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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Desconstruir rótulos, como “República de Maringá” e “Clã Borghetti Barros”, para construir uma base com forte sustentação em todas as regiões do estado. Apagar a ligação com o ex-governador Beto Richa (PSDB). Essas são algumas das estratégias e desafios dos idealizadores da candidata à reeleição ao governo do Paraná, Cida Borghetti (PP). O amplo apoio conquistado em pequenas, médias e grandes cidades – além de uma aliança que aglutina partidos ideologicamente opostos, com siglas de direita, como DEM, e de centro-esquerda, como o PSB –, não apaga, no entanto, a forte presença de lideranças políticas da família e nomes que sempre integraram o “grupo maringaense”.

O estrategista político para garantir o triunfo de Cida Borghetti ao Palácio Iguaçu não poderia ser alguém mais identificado com os rótulos que a aliança pretende desfazer. Ricardo Barros, além de principal articulador da campanha, é marido da governadora.

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Considerado até por adversários como um dos personagens mais hábeis da política paranaense na atualidade, o ex-prefeito e ex-ministro, candidato à reeleição para a Câmara dos Deputados, joga ao máximo com o pragmatismo político e costuma remar a favor da correnteza. Ao mesmo tempo em que foi por muito tempo aliado dos governos petistas de Lula e Dilma no Congresso, costurou aliança com Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná. Aliança essa que rendeu à esposa o posto de governadora após o afastamento do tucano para tentar uma vaga ao Senado. Hoje, com o desgaste de Richa, procura manter distância do ex-governador. No impeachment, votou contra Dilma e, de troco, virou ministro da Saúde de Michel Temer (MDB).

Na elaboração do Plano de governo, a marca familiar e maringaense também pesa na balança. Um dos coordenadores é Silvio Barros, cunhado da governadora e ex-prefeito de Maringá. Apontado por aliados como responsável por significativos avanços nos indicadores econômicos, de desenvolvimento urbano e de desenvolvimento humano obtidos por Maringá no período em que esteve à frente da Prefeitura (de 2005 a 2012), o ex-prefeito articulou o grupo que teve como tarefa colocar no papel as propostas para um eventual novo governo de Cida.

Toda essa raiz maringaense – que inclui ainda outros nomes, como Leopoldo Fiewski, ex-secretário municipal e ex-chefe de gabinete de Silvio Barros na prefeitura –, não foi suficiente, porém, para garantir o apoio do atual prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PDT). Por outro lado, nas duas cidades mais populosas do estado, Curitiba e Londrina, os prefeitos atuais integram o time de sustentação da candidatura de Cida: Rafael Greca (PMN) e Marcelo Belinati (PP). O grupo conta ainda com outros trunfos, como o reforço dos prefeitos de Cianorte, Claudemir Bongiorno (MDB, mesmo partido de Requião), e de Toledo, Lúcio de Marchi (PP).

O ex-ministro Ricardo Barros evita falar em composição de um futuro governo, mas admite que em caso de vitória haverá mudanças em relação à equipe que governa hoje com Cida. “O novo governo será formado por aqueles que creem nas nossas propostas. Nenhum cargo está sendo discutido agora. Nenhum, se alguém disser o contrário é mentira. Não vendemos terreno na lua. Não precisamos prometer nada para ter apoio”, dispara.

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O irmão, Silvio Barros, procura ser didático ao explicar como aglutinou técnicos e lideranças políticas em torno da elaboração do plano de governo. “Começamos em fevereiro, organizando reuniões temáticas. Fizemos 12 reuniões, com pessoas do setor público, do setor privado, da sociedade civil organizada. Cerca de 1.200 pessoas participaram das discussões. Ouvimos o que as pessoas imaginam que deve ser feito no próximo governo, o que é possível ser feito, em doze setores diferentes, como segurança, desenvolvimento econômico, meio ambiente, cultura, esportes”, diz.

Da mesma forma que Ricardo Barros, Silvio admite que um novo governo terá composição diferente do que é hoje. “Será uma composição de gente que está no governo atual com pessoas que estão fora do governo, que acreditam que pode ser feito muito mais do que está sendo feito”, argumenta.

Na equipe desenhada por Silvio Barros, uma marca forte está simbolizada em ex-auxiliares do governo tucano de Beto Richa. O jornalista Paulino Viapiana, que acompanhou Richa na prefeitura de Curitiba e depois no governo do estado, como ex-secretário de Cultura, é um exemplo. Outro exemplo é o também jornalista Alexandre Teixeira, que esteve na Casa Civil do governo tucano e hoje é secretário de Comunicação de Cida.

Um dos nomes mais antigos do time é o ex-ministro Alceni Guerra, um político com passagem pelo mundo do futebol – foi vice-presidente do Coritiba – e que ficou conhecido nacionalmente durante o governo de Fernando Collor.

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Quando se fala em nomeações, Silvio Barros tem a cartilha da maioria dos concorrentes ao Palácio Iguaçu. “Não temos esse compromisso de dar cargo a ninguém”, diz. Mas também não descarta ninguém, isto é, uma posição não exclui a outra. “A ideia é montar a equipe com o melhor quadro possível para implantar o plano de governo”, sinaliza.

Conheça a equipe de Cida Borghetti

Ricardo Barros

Marcos Correa/PR

Uma máquina de fazer política. Assim o descrevem algumas pessoas próximas do estrategista político da candidatura de Cida Borghetti ao governo do Paraná. Marido da candidata e pai da deputada estadual Maria Victória, Ricardo Barros dominou a cena política de Maringá durante anos, cidade em que foi eleito prefeito com apenas 29 anos e depois ajudou na eleição do irmão, Silvio Barros, para o mesmo cargo.

Correligionários enfatizam sua capacidade de se articular em diferentes campos políticos. No auge dos governos petistas esteve ao lado de Lula e Dilma, de quem foi vice-líder do governo no Congresso. Quando a pressão pelo impeachment de Dilma cresceu, pulou de lado e votou pelo afastamento da presidente. Com a mudança, ganhou o cargo de ministro da Saúde de Michel Temer.

Engenheiro civil e deputado federal por cinco mandatos, esteve também no governo de Beto Richa, como secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná. É atribuída a ele a articulação que consagrou a candidatura de Cida Borghetti a vice-governadora na chapa de Richa. Para aliados, o fato de ter saído sem grandes arranhões da Operação Lava Jato Barros é um ponto a favor de Barros.

Silvio Barros

Giuliano Gomes/Gazeta

Apesar de pertencer ao “clã Barros”, entrou na política partidária de Maringá somente depois de ter percorrido vários outros caminhos. Engenheiro civil, começou suas atividades profissionais no Amazonas, onde foi chefe do núcleo de proteção ao meio ambiente e diretor de planejamento da empresa amazonense de turismo, primeiro presidente da Fundação Vitória Amazônica (ONG ambientalista) e secretário de turismo. Em 2004 foi eleito prefeito de Maringá e reeleito em 2008.

Aliados atribuem à sua gestão avanços nos indicadores econômicos, de desenvolvimento urbano e de desenvolvimento humano conquistados pela cidade no período. Em junho deste ano a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, manteve condenação do ex-prefeito por improbidade administrativa. Ele foi acusado pelo Ministério Público (MP) de ter feito autopromoção com dinheiro público quando era prefeito. Na época, Silvio Barros disse que a presidente do STJ não julgou o mérito da ação e que estava “confiante na comprovação de sua inocência”. Atualmente é secretário de Desenvolvimento Urbano do governo comandado pela cunhada, Cida Borghetti.

Alceni Guerra

Antônio More/Gazeta do Povo

Era considerado um dos homens fortes do governo de Fernando Collor. Médico pediatra, foi ministro da Saúde de março de 1990 a janeiro de 1992. Envolvido em um escândalo pela aquisição de bicicletas supostamente superfaturadas, teve de deixar o cargo. As bicicletas eram destinadas a agentes de saúde no combate à epidemia de cólera que, segundo o Ministério, afetava o país na época. Anos depois do escândalo, foi totalmente inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Recuperado do tombo, se elegeu prefeito de Pato Branco em 1996, pelo PFL. Entre outros cargos que exerceu destaca a chefia da Casa Civil durante o governo Jaime Lerner, com atuação marcada pela proposta de privatização da Copel que levou à ocupação da Assembleia Legislativa por manifestantes durante dias.

Eleito deputado federal três vezes, participou também do governo Requião, como coordenador do Programa Tecnológico, e da gestão de Beto Richa na prefeitura de Curitiba, como secretário de governo. No mundo do futebol, assumiu a vice-presidência do Coritiba e tentou aprovar, em vão, um projeto para a construção de um novo estádio para o clube. Quando deixou o Alto da Glória, o déficit do Coxa era gigante. Em maio deste ano foi convidado por Cida para ser assessor especial do Governo.

Rafael Greca

Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Outro “camaleão” do grupo, por sua capacidade de trocar de lado, é um dos políticos com maior currículo entre os apoiadores de Cida. Prefeito de Curitiba pela primeira vez entre 1993 e 1997, esteve ao lado de Jaime Lerner e foi ministro de FHC. No Ministério do Esporte e Turismo amargou o fracasso da Nau Capitânia, construída à época para celebrar os 500 anos de descobrimento do Brasil. Por problemas técnicos, a embarcação foi retirada das comemorações e não faltaram questionamento dos gastos com o projeto. Preterido por Lerner, que preferiu Beto Richa na disputa ao governo em 2002, o ex-ministro saltou para o lado de Requião, com quem também esteve aliado em eleições posteriores.

Uma nova mudança de lado viria acontecer no seu momento de maior ostracismo: rompeu com o grupo de Requião e se lançou candidato à prefeitura em 2016. Como a Fênix da mitologia, renasceu das próprias cinzas, eliminou o então prefeito Gustavo Fruet (PDT) ainda no primeiro turno e conquistou a prefeitura no confronto com o “novato” Ney Leprevost no segundo turno.

Alexandre Teixeira

Gazeta do Povo

Jornalista com atuação na mídia nos anos de 1980 e 1990, deixou as redações após ter sido nomeado por Rafael Greca para o cargo de diretor do Ministério de Esporte e Turismo durante o governo do tucano FHC. De lá para cá prestou assessoria em vários órgãos públicos, desde a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, passando pela Câmara dos Deputados, Itaipu e Ministério Público. Foi também diretor da Fomento Paraná, atuou na Casa Civil durante o governo de Beto Richa e foi coordenador do Núcleo do Ministério da Saúde no Paraná na gestão de Ricardo Barros. Atualmente é o secretário de Comunicação de Cida Borghetti (PP) e tem se destacado como conselheiro de muitos políticos paranaenses.

Paulino Viapiana

SEEC/SEEC

Acompanhou Beto Richa desde a prefeitura de Curitiba até o governo do estado. Depois de ter comandado a Fundação Cultural de Curitiba, foi nomeado secretário de Cultura do Paraná e em seguida passou pela Secretaria de Comunicação. Além de cargos públicos, atuou no setor privado, como diretor de Comunicação e Relações Institucionais na TIM Celular Sul, e também na mídia. Trabalhou na sucursal de Brasília da Revista Veja e no jornal Folha de São Paulo.

Marcelo Belinati

Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

É sobrinho de Antônio Belinati, um ex-radialista que foi eleito três vezes prefeito de Londrina e que teve um de seus mandatos cassado por envolvimento em caso de corrupção. Médico, foi vereador de sua cidade natal por duas vezes e uma vez deputado federal. Votou pela abertura do processo de impeachment de Dilma e pela cassação do mandado do deputado Eduardo Cunha. Filiado ao PP de Cida Borghetti, ganhou a eleição para a prefeitura de Londrina em 2016. Antes, em 2012 havia perdido a prefeitura para Alexandre Kireeff (PSD), em votação apertada no segundo turno.

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