcatti (PSD) visitou a Polícia Científica e constatou a “superlotação” de cadáveres nas dependências do IML. “É um absurdo, um horror. Na câmara fria, tem dezenas de cadáveres ensacados, empilhados. Tem cadáver que está ali desde 2014”, disse o deputado, que é delegado da Polícia Civil.
O acúmulo de corpos provocou a reação do Sindicato dos Peritos Oficiais do Paraná (Sinpoapar), que apontou que o problema pode causar impacto à saúde dos servidores que trabalham diretamente no IML. “Sem dúvida que ficamos preocupados. A situação causa uma exposição desnecessária dos servidores aos cadáveres que não foram sepultados”, disse o presidente do sindicato, Alexandre Brondani.
Para o sindicato e para o deputado, o problema precisa ser solucionado antes da mudança do IML – que hoje fica no Centro de Curitiba – para a nova sede. “É um assunto que tem que ser resolvido já”, disse Brondani. “Vai ser impossível transferir esses corpos para lá [para a nova sede]”, apontou Recalcatti.
A nova sede
O novo prédio da Polícia Científica fica localizado à Rua Paulo Turkiewicz, no Tarumã. Com a obra encontra-se em estágio bastante avançado, a expectativa da Sesp é de que o imóvel seja entregue pela construtora já no fim de outubro. Depois disso, a secretaria deve equipar o prédio, com os móveis e aparelhos dos laboratórios do IML e do Instituto de Criminalística. O novo espaço é cerca de três vezes maior que a sede atual da Polícia Científica.
Apesar disso, um aspecto ainda salta aos olhos: a Rua Paulo Turkiewicz ainda não é pavimentada. Em 18 de outubro, Recalcatti solicitou à prefeitura de Curitiba que inclua a via no programa de pavimentação da cidade, em razão de a nova sede do IML se localizar naquela rua.
Sobre os cadáveres
Por meio de nota, a Sesp informou que “a permanência de corpos no Instituto Médico Legal (IML) é decorrente da espera de decisões judiciais que autorizem o sepultamento daqueles não reclamados. Cabe ao IML o trabalho de necropsia dos corpos, o que vem acontecendo de forma normal, sem qualquer prejuízo ou atraso”.
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