O Banco de Tecidos Muscoesqueléticos (BTME), o “Banco de Ossos”, interrompeu suas atividades em novembro do ano passado, depois de ter sido totalmente fechado pela Vigilância Sanitária. Até agora o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) não recebeu relatórios referentes à interdição.
O Banco de Ossos, no entanto, chegou a ser o maior do país e a encaminhar uma média de 600 tecidos por mês para implantes. No auge, o departamento tinha 49 funcionários e recebia 200 ligações por dia. Toda essa estrutura custava cerca de R$ 300 mil por mês, segundo o então diretor do BTME, Paulo Alencar.
Segundo Alencar, o BTME tinha equipamentos de ponta e fomentou muita produção acadêmica. “Muitas teses e dissertações nasceram ali”, destaca Alencar.
Na avaliação do ex-diretor, o crescimento do Banco de Ossos também foi responsável pela queda. De 1998 até 2006, o BTME era mantido pela Associação dos Amigos do HC, mas a expansão das atividades teria feito surgir a demanda por uma estrutura maior. Por isso, criou-se a Associação do Banco de Tecidos Muscoesqueléticos (ABTME).
“A ABTME funcionava da mesma maneira da Associação dos Amigos do HC. Era sem fins lucrativos. Todos os recursos eram reinvestidos”, disse. “O Banco, sem dúvidas, fechou porque era grande demais. Foi crescendo e ficou difícil de ter o controle que a Secretaria de [Estado] da Saúde passou a exigir”, acrescentou.
As dificuldades foram agravadas pela auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2012, quando a apuração começou, o BTME fechou as portas e só foi reaberto em 2014, quando começou a operar parcialmente. Na ocasião, os servidores passaram apenas a tratar do material que já havia sido captado e sob coordenação do Ministério Público Federal (MPF) e da Secretaria de Estado da Saúde.