A delação bombástica do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, dificilmente terá efeitos práticos na Assembleia Legislativa do Paraná. Apesar de implicar o governador Beto Richa (PSDB) e integrantes da alta cúpula do poder no estado, as revelações não deverão servir para tirar do papel uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o escândalo em obras de reforma e construção de escolas estaduais, investigado pela Operação Quadro Negro.
Desde o dia 2 de fevereiro de 2016, a diminuta bancada de oposição a Richa na Casa tenta conseguir as 18 assinaturas necessárias para instalação da CPI. Nesse tempo todo, os oposicionistas vêm esbarrando na blindagem feita pela bancada governista, que ultrapassa os 34 deputados fieis ao tucano e se estende a parte da bancada que se autointitula independente no Legislativo estadual.
Até agora, apenas 13 deputados assinaram o pedido para instalação da comissão. A maioria dos parlamentares costuma se prontificar a ser o 18.º a endossar o pedido – a última assinatura necessária para abrir a CPI. O problema é que a tentativa de investigação nem mesmo chega à 17.ª adesão. Assim, os independentes ficam numa situação confortável politicamente: se a CPI não sai, não se indispõem com Richa; se a comissão é instalada, podem se vangloriar de terem sido os responsáveis pelo começo das apurações.
LEIA MAIS: Sete pontos para entender o teor bombástico da delação da Quadro Negro
Outra estratégia da base aliada do governador é ter na manga as chamadas CPIs “laranjas”, que já contam com as 18 assinaturas necessárias e, assim, podem preencher todas as cinco comissões de inquérito que podem funcionar simultaneamente na Assembleia, deixando na fila os pedidos da oposição.
Por ora, há quatro CPIs instaladas na Casa: Animais, Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, Indústria do Atestado Médico e Questões Fundiárias. Há ainda três aguardando instalação: Violência e Vandalismo, Contrabandos e Ensino Superior.
Saiba quem são os 13 deputados que assinaram o pedido da CPI da Quadro Negro:
Ademir Bier (PMDB)
Anibelli Neto (PMDB)
Evandro Araújo (PSC)
Gilberto Ribeiro (PRB)
Marcio Pacheco (PPL)
Nelson Luersen (PDT)
Nereu Moura (PMDB)
Pastor Praczyk (PRB)
Péricles de Mello (PT)
Professor Lemos (PT)
Requião Filho (PMDB)
Tadeu Veneri (PT)
Tercílio Turini (PPS)
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião